Padre
Gilberto é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia,
Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente
no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente
Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da
Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Teresa D’Ávila e Reitor da Igreja Santo
Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
Contato: pe.kasper@gmail.com
Conversando
com inúmeras pessoas e observando o comportamento de tantas outras, percebe-se
especialmente neste “quase pós-pandemia” da COVID-19