Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Felizes os que observam a palavra do Senhor
de reto coração
e que produzem muitos frutos,
até o fim
perseverantes!” (Lc 8,15).
“Somos hóspedes de uma casa. Mais
que hóspedes, somos já parte da família. Nossa casa é esta: este espaço físico
e humano que nos abriga, esta comunidade cristã da qual fazemos parte, esta
assembleia na qual vivemos uma experiência de fé. Isto é, acolhidos por Deus na
pessoa de cada um de nós, aqui reunidos, sentimo-nos um corpo: corpo eclesial de Cristo.
Nesta experiência de povo de Deus
reunido, nos unimos desde já aos milhares de jovens que, nesta semana, se
reúnem para a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro. Que o Espírito Santo de Deus ilumine este
evento e a todos fortaleça para o testemunho da fé em Cristo. Que saibamos ouvir, como Maria ouvia Jesus, os ensinamentos de nosso amado Papa
Francisco! Não só os Jovens, mas todos,
saibamos escolher
a melhor parte!
‘Deus
hoje nos acolhe em sua casa e nos convida a sentar aos pés de Jesus para
escutá-lo e participar do banquete eucarístico que ele nos oferece. Somos
desafiados pelo evangelho a ter o coração hospitaleiro de Maria e as mãos
laboriosas de Marta.
As leituras
(deste domingo) nos convidam à abertura ao projeto de Deus e à hospitalidade,
atitudes que revelam a presença do Senhor em nossa vida.
A hospitalidade
de Abraão é retribuída com a promessa do nascimento do filho. Acolher Jesus e
sua proposta de vida é o melhor que podemos fazer. O evangelizador enfrenta com
otimismo e esperança o sofrimento decorrente do empenho pelo bem da comunidade.
A celebração eucarística também é uma ação de hospitalidade na qual Deus nos
acolhe e nós acolhemos a Cristo e dele nos alimentamos’ (cf. Liturgia Diária de
Julho de 2013 da Paulus, pp. 66-69).
Um grande mal em nossa sociedade, e
também na Igreja, é o ativismo, a falta de disposição para aprofundar o essencial, sob o
pretexto de tarefas urgentes.
Jesus é um exemplo para todos nós. Sua pessoa está prioritária e
permanentemente focada no modo de ser do Pai. Pelo hábito desta escuta é que ele desenvolveu uma
atitude de serena e saudável acolhida de tudo e de todos. É a partir daí que ‘Jesus observa a Marta que ela anda ocupada e preocupada com muitas coisas, enquanto uma
só é necessária. Essa observação não é uma recusa da hospitalidade, mas indica uma escala de valores: a melhor parte é a que Maria escolheu! O que esta faz é
fundamental e indispensável: escutar. O resto (as correrias pastorais, as reuniões) é importante, mas
deve ter fundamento no escutar. Jesus censura Marta não porque ela cuida da cozinha,
mas porque quer tirar Maria do escutar, para fazê-la entrar no ritmo de suas próprias ocupações. Marta não conhecia a escala de valores de Jesus.
Podemos perceber, através da Carta aos
Colossenses de hoje, que foi da identificação profunda com Cristo que Paulo tirou a força para seu surpreendente apostolado. Gente ocupada é
o que menos falta. Mas sabemos muito bem que toda essa ocupação não tira em
torno daquilo que é fundamental. Dá até pena de ver certas pessoas complicarem
sua vida com mil coisas de que dizem que simplificam a vida. Ao lado delas
encontramos o pobre, o lavrador, o índio, vivendo uma vida simples, mas com
muito mais conteúdo e, sobretudo, com um coração sensível e solidário.
A exemplo do nosso mestre Jesus, importa acolher (a Deus, a
Jesus, aos outros) em primeiro lugar no coração. Só então as demais ações terão
sentido. Isso vale na vida pessoal e também na vida comunitária. Comunidades
que giram exclusivamente em torno de preocupações e reivindicações materiais
acabam esvaziando-se, caem em brigas de personalismo e ambição. Mas comunidades
que primeiro acolhem com carinho a palavra de Jesus num coração disposto saberão
desenvolver os projetos certos e por a palavra de Jesus em prática. ‘Buscai primeiro o Reino
de Deus...’.
Que Deus nos
ajude a vivermos este espírito do Evangelho trazido por Jesus. Que pela força da Eucaristia, na qual o Pai nos acolhe como corpo eclesial de Cristo, possamos viver a atitude de Maria para que, empenhados como Marta, mas conectados ao único e necessário, que é Palavra reveladora do Pai, trabalhemos com
serenidade e paz pelo bem da humanidade” (cf. Roteiros Homiléticos do Tempo Comum I de 2013 da CNBB, pp.
79-85).
A Palavra de
Deus deste
domingo nos coloca diante da Hospitalidade e de nossa Espiritualidade Eclesial: Ministros Ordenados,
Agentes de Pastoral, nossas Comunidades são
reconhecidos como bons cristãos por causa da hospitalidade
e da espiritualidade ou por causa das intermináveis atividades, como
construções materiais? Como é linda a Leitura Orante
da Palavra que iniciam nossas reuniões,
nossos encontros e atividades! O Padre Pitico nos tem incentivado, como grande Responsável pela Prioridade de
nosso Plano Arquidiocesano de Pastoral, A Formação de Líderes, a ouvirmos
antes de tudo o que a Palavra de Deus (em outras palavras, o próprio Mestre Jesus) tem a nos dizer!?! Não poucas vezes nos envolvemos com
atividades que nem nos dizem respeito como: decoração de Templos, coordenação
de Quermesses, sempre preocupados em arrecadar recursos financeiros para a
manutenção de nossas Paróquias, que deveriam ser tarefas dos Conselhos
constituídos e não dos Presbíteros. O que não podemos jamais deixar de lado, é
a mais rica espiritualidade na administração dos Sacramentos que só os
Ministros ordenados podem presidir: a Reconciliação, Unção dos
Enfermos e a Celebração Eucarística. Para
todas as demais atividades, podemos formar Líderes de Lideranças em nossas
Comunidades. E que também esses desempenhem suas atividades pastorais e
sociais, sempre e cada vez mais à luz da escuta de
Jesus, como fez Maria, escolhendo assim a melhor parte.
Finalmente poderíamos nos perguntar:
sendo o tempo uma questão de prioridade, quais são nossas prioridades no
hodierno do exercício de nossa missão eclesial e do nosso ministério? Rezamos o
suficiente todos os dias? Somos fiéis, sentados aos pés de Jesus, e justos, em
nossas decisões? Nossas Comunidades rezam ou cozinham melhor? Se é que sabem o
que pretendo refletir, a começar de meu próprio ministério?
Sejam muito abençoados. Com ternura
e gratidão, o abraço amigo,
Padre Gilberto Kasper
(Ler Gn 18,1-10; Sl 14 (15);
Cl 1,24-28 e Lc 10,38-42).