A maior de todas as alegrias emana do nosso encontro com Deus.
Esse é o grande tesouro que devemos procurar e ao mesmo tempo distribuir entre
os outros. A Alegria do Gaudete, terceiro
domingo do Advento, neste ano dia 17 de dezembro, nos remete à manjedoura onde
reclina na meiguice de uma criança o Deus em pessoa!
Mas essa alegria sobrenatural não se
opõe às alegrias cotidianas, pelas quais também devemos agradecer a Deus. Essas
podem ter causas diversas: uma promoção profissional, a possibilidade de
realizar a viagem dos sonhos, o gesto carinhoso da pessoa amada, o sorriso de
uma criança ou a sabedoria de uma pessoa idosa. A alegria é sempre um bálsamo
que faz bem à alma. Quando a experimentamos, devemos nos aproximar ainda mais
de Deus, que se faz humano como um de nós.
Assim como as alegrias terrenas, as
tristezas possuem diversas origens, desde uma simples contrariedade até uma
grande decepção ou perda. Podemos nos entristecer quando sofremos uma desilusão
amorosa, quando deparamos com a conduta inadequada de um amigo ou até mesmo
quando ouvimos um comentário indesejado de algum familiar. Isso e muitos outros
contratempos podem fazer a tristeza entrar em nossa alma.
Embora nos faça sofrer, a tristeza
tem uma característica ímpar de tornar nosso coração mais compassivo. Quando
estamos tristes, mergulhados em nossos sentimentos, realizamos reflexões mais
profundas. Por isso, podemos afirmar que a tristeza ensina, e muito. Ela
desperta a voz do silêncio que vem e toca nosso espírito para que possamos
aprender com a experiência e nos tornar melhores, crescendo em nossa fé.
Ajustar nossa forma de lidar com os
problemas equivale a encontrar a chave da alegria, aquela que abre a mente e a
alma para a luz de Deus, fazendo com que encontremos as soluções mais interessantes
para a nossa vida. Além disso, amplia nossa consciência para identificarmos o
que realmente importa.
A vida está cheia de possibilidades,
e você pode descobrir novos sentidos, aprofundando-se no entendimento das suas
inquietações, com a firme esperança de que dias melhores virão. Haja o que
houver, não podemos esquecer: “Se de
tarde sobrevém o pranto, de manhã vem a alegria” (Sl 30,6).
Por isso, encha seu coração de amor
e diga para si mesmo: “Eu quero ser feliz
agora”. Não tenha dúvida, você é muito mais forte e poderá ser muito mais
feliz do que é capaz de imaginar.
A alegria verdadeira massageia a
alma. Ela nasce dos valores de Deus e conforta nosso espírito. Esse é o estado
que devemos buscar para nós e desejar para os outros. A alegria verdadeira fica
impregnada em nossa alma para todo o sempre. Por isso, esteja aberto para que
ela possa brotar em sua alma. Que a felicidade seja o pão nosso de cada dia.
Meu jeito de ser e de lidar com as pessoas com quem convivo, não
poucas vezes é de rigidez, é de seriedade pelo simples fato de minha origem
alemã. Geralmente as pessoas me fitam desconfiadas e amedrontadas pelo simples
tom de minha voz forte. Mas nem todos que convivem comigo sabem o quanto me
esforço para alegrá-las, fazendo-as rir, dando gargalhadas por minhas “palhaçadas”,
até porque meu sobrenome traduzido literalmente do alemão para o português significa
“palhaço”. Mas Deus que sabe tudo, sabe o quanto amo cada pessoinha que me
rodeia, com quem convivo na simplicidade hodierna. Eis o sentido do Domingo da
Alegria, o Gaudete. O terceiro domingo
deste rico tempo em preparação ao Natal do Senhor, antecipa tudo que
celebraremos, porque o Advento é Tempo de Alegria!
Pe. Gilberto Kasper
Teólogo