MÊS
VOCACIONAL
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“O homem não vive
somente de pão,
mas vive de toda palavra
que sai da boca de Deus,
e não só de pão. Amém.
Aleluia, aleluia!” (Mt 4,4).
A Palavra de Deus do Décimo-Oitavo
Domingo do Tempo Comum,
coloca-nos diante do evento da Multiplicação dos
Pães, em que “Jesus nos
convida a nos alimentar de sua palavra e da eucaristia para que ninguém vá
embora com fome. Celebramos a Páscoa de Cristo, a qual se manifesta em todas as
pessoas e grupos que têm compaixão dos pobres e famintos e sabem partilhar com
eles.
O reino de Deus não pode se
concretizar enquanto houver fome de pão e de dignidade. Banquete com fartura é
sinal do projeto de Jesus, que tem compaixão do povo e convoca seus seguidores
para que alimentem as multidões famintas.
Somos gratuitamente convidados a
participar do banquete messiânico. Jesus propõe a superação da fome e da miséria. O amor de Deus é nosso
aliado, ninguém pode nos separar dele. (cf. Liturgia Diária de Agosto de 2014 da Paulus, pp.
23-25).
Deus destinou os bens da criação para todos. Mas uns
poucos se apoderaram deles, conservando os demais sob férrea dependência,
incapazes até de ter acesso aos bens básicos da vida. O banquete da vida se
tornou privilégio de poucos, que vivem à custa do sangue dos pobres explorados.
Deus subverte essa situação, convidando os pobres explorados a sair da
dependência e a saborear o banquete da vida, na liberdade e fraternidade, onde
o comércio é substituído pela partilha dos bens da criação. Dessa forma inicia
o novo êxodo do povo de Deus em direção ao mundo novo. Jesus deu a esse mundo
novo sua forma definitiva, convidando as pessoas a lutar para que ele se
concretize no meio de nós.
Para longe de todos os poderes de morte, dos Herodes que,
com seus banquetes de morte, buscam ter vida, matando a esperança do povo, como
fizeram com João Batista, Jesus vai para um lugar deserto e afastado. É das
cidades, isto é, do espaço onde impera o domínio de Herodes e de seu sistema
explorador, que o povo sai (= êxodo!),
indo ao encontro do Messias libertador, precisamente
no espaço da aliança, no deserto. E qual a reação de Jesus? Encheu-se de
compaixão, isto é, sofreu com aquela gente sofrida.
É neste lugar deserto e afastado, que se aprende, na
prática, o segredo do Reino de Deus em
oposição ao reino de Herodes. Não é indo comprar nas vilas, isto é, deixando-se
explorar pelos que têm para vender, que os pobres terão comida em abundância,
mas partilhando aquilo que possuem.
A Palavra que é Jesus em sua totalidade já está
em nosso meio, nada nos separa dela. Esse Jesus-Palavra
é o primeiro alimento a nos fortalecer com seu segredo, a saber, a alternativa
de uma sociedade de partilha fraterna, capaz de saciar a fome de todos. Ouvir,
assimilar e colocar em prática esta Palavra que é Jesus, eis o desafio que temos
pela frente.
Diante da Palavra proclamada
neste domingo e diante do Projeto de Jesus Cristo anunciado, somos impelidos não apenas
a alimentar-nos a nós mesmos, porém, saciados, assumir o compromisso da
erradicação da fome e da miséria em nossas Comunidades de Fé. Segundo a ONU, um
bilhão de pessoas no mundo passa fome, diariamente. A disparidade entre pobres
e ricos ainda é indecente. Vivemos na Região de Ribeirão Preto, entre uma das
maiores concentrações econômicas e um incalculável número de pessoas sem
nenhuma perspectiva de vida digna.
O
compromisso evangélico que se espera de nós, é a promoção da dignidade da
pessoa em sua totalidade. Não é jogando “migalhas” daqui e dali que estaremos assumindo nossa missão de
verdadeira partilha.
Gosto de frisar que sempre devemos partilhar
de nossa pobreza, oferecendo o que temos de melhor àqueles que
dependem de nossa responsabilidade e que têm menos do que nós. Saber que
possuímos um dos “lixos mais luxuosos do País”, deve no mínimo, remeter-nos a
buscar soluções que não só matem a fome imediata das pessoas, oferecendo-lhes
“sopas, lanches, esmolas e outros tipos de migalhas”, mas oportunidades
de vida e não de sobrevivência!
A Décima-Oitava
Semana do Tempo Comum é
enriquecida pelo início do Mês Vocacional. Neste primeiro domingo do mês vocacional, recordamos os vocacionados para o ministério ordenado –
diáconos, padres e bispos – e rezamos de modo especial pela santificação de
todos eles. Pois só um padre santo poderá santificar sua comunidade, e isso se
faz possível no profundo encontro de ambos, na oração!
Finalmente sonhamos
com o dia em que todo ser humano tenha direito, de verdade, a sentar-se à mesa
comensal de nossas Comunidades!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão,
nosso abraço amigo,
Pe.
Gilberto Kasper
(Ler Is 55,1-3; Sl 144(145); Rm
8,35.37-39 e Mt 14,13-21).