“Comunicação e Misericórdia: um encontro
fecundo”
No 50º Dia Mundial das Comunicações
Sociais a Arquidiocese de Ribeirão Preto, através da sua Pastoral da
Comunicação (PASCOM), coordenada pelo Márcio
Smiguel Pimenta,
realizou um encontro com os comunicadores no Salão Dom Alberto, onde foi feita a leitura da Carta ou
Mensagem do Papa Francisco e feita uma bela reflexão, promovidas pelos Padres
Gilberto Kasper (Assessor da Pastoral da Comunicação) e Luís Gustavo Tenan Benzi (Coordenador Arquidiocesano de Pastoral). Para conhecer mais sobre a
arquidiocese de Ribeirão Preto acesse: www.arquidioceserp.org.br
Antes, porém foi oferecido um café da
manhã bastante saboroso e após a reflexão da mensagem do Papa iniciou-se uma
peregrinação até a Igreja invocando cânticos ao nosso Deus e nos preparando para a passagem pela Porta Santa, de
forma misericordiosa e por ser Jubileu dos Comunicadores, onde deu início a
missa em prol deste Jubileu. Como pessoas e comunicadores devemos sempre levar a Boa Nova e sermos
misericordiosos, além de sabermos reconhecer nossas faltas, omissões e pecados,
pedindo sempre de forma humildade, com fé, sincera e de coração o perdão e a
misericórdia de nosso Pai.
Foram momentos sublimes, felizes e
muitos emocionantes. PASCOM de outras cidades participaram assim como pessoal
da imprensa e comunicadores, além da comunidade. Seguem algumas fotos que
demonstram um pouco de como foi este dia, além da Carta de nosso abençoado Papa
Francisco:
Banner do 50º Dia
Mundial das Comunicações Sociais
Padre Gilberto Kasper (ao microfone) e Padre Luís Gustavo Tenan Benzi
Márcio Smiguel Pimenta (Coordenador Arquidiocesano da PASCOM Ribeirão Preto)
Peregrinação até a Catedral Metropolitana de Ribeirão Preto (fonte da imagem: www.arquidioceserp.org.br)
Passagem pela Porta Santa na Catedral Metropolitana de Ribeirão Preto (fonte da imagem: www.arquidioceserp.org.br)
Padre Luís Gustavo Tenan Benzi (ao microfone), Padre Gilberto Kasper e Padre Fernando Soares (Pároco da Paróquia de São Sebastião de Jardinópolis)
Padre Gilberto Kasper
Da esquerda para a direita: Padre Gilberto Kasper, Diácono Valdevino Boldrin (Coordenador do Colégio Diaconal e Presidente do Fraterno Auxílio Cristão - FAC), Padre Luís Gustavo Tenan Benzi (ao microfone) e Padre Fernando Soares
Padres e Comunicadores (fonte da imagem: www.arquidioceserp.org.br)
Padres e Comunicadores (fonte da imagem: www.arquidioceserp.org.br)
Da esquerda para a direita: Demetrio Luiz Pedro Bom Junior (mantenedor deste blogue), Padre Gilberto Kasper, Padre Fernando Soare e Padre Luís Gustavo Tenan Benzi
Mensagem do Papa
Francisco para o 50° Dia Mundial das Comunicações Sociais
“Comunicação e
Misericórdia: um encontro fecundo”
Queridos irmãos e irmãs!
O Ano Santo da Misericórdia
convida-nos a refletir sobre a relação entre a comunicação e a misericórdia.
Com efeito a Igreja unida a Cristo, encarnação viva de Deus Misericordioso, é
chamada a viver a misericórdia como traço característico de todo o seu ser e
agir. Aquilo que dizemos e o modo como o dizemos, cada palavra e cada gesto
deveria poder expressar a compaixão, a ternura e o perdão de Deus para todos. O
amor, por sua natureza, é comunicação: leva a abrir-se, não se isolando. E, se
o nosso coração e os nossos gestos forem animados pela caridade, pelo amor
divino, a nossa comunicação será portadora da força de Deus.
