Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
A Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo recorda
o mistério da encarnação de Jesus, que veio ser nosso companheiro e alimento em
nossa caminhada de peregrinos. Ele mesmo nos diz: Quem come minha carne e bebe
meu sangue possui a vida eterna.
O alimento é necessário
para a vida da pessoa, o pão eucarístico é fundamental para a vida do cristão.
O pão alimenta e une as pessoas. Cristo, o verdadeiro alimento descido do céu,
fortalece-nos na busca da eternidade.
A dureza do deserto
mostra que o ser humano não é autossuficiente. Comer a carne e beber o sangue
de Cristo é assimilá-lo e assumir seu projeto. Na Eucaristia
participamos da vida (corpo) e da morte (sangue) de Cristo. A Eucaristia é o
banquete sagrado no qual a assembleia participa dos bens do sacrifício pascal e
renova a aliança feita por Deus com toda a humanidade, uma vez para sempre, no
sangue de Cristo.
Comer a carne de Cristo
feito pão e beber o sangue feito vinho, significa assimilar em nossos corpos
essa Palavra viva que Ele é. Não é só uma questão piedosa de receber Jesus no
coração. Trata-se de, na ação de comer e beber, assimilar em nós a fala maior,
a saber, o nutriente maior que é a doação total do Senhor Jesus, para sermos
também nós uma entrega a serviço dos irmãos. Comer deste Pão quer dizer aceitar
identificar-se com esse Cristo, tornar-se como Ele, e com Ele formar um só
corpo. Comungar o corpo de Cristo quer dizer aceitar, identificar-se com esta
Palavra viva do Pai que é Ele mesmo, Jesus Cristo. Caso contrário, não temos
vida, tudo desmorona, a sociedade vira um caos.
Assimilar o
Corpo-Palavra de Cristo e identificar-se com Ele significa, ao mesmo tempo,
comungar o corpo de Cristo eclesial, comprometer-se com ele. Não dá para
separá-los. Não se comunga o corpo de Cristo sem comungar o corpo do irmão,
sobretudo o fraco, pelo qual Cristo morreu. Caso contrário, fazemos da
Eucaristia uma idolatria e nos tornamos cúmplices da morte. É bom pensar nisso!
Fortalecidos pela
comunhão com o Corpo de Cristo e, consequentemente, com todos os membros deste
Corpo, partimos para a missão em favor de uma sociedade sempre mais fraterna e
solidária: em favor da vida!
Celebrar
a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo
pretende amadurecer nossa consciência, de que devemos amar apaixonadamente a Eucaristia sempre,
porém, tornando-nos o sacrário, tabernáculo, ostensório, custódia do Cristo Eucarístico, que sacia a fome e a
sede de amor, ternura, justiça, liberdade, verdade e paz da humanidade toda. As
pessoas, olhando para nós, devem enxergar o próprio Cristo contemplado em
nossas atitudes. Isso nem sempre é fácil. Muitas vezes adoramos Jesus na Hóstia
Consagrada e o ignoramos no outro. Nossa insensibilidade para com os irmãos
contradiz qualquer homenagem que fazemos diante do Sacrário.
É bom expressar nossa
alegria em reconhecer, a partir de nossa fé, a presença eucarística na Hóstia
Consagrada desfilando entre nós. Desde que essa festa produza atitudes concretas
de amor maior entre nós. Havia um homem muito simples, que diariamente entrava
na Igreja, por volta do meio-dia. Sentava-se no último banco e ali permanecia
quieto, sem nada dizer, rezar, falar, permanecia em silêncio. As
senhoras piedosas que zelavam pela Igreja Matriz, pediram ao Padre que
averiguasse as intenções daquele homem. Poderia ser um ladrão, alguém que
estaria estudando um modo de roubar alguma imagem da Igreja ou assaltar o
cofre. Ao ser perguntado pelo Padre o que fazia, diariamente, sentado no último
banco da Igreja sem nada dizer, o homem, apontando para o Sacrário respondeu: “Senhor
Padre! Venho aqui no horário do meu almoço. Trabalho aqui perto. Não tenho como
almoçar em casa. Então venho aqui e fico olhando para Ele e Ele olha para mim!”
O Padre perguntou de quem falava? O homem respondeu: “Padre, eu olho para
Jesus e Jesus lá do sacrário olha para mim...” O Padre, um tanto
constrangido, acalmou as senhoras e passou a imitar o pobre homem, dedicando
mais tempo de silêncio diante do Sacrário, todos os dias!
A filha do sacristão de
determinada Igreja, foi surpreendida pelo pai, beijando a hóstia grande já
preparada na patena, para a Missa. O pai lhe disse: “Sua bobinha. Por que beija
esta hóstia aí, que ainda nem foi consagrada? Jesus nem aí está!” A menina
respondeu imediatamente: “Papai, bobinho é você. Eu sei que Jesus ainda
não está nesta hóstia grande. Mas quando o Padre a erguer e Ele chegar nela,
encontrará meu beijo, está bem?”
Que a Eucaristia cure, como um antibiótico, as
infecções de nossos pecados e, como vacina, nos impermeabilize das tentações.
Seja eficaz em nossas relações mais humanas e dignas entre nós.
Pe.
Gilberto Kasper
(Ler Gn
14,18-20; Sl 109(110); 1 Cor 11,23-26 e Lc 9,11-17).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Maio de
2016, 92-95 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I (Maio de 2016), pp.
14-20.