No dia 24 de junho celebramos o nascimento, a
vida e missão de um dos três santos mais celebrados de sul a norte do Brasil,
nas conhecidas festas juninas. Emoldurado por Santo Antônio e São Pedro,
celebramos São João!
As leituras bíblicas apresentam a
vida e a missão de João Batista à luz dos grandes profetas antigos e de Jesus
Cristo, o Messias esperado. Como diz Santo Agostinho, João representa a passagem do Primeiro para o Segundo Testamento. Ele
recebe a missão de profeta, assume a vida de asceta, e é chamado de Batista. Pelo batismo, nós também
recebemos a missão de profetizar e de denunciar, como João, a injustiça, a mentira e a
opressão.
Celebrar o nascimento de João é
experimentar, como Isabel, Zacarias e os vizinhos, a manifestação da bondade de
Deus, que transforma e fecunda a vida. É fazer a experiência da fé e da
esperança no Deus misericordioso e compassivo, que ouve nosso clamor e nos
socorre em meio aos sofrimentos e às aflições. É sentir que Deus continua soltando
nossa língua para que tenhamos a coragem de vencer o medo e proclamar a justiça
e a libertação. Como João Batista, possamos ser sinais proféticos de esperança, para
anunciar o caminho da salvação e testemunhar Jesus Cristo, a luz que ilumina e liberta todos os povos.
O jeito despojado de João Batista
viver, entregue ao serviço de Deus, na gratuidade, é testemunho de vida, apelo
à conversão. Jesus o elogia, dizendo que “entre
os nascidos de mulher, não há ninguém maior do que João. No entanto, o menor no
Reino de Deus é maior do que ele” (Lc 7,28).
O grande convite da Solenidade da Natividade de João Batista a
todos nós, é à humildade vivida por ele. Saber dar lugar, retirar-se e deixar Cristo aparecer.
Nem sempre é fácil tal atitude. Costumamos, devido nossas carências e limites,
plantar com entusiasmo, regar e cultivar com zelo, mas queremos também saborear
os frutos. Não parece ser assim na Igreja de Jesus Cristo. Nela, uns plantam, outros
regam, ainda outros deveriam cultivar e zelar o plantado pelos que passaram e
somente outros que virão posteriormente, é que usufruirão dos frutos. Tal
Igreja, discípula e missionária do Senhor, só é configurada com Cristo, se
conseguir agir assim. Do contrário corremos o risco de desfigurá-la,
apossar-nos dela e isso, geralmente, termina em desastre eclesiológico e
pastoral.
Sejamos a exemplo de São João Batista,
comunidades simples, descomplicadas, acolhedoras, amorosas e cheias de ternura,
porém sem ter medo de corajosa e ousadamente “perdermos nossa cabeça”, a própria
vida, cargos, funções e prestígios, por conta da coerência do Evangelho
anunciado e vivido no hodierno de nossas relações, sobretudo nos serviços que
prestamos, sempre gratuitamente neste mundo tão vazio de Deus!
Pe.
Gilberto Kasper
Teólogo