Como filhos de Deus, somos chamados a
comunicar com todos, sem exclusão. Particularmente próprio da linguagem e das
ações da Igreja é transmitir misericórdia, para tocar o coração das pessoas e
sustentá-las no caminho rumo à plenitude daquela vida que Jesus Cristo, enviado
pelo Pai, veio trazer a todos. Trata-se de acolher em nós mesmos e irradiar ao
nosso redor o calor materno da Igreja, para que Jesus seja conhecido e amado;
aquele calor que dá substância às palavras da fé e acende, na pregação e no
testemunho, a «centelha» que os vivifica.
A comunicação tem o poder de criar
pontes, favorecer o encontro e a inclusão, enriquecendo assim a sociedade. Como
é bom ver pessoas esforçando-se por escolher cuidadosamente palavras e gestos
para superar as incompreensões, curar a memória ferida e construir paz e
harmonia. As palavras podem construir pontes entre as pessoas, as famílias, os
grupos sociais, os povos. E isto acontece tanto no ambiente físico como no
digital. Assim, palavras e ações hão-de ser tais que nos ajudem a sair dos
círculos viciosos de condenações e vinganças que mantêm prisioneiros os
indivíduos e as nações, expressando-se através de mensagens de ódio. Ao
contrário, a palavra do cristão visa fazer crescer a comunhão e, mesmo quando
deve com firmeza condenar o mal, procura não romper jamais o relacionamento e a
comunicação.
Por isso, queria convidar todas as
pessoas de boa vontade a redescobrirem o poder que a misericórdia tem de curar
as relações dilaceradas e restaurar a paz e a harmonia entre as famílias e nas
comunidades. Todos nós sabemos como velhas feridas e prolongados ressentimentos
podem aprisionar as pessoas, impedindo-as de comunicar e reconciliar-se. E isto
aplica-se também às relações entre os povos. Em todos estes casos, a
misericórdia é capaz de implementar um novo modo de falar e dialogar, como se exprimiu
muito eloquentemente Shakespeare: «A misericórdia não é uma obrigação. Desce do
céu como o refrigério da chuva sobre a terra. É uma dupla bênção: abençoa quem
a dá e quem a recebe» (“O mercador de Veneza”, Ato IV, Cena I).
É desejável que também a linguagem da
política e da diplomacia se deixe inspirar pela misericórdia, que nunca dá nada
por perdido. Faço apelo sobretudo àqueles que têm responsabilidades
institucionais, políticas e de formação da opinião pública, para que estejam
sempre vigilantes sobre o modo como se exprimem a respeito de quem pensa ou age
de forma diferente e ainda de quem possa ter errado. É fácil ceder à tentação
de explorar tais situações e, assim, alimentar as chamas da desconfiança, do
medo, do ódio. Pelo contrário, é preciso coragem para orientar as pessoas em
direção a processos de reconciliação, mas é precisamente tal audácia positiva e
criativa que oferece verdadeiras soluções para conflitos antigos e a
oportunidade de realizar uma paz duradoura. «Felizes os misericordiosos, porque
alcançarão misericórdia. (...) Felizes os pacificadores, porque serão chamados
filhos de Deus» (Mt 5, 7.9).
Como gostaria que o nosso modo de
comunicar e também o nosso serviço de pastores na Igreja nunca expressassem o
orgulho soberbo do triunfo sobre um inimigo, nem humilhassem aqueles que a
mentalidade do mundo considera perdedores e descartáveis! A misericórdia pode
ajudar a mitigar as adversidades da vida e dar calor a quantos têm conhecido
apenas a frieza do julgamento. Seja o estilo da nossa comunicação capaz de
superar a lógica que separa nitidamente os pecadores dos justos. Podemos e
devemos julgar situações de pecado – violência, corrupção, exploração, etc. –,
mas não podemos julgar as pessoas, porque só Deus pode ler profundamente no coração
delas. É nosso dever admoestar quem erra, denunciando a maldade e a injustiça
de certos comportamentos, a fim de libertar as vítimas e levantar quem caiu. O
Evangelho de João lembra-nos que «a verdade [nos] tornará livres» (Jo 8, 32).
Em última análise, esta verdade é o próprio Cristo, cuja misericórdia repassada
de mansidão constitui a medida do nosso modo de anunciar a verdade e condenar a
injustiça. É nosso dever principal afirmar a verdade com amor (cf. Ef 4, 15).
Só palavras pronunciadas com amor e acompanhadas por mansidão e misericórdia
tocam os nossos corações de pecadores. Palavras e gestos duros ou moralistas
correm o risco de alienar ainda mais aqueles que queríamos levar à conversão e
à liberdade, reforçando o seu sentido de negação e defesa.
Alguns pensam que uma visão da
sociedade enraizada na misericórdia seja injustificadamente idealista ou
excessivamente indulgente. Mas tentemos voltar com o pensamento às nossas
primeiras experiências de relação no seio da família. Os pais amavam-nos e apreciavam-nos
mais pelo que somos do que pelas nossas capacidades e os nossos sucessos.
Naturalmente os pais querem o melhor para os seus filhos, mas o seu amor nunca
esteve condicionado à obtenção dos objetivos. A casa paterna é o lugar onde
sempre és bem-vindo (cf. Lc 15, 11-32). Gostaria de encorajar a todos a pensar
a sociedade humana não como um espaço onde estranhos competem e procuram
prevalecer, mas antes como uma casa ou uma família onde a porta está sempre
aberta e se procura aceitar uns aos outros.
Para isso é fundamental escutar.
Comunicar significa partilhar, e a partilha exige a escuta, o acolhimento.
Escutar é muito mais do que ouvir. Ouvir diz respeito ao âmbito da informação;
escutar, ao invés, refere-se ao âmbito da comunicação e requer a proximidade. A
escuta permite-nos assumir a atitude justa, saindo da tranquila condição de
espectadores, usuários, consumidores. Escutar significa também ser capaz de
compartilhar questões e dúvidas, caminhar lado a lado, libertar-se de qualquer
presunção de omnipotência e colocar, humildemente, as próprias capacidades e
dons ao serviço do bem comum.
Escutar nunca é fácil. Às vezes é mais
cômodo fingir-se de surdo. Escutar significa prestar atenção, ter desejo de
compreender, dar valor, respeitar, guardar a palavra alheia. Na escuta,
consuma-se uma espécie de martírio, um sacrifício de nós mesmos em que se
renova o gesto sacro realizado por Moisés diante da sarça-ardente: descalçar as
sandálias na «terra santa» do encontro com o outro que me fala (cf. Ex 3, 5).
Saber escutar é uma graça imensa, é um dom que é preciso implorar e depois
exercitar-se a praticá-lo.
Também e-mails, SMS, redes sociais,
chat podem ser formas de comunicação plenamente humanas. Não é a tecnologia que
determina se a comunicação é autêntica ou não, mas o coração do homem e a sua
capacidade de fazer bom uso dos meios ao seu dispor. As redes sociais são
capazes de favorecer as relações e promover o bem da sociedade, mas podem
também levar a uma maior polarização e divisão entre as pessoas e os grupos. O
ambiente digital é uma praça, um lugar de encontro, onde é possível acariciar
ou ferir, realizar uma discussão proveitosa ou um linchamento moral. Rezo para
que o Ano Jubilar, vivido na misericórdia, «nos torne mais abertos ao diálogo,
para melhor nos conhecermos e compreendermos; elimine todas as formas de
fechamento e desprezo e expulse todas as formas de violência e discriminação»
(Misericordiae Vultus, 23). Em rede, também se constrói uma verdadeira
cidadania. O acesso às redes digitais implica uma responsabilidade pelo outro,
que não vemos mas é real, tem a sua dignidade que deve ser respeitada. A rede
pode ser bem utilizada para fazer crescer uma sociedade sadia e aberta à
partilha.
A comunicação, os seus lugares e os
seus instrumentos permitiram um alargamento de horizontes para muitas pessoas.
Isto é um dom de Deus, e também uma grande responsabilidade. Gosto de definir
este poder da comunicação como «proximidade». O encontro entre a comunicação e
a misericórdia é fecundo na medida em que gerar uma proximidade que cuida,
conforta, cura, acompanha e faz festa. Num mundo dividido, fragmentado,
polarizado, comunicar com misericórdia significa contribuir para a boa, livre e
solidária proximidade entre os filhos de Deus e irmãos em humanidade.
Papa
Francisco
Vaticano, 24 de
Janeiro de 2016.