Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé
“O Terceiro Domingo do Tempo Pascal orienta-se à
experiência da companhia do Ressuscitado que se manifesta em meio aos discípulos. O Tempo da Páscoa integra o Grande Dia Pascal, o Dia que o Senhor fez para nós. Neste
período, a Igreja se deixa encontrar por seu Senhor e busca contemplá-lo e
reconhecê-lo mediante os mesmos gestos que ele já realizava enquanto estava na
sua companhia. A liturgia celebrada nos dá acesso a estes gestos de maneira que
permaneçamos unidos a Jesus corporalmente, assumindo na história humana o posto
de sacramento daquele que é Morto-Ressuscitado.
‘Somos
convidados a reunir-nos em torno do Ressuscitado, o Cordeiro imolado que vive
para sempre. A ele queremos dar graças e glorificar, pois nos alimenta com a
palavra proclamada e com o pão partilhado. Desafiados pela pergunta que nos faz
– vocês me amam? -, abramos o
coração, para a resposta de fé e de amor.
A Palavra de Deus
encoraja os seguidores de Jesus diante dos obstáculos à missão. Ela também nos
convida a reconhecer, louvar e partilhar o mesmo Cristo, que se oferece em
comunhão, e nos desafia a amá-lo.
É mais importante
obedecer a Deus que aos homens. Jesus ressuscitado aparece à comunidade
envolvida nos compromissos cotidianos. Cabe à comunidade cristã adorar
unicamente a Deus, rejeitando toda idolatria’ (cf. Liturgia Diária de
Abril de 2013 da Paulus, pp. 48-51).
No texto-base em preparação ao 10º
Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base, José Oscar Beozzo evocava a
vida cristã como memória perigosa de Jesus. A Liturgia da Palavra deixa entrever esta perspectiva ao colocar-nos diante do
testemunho dos apóstolos e, em especial, daquela incumbência dada a Pedro – que envolve a Igreja toda – de cuidar do rebanho
que se estende para além dela mesma e se identifica com a humanidade. Por amor,
os pastores da Igreja, mas também todos os seus membros, são encarregados pelo Senhor
no cuidado para com o mundo. Neste trabalho que os cristãos realizam se cumpre
o mandato do amor e se dá a oportunidade para que a criação inteira proclame seu ‘amém’ à vitória do Cordeiro.
Na Palavra e na obra de homens e mulheres de nosso tempo – hoje lembrando-nos
especialmente daqueles que assumem o pastoreio em nome de Cristo – ressoa a boa nova. Como não recordar de Dom
Pedro Casaldáliga e a recente perseguição sofrida por conta de seu compromisso
com os povos indígenas? Como não fazer memória de tantos bispos, padres,
religiosas, leigos e leigas que, espalhados pelas diversas Igrejas
Particulares, denunciaram nas recentes eleições municipais, os desmandos e
corrupção do poder político? Nestas ações corriqueiras é que se manifesta a Páscoa de Cristo, vencendo a
morte e fazendo brilhar a vida para sempre.
Santo Atanásio afirmava: ‘Jesus ressuscitado converte
a vida do ser humano em uma festa contínua’. E
acrescenta: ‘a Páscoa rejuvenesce a vida dos fiéis’. De fato, somos ‘novas criaturas’ que entoam o ‘canto novo’ que consiste na ‘glória de seu nome’. A celebração
litúrgica ao realizar a vida de Cristo, no coração da assembleia, lhe permite irradiar a glória do
Senhor que não significa outra coisa que torná-lo manifesto ao mundo por meio
da fidelidade ao seu mandato e à sua herança: o amor. Amar os irmãos, arriscar-se pela fraternidade universal, que
toma forma nos pequenos gestos de carinho e solidariedade locais, revela o Nome de Deus em nós. Este
nome é ‘Cristo’: Cristo em nós, fazendo-nos partícipes de sua ressurreição por causa de sua
compaixão para com o gênero humano” ( cf. Roteiros Homiléticos da Páscoa de 2013 da CNBB, pp. 42-47).
Há alguns dias alguém me perguntou,
se a Celebração Litúrgica na Igreja é lugar de avaliar o Governo Municipal? Na
medida em que a Palavra de Deus nos interpela a falarmos sobre nossa missão de servidores, e não senhores ou donos dos munícipes de uma Metrópole como é a cidade de Ribeirão Preto,
não só podemos, como é nosso dever colaborar na formação de consciência crítica, ética e de
cidadania de nossas assembleias celebrativas. Foi exatamente esta a missão que o Ressuscitado confiou aos seus
discípulos e hoje a cada um que se sente cristão comprometido com o Reino de Deus, que é um Reino de
Justiça, de Conversão, de Misericórdia e de Amor ao próximo. Enquanto houver um só cidadão de nossa cidade carente dos cuidados evangélicos que o ser cristão exige, teremos a obrigação de levar nossas celebrações espirituais
à vida hodierna, da porta da Igreja para fora. O Governo que é transparente,
que não maquia recursos econômicos e projetos de qualquer natureza, não teme
que alguém faça uma lúcida, consciente e crítica avaliação de
sua atuação.
Triste mesmo foi constatar que no
dia 2 de abril de 2013, nosso Legislativo decepcionou mais uma vez seus
eleitores. Nove dos vinte e um vereadores foram fiéis e coerentes com o Projeto
de Transparência vetado pela Prefeita Municipal, que pedia maior participação
da Câmara de Vereadores nas licitações de volumosos valores. A Prefeita entende
que deve ter “Carta Branca” para contratar quem quer que seja sem a apreciação e aprovação dos
Vereadores. O Projeto foi aprovado por unanimidade pelos 21 Vereadores. Não entro em
questões de quem tem razão. Certamente a Prefeita assegurou seu veto juridicamente, lembrando que o jurídico mesmo sendo politicamente correto, nem
sempre é ético e contempla o bem da comunidade. Ela exerceu seu privilégio de vetar a maior participação
do Povo representado pelos Vereadores eleitos pelo mesmo Povo. O que nos entristece profundamente e nos decepciona novamente, é
que dos 21 Vereadores, apenas 9 mantiveram coerência, votando contra o veto da Prefeita. 10 não votaram contra, nem a
favor: se abstiveram de votar, o que demonstra ainda mais claramente, de que não merecem nossa confiança. Um precisou ausentar-se durante a votação para socorrer a esposa
e outro faltou à sessão. O que o cristão comprometido com o Ressuscitado e a missão que
nos confia, deve pensar e fazer? Marcar bem o nome dos Vereadores que voltaram
à trás de seu voto inicial; cobrar pessoalmente deles uma postura mais ousada e
corajosa e ter o zelo e cuidado de nunca mais elegê-los para
SERVIÇO NENHUM!
Durante a Campanha Eleitoral o discurso é um: promissor! Na
diplomação dos Eleitos, o discurso já “amarela” um pouco e depois da posse, o discurso já não é mais nem um e
nem outro. A verdade não se deixa burlar, comprar, corromper e nem está à venda
por conta de promessas não cumpridas. Só participa da ressurreição do Senhor quem for coerente sempre entre o
que pensa, fala e faz! Portanto, é sim missão e
serviço à fraternidade e à promoção da Dignidade Humana, da Igreja de Jesus
Cristo Ressuscitado, começando por seus líderes e passando por cada um que se
atribua a denominação de Cristão. O resto está fadado a ser diabólico, como diabólicas são as
deslavadas Mentiras que ocupam nosso vocabulário politiqueiro, todos os
dias! Sejamos honestos e transparentes diante de nós mesmos, de Deus e
dos outros. Assim não precisaremos temer a ninguém e a nada que tente nos desestruturar. O que é Deus
não cai. A mentira nos trai!
Desejando-lhes muitas bênçãos e que
todos saibamos usufruir dos aromas que exalam do sepulcro vazio, devolvendo-nos
a paz que o pecado nos rouba, com ternura e gratidão, meu abraço sempre amigo,
Padre Gilberto Kasper
(Ler At 5,27-32.40-41; Sl
29(30); Ap 5,11-14 e Jo 21,1-19).