DOMINGO DO BOM PASTOR
DIA
MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES
Meus
queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Eu sou o bom pastor, diz o Senhor;
eu conheço as minhas ovelhas e elas
me conhecem a mim” (Jo 10,14).
“O quarto Domingo da Páscoa é tradicionalmente chamado de Domingo do
‘BOM PASTOR’. O título tem razão de ser, pois
as leituras e as orientações nos levam a contemplar Jesus como o Bom Pastor, aquele que dá a sua vida pelas ovelhas. Na Páscoa, esse mistério é ainda mais acentuado quando se considera a morte
e ressurreição do Senhor como a suprema doação da vida do Filho de Deus para a
salvação do mundo.
Mas, a oferta que Jesus faz de sua vida se prolonga na vida de muitos homens e mulheres
que se entregam pela vida dos outros, doando-se abnegada e gratuitamente por
causas das quais poderiam se eximir. Entretanto por decisão livre, por
solidariedade, por reconhecimento de tudo o que são e possuem, movidos pelos
impulsos do Espírito, religiosos ou não, fazem da sua existência um serviço de
amor capaz de gerar vida nova e, em muitos casos, salvação.
A Eucaristia é lugar privilegiado de reconhecer esses sinais do Ressuscitado espalhados na
sociedade e no mundo. Ela nos abre os olhos e os ouvidos para contemplar a
misteriosa ação de Deus na história, projetando a luz da fé sobre as coisas
bonitas que a televisão, os jornais, e a cultura atual não querem mostrar. O
cristão, que vive da vida nova do Ressuscitado, rompe com os esquemas que aprisionam a vida que Deus ofereceu para
todos em seu Filho. Com a força e a coragem do Pastor, lutam pela universalidade da salvação que não ficou aprisionada
nem à cruz e nem ao sepulcro.
‘Neste
domingo somos convidados por Jesus, Bom Pastor, a fazer parte do seu rebanho e
aprender dele o jeito de ser Igreja. Ele sustenta nossa vida, e suas palavras
nos dão segurança: nada poderá arrebatar-nos de sua mão.
A palavra de Deus
não conhece fronteiras. Ela chega a todos os povos e nos reúne em torno do
Ressuscitado, doador da vida eterna a quantos escutam a sua voz e o seguem.
A palavra de Deus
alcança a todos os que se deixam orientar por ela. Jesus, o verdadeiro pastor,
doou sua vida para que todos tenham vida plena. Jesus é o Cordeiro imolado e o
pastor que conduz todos às fontes da água viva’ (cf. Liturgia Diária de
Abril de 2013 da Paulus, pp. 66-69).
Dois aspectos enriquecem a vida
cristã neste domingo: a comunhão e a doação de si. Jesus entra em comunhão com o seu rebanho e se doa voluntariamente pela
salvação dos seus. Essa comunhão e autodoação têm sua fonte no amor entre o Pai e o Filho. Comunhão e autodoação é o modo de ser de Deus. Por meio de Jesus passa a ser o modo de ser dos cristãos. Por isso, a vida cristã
não se afirma na indiferença, na distância ou na separação, mas no amor. Aquilo
que para os outros é sem importância, porque não toca diretamente nossa vida,
passa a ser importante, porque bebemos de uma fonte de amor. Assuntos e
realidades como a fome, a violência, a dependência química, a injustiça que
arranca os direitos essenciais à vida, as doenças, a corrupção, que
criminosamente se propagam entre nós, são do nosso interesse e exigem ações da
nossa parte em vista da vida e da salvação de todos. A experiência da
ressurreição não pode ser entendida como graça particular, porém como missão,
norma de uma vida aberta e devotada aos outros.
Nem é necessário bancar o super
herói atento aos atos criminosos ou perigos sofridos por outrem. A vida exige
que trabalhemos, cumpramos nossas obrigações, façamos nossos deveres, como cuidar
da casa, da família, da própria saúde, até mesmo do lazer e do descanso.
Contudo, é preciso encontrar lugar para o amor abnegado, gratuito e
desinteressado. Encontrar tempo para sair de si e encontrar o outro que
necessita. Basta abraçar uma causa, dedicar-se a uma meta em prol de uma
situação, agremiar-se a um grupo, dar sua contribuição para um mundo melhor.
Quem sabe, assim, o amor de Deus se torna mais evidente a um mundo tão fechado
e ensimesmado?” (cf. Roteiros Homiléticos da Páscoa de 2013 da CNBB, pp. 48-53).
Vivemos uma
cultura da coisificação da pessoa. Se lhe atribuímos códigos e senhas. Não
existe, porém, som mais deleitoso, do que ouvir alguém nos chamar pelo nome.
Pessoalmente tenho grande dificuldade de guardar o nome das pessoas, embora não
esqueça suas fisionomias. É algo que me entristece, porque é bom demais ser
reconhecido pelo nome ao invés de identificado por códigos, apelidos
pejorativos ou senhas. O que não suporto é o fingimento que muitas vezes
disfarça nossa incapacidade de guardar na memória nomes de pessoas com quem nos
relacionamos. Irrita-me profundamente quando alguém, seja ao telefone, seja
pessoalmente, me peça que adivinhe quem é! Peço que se identifique de uma vez.
Mas a questão de conhecer o rebanho, as ovelhas pelo nome e essas reconhecerem
nossa voz é bem mais profundo e transcendente do que simplesmente lembrar o
nome deste ou daquele colaborador em nossas Comunidades Eclesiais, Sociais,
Políticas ou Profissionais.
‘Uma
verdadeira conversão pastoral deve estimular-nos e inspirar-nos
atitudes
e iniciativas de autoavaliação e coragem de mudar várias
estruturas
pastorais em todos os níveis, serviços, organismos,
movimentos
e associações’ (CNBB. DGAE. DOC. 94. N. 26).
A sociedade atual, sobretudo os
jovens e adolescentes, se move pela busca de figuras referenciais para sua
vida. Os padrões editados pela mídia projetam modelos que condicionam as
pessoas a assumi-los, por vezes com consequências nefastas. Cantores e artistas
famosos, atletas bem sucedidos etc., alimentam o sonho de autorrealização, de
fama e de ser um herói para milhões de indivíduos. Estes ‘ídolos’ mexem com o
universo imaginário e simbólico das pessoas, sobretudo dos mais jovens.
Jesus é o Bom Pastor,
não simplesmente em oposição à figura dos pastores mercenários, mas porque
valoriza e conhece suas ovelhas e é reconhecido por elas. Ele dá a vida por
elas por uma opção de amor. Portanto, Jesus se apresenta à comunidade como Bom Pastor,
movido pela lógica do amor e não por interesses e favores pessoais, a exemplo
dos mercenários. Quem não ama sua comunidade (seu povo) até à doação de sua
vida, não pode ser considerado pastor exemplar.
O Dia Mundial de
Oração pelas Vocações nos convida a rezarmos ao Senhor que envie
pastores
configurados com Cristo, o Bom Pastor! A começar dos Ministros Ordenados aos Agentes de nossas
Pastorais, somos também convidados à conversão, à coerência e ao bom senso em
nossas atividades, que devem estar sempre pautadas sobre o Projeto Evangelizador e Missionário de Jesus Cristo, o Bom
Pastor! Quem não gasta sua vida pela
Comunidade (o rebanho) corre o risco de compreender sua vocação como ‘meio de vida’, o que se torna geralmente um
desastre. Por isso é fundamental conhecer Jesus Cristo ressuscitado e
identificá-lo como o Bom Pastor a ser seguido. Conhecer Jesus e tê-lo como modelo
de vida implica conhecer seu amor e aderir ao estilo de seu agir. A mútua
relação entre Jesus e os seus gera e nutre a relação de intimidade, de
confiança, de diálogo, de pertença, de segurança. Não é em vão que a palavra pastoral
evoca: zelo,
cuidado, carinho, misericórdia, compaixão, amor, dedicação, ternura, atenção às pessoas e às suas necessidades.
ORAÇÃO PELAS
VOCAÇÕES
Jesus,
Bom Pastor, que chamastes os apóstolos a vos seguir,
Continuai
chamando pessoas generosas e de mente aberta
Para
que deem continuidade à missão por vós iniciada.
A
messe é grande, poucos os operários:
Necessitamos,
Senhor, de bons e santos pastores.
Isto
vos pedimos, a vós que viveis e reinais para sempre.
Amém.
Nossas Comunidades, com razão, são cada vez mais exigentes.
Sejamos Bons
Pastores para elas. Sejam elas, Queridas Ovelhas para nós.
Desejando-lhes muitas bênçãos, com
ternura, o abraço amigo,
Padre Gilberto Kasper
(Ler At 13,14.43-52; Sl 99(100); Ap 7,9.14-17 e
Jo 10,27-30).