Pe.
Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente e Coordenador da
Teologia na Faculdade de Ribeirão Preto da UNIVERSIDADE BRASIL e UNIESP S.A., Assistente
Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da
Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de
Ribeirão Preto e Jornalista.
Um
dos dias mais felizes de minha vida foi o de Minha Primeira Eucaristia! Foi
no dia 4 de outubro de 1964, festa de São Francisco de Assis, um lindo domingo.
Eu tinha apenas 7 anos de idade. Éramos três irmãos e muito pobres. Fomos
acolhidos na Escola Paroquial do Sagrado Coração de Jesus no bairro Santo
Afonso em Novo Hamburgo (RS). As Irmãs da Congregação de Santa Catarina de
Alexandria nos alfabetizaram e também nos prepararam para a Primeira
Eucaristia.
Nossa
mãe não tinha como pagar as mensalidades. As Irmãs nos propuseram uma permuta:
estudaríamos sem pagar as mensalidades em troca de limparmos, todos os dias, a
Escola toda, varrendo-a, tirando o pó, deixando-a em ordem para o dia seguinte.
Aos sábados, minha avó, minha mãe e eu com meus irmãos fazíamos uma limpeza
geral: passávamos o dia inteiro limpando, enquanto durante os dias da semana,
ficávamos depois das aulas para a limpeza. Fizemos isso até terminarmos os
cinco anos do então chamado Primário. Para nós, era uma festa. Além de limpar a
Escola, eu me ofereci para ajudar a limpar a Igreja também uma ou duas vezes
por semana. Não existia o Estatuto da Criança e do Adolescente naquela época,
se é que me entendem!
Deixei
de brincar de Missa com meus vizinhos na Estrebaria da casa de meus avós, para
passar as tardes na Igreja Matriz Sagrado Coração de Jesus, que sempre brilhava
de limpinha e arrumada. Provava as vestes litúrgicas do Pároco, mexia nas
alfaias, comia hóstias não consagradas e bebericava do vinho canônico por pura
curiosidade. Logo fui admitido ao serviço de Coroinha. A Irmã Neófita fez o
exame para a Primeira Eucaristia, tomando, individualmente, o Ato de Contrição.
Era enorme para mim, que ainda não falava corretamente o português. Em casa nos
comunicávamos com um dialeto alemão. Fui reprovado no exame e somente três dias
depois de uma “segunda época” fui, finalmente, admitido à Primeira Eucaristia.
Finalmente
chegou o dia 4 de outubro, um dos primeiros mais felizes de minha vida. Depois
de comungarmos, a Irmã Neófita passando pelo corredor da Matriz entre mais de
200 crianças, nos ajudou naquele momento após a comunhão: “Fiquem bem
quietinhos. Percebam para onde Jesus na Hóstia Santa foi; foi para o
coraçãozinho de vocês ou para o estômago? Só um coração puro pode receber Jesus
na Hóstia Santa!”. Estou sem saber direito até hoje para onde foi a Hóstia
Santa. O que sei, é que senti meu coração como um verdadeiro Sacrário,
Tabernáculo e Porta-Jóias de Jesus.
Depois
de Minha
Primeira Eucaristia, até minha mãe, que nasceu em berço Luterano,
passou a frequentar mais a Missa e foi zeladora do Apostolado da Oração. Assim,
também foi meu primeiro amor pelo Sagrado Coração de Jesus e São Francisco de
Assis, que sediaram um dos primeiros dias mais felizes de minha vida, o dia de Minha
Primeira Eucaristia!