Pe. Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação
Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo Educacional da UNIESP, Assistente
Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da
Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de
Ribeirão Preto e Jornalista.
CAMPANHA ELEITORAL EM CLIMA DE MISERICÓRDIA!
Nesta
semana tem início a Campanha Eleitoral. Na Vigília da Jornada Mundial da
Juventude em Cracóvia na Polônia, no dia 30 de julho passado, o Papa Francisco
falava aos Jovens e ao Mundo: “Se Deus
lhe chamar para cumprir uma missão, não diga que não será capaz. Não pensem no
que somos, no que fomos, mas no que poderemos ser e fazer, em favor de um mundo
melhor”! Costumamos de um lado, rotular as pessoas por seu passado,
e de outro, ignorar que a Misericórdia é o segredo mais íntimo de Deus!
A
Campanha eleitoral deste ano tem sabor de misericórdia. “Misericórdia é o ato
último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro. Misericórdia é a Lei
Fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o
irmão que encontra no caminho da vida. Misericórdia é o caminho que une Deus e
o homem, porque nos abre o coração à Esperança de sermos amados para sempre,
apesar de nossas limitações” (cf. Papa Francisco).
Campanha
Eleitoral em Clima de Misericórdia significa que não há quem não tenha defeitos
e não há quem não tenha virtudes. O que será necessário por parte de nós,
eleitores, são o discernimento e a consciência política sobre os candidatos que
realmente são vocacionados ao bem comum. Aqueles que são chamados por Deus para
cumprirem a missão de resgatar a dignidade de nosso Povo tão sofrido, explorado
e enganado por políticos, que fazem de sua missão, um meio de vida. Aqueles que
se lembram dos mais pobres a cada quatro anos, quando os visitam, lhes prometem
oportunidades, quando na verdade só lhes ofereçam “migalhas” depois de eleitos.
Será
necessário que acompanhemos com atenção a Campanha Eleitoral em Clima de
Misericórdia. A maioria desliga a televisão e o rádio no Horário em que os
candidatos se apresentam. Se não elegermos com critérios éticos nossos próximos
Vereadores e Prefeitos, passaremos outros quatro anos “chorando o leite
derramado”. Não poderemos eleger quem nos promete “coisas”, nem os que
delimitam projetos pessoais desse ou daquele bairro. Os Vereadores deverão
zelar por leis que promovam a solidária dignidade de toda a população, e não
apenas de alguns grupos. Já os Prefeitos deverão cercar-se de técnicos
responsáveis e capazes de resgatar nossas cidades do “fundo do poço” a quem
foram esmagadas nos últimos anos. Tenhamos um Governo que saiba dialogar com a
sociedade, que não grite, mas que seja humilde e não se aposse do Povo,
subestimando sua honestidade e capacidade de emitir juízos. A Igreja, neste ano
do Jubileu da Misericórdia é chamada a oferecer sinais de presença e
proximidade de Deus, despertando nos corações de todos a capacidade de olhar
para o essencial nas próximas eleições: o Bem Comum e não o bem pessoal ou
de interesses de alguns poucos privilegiados!
MELHOR QUE DINHEIRO!
Mudar
a sociedade! Eis o desafio que nossos jovens receberam ao final da JMJ (Jornada
Mundial da Juventude). Mudar os sentimentos, desejos e planos que não
privilegiam a vida e precisam ser transformados por fraternidade, amor,
respeito, tolerância. Nossa sociedade precisa ser misericordiosa que é uma via
de mão dupla, ou seja, oferecer e receber a misericórdia em todos os
relacionamentos. Nossa juventude não precisa de migalhas, e sim de
oportunidades para colocar em prática seus ideais de vida e fraternidade que
acalentam em seu generoso coração; precisa também ter respeitados os seus
direitos: a educação com excelência, emprego e salário dignos.
Mudar a sociedade com entusiasmo,
fé, amor, otimismo que são fonte da empolgação e desafio para os desanimados;
mudar os costumes semeando fraternidade e solidariedade, tolerância e respeito,
porque todo fanatismo é ausência de inteligência e morte da vida digna.
E, no final, os trabalhos, esforços
e fadigas foram recompensados com uma experiência ímpar de se encontrar com
jovens de todas as partes do mundo, ouvir palavras de ânimo e esperança para
semear amor e misericórdia nesse nosso mundo assustado de hoje em dia.
A Jornada Mundial da Juventude é um
capítulo especial para começarmos entender como superar certos problemas
políticos e sociais do nosso tempo. Acompanhar atentos o desfecho do
Impeachment da Presidente Afastada e as reais intenções e propostas do
Presidente Interino, seja qual for o resultado desse desgastante processo. Quem
mais sofre com tudo isso é o Povo Brasileiro, especialmente o trabalhador e
cidadão honesto, tão surrado e enganado com “sofismas” absurdos e diabólicos.
Melhor que dinheiro mal
administrado, desviado e roubado escancaradamente, é a paz de consciência, a
transparência e a verdade que liberta. O grande convite, enfim, é que
acompanhemos com muita lucidez e senso crítico o processo eleitoral que se
aproxima. Fiquemos atentos às propostas dos Candidatos que se apresentam aos
Palácios Municipais e às Câmaras de Vereadores. A consciência crítica política
será indispensável a todos os eleitores. A Juventude nos encoraja a assumirmos
nossa missão profética numa sociedade movida simplesmente pelo dinheiro. E Melhor
que dinheiro são as riquezas de uma sociedade acolhedora, fraterna,
preocupada com os mais pobres, que vise antes do bem pessoal e partidário, o bem comum!
É urgente apoiar os jovens em causas nobres,
libertá-los das escravidões modernas e dar-lhes lugar no protagonismo da
história poderá ser o início de uma nova jornada que se abre.
(Em
parceria com o Pe. João Paulo Ferreira Ielo, Pároco da Paróquia Imaculada
Conceição de Mogi Guaçu – SP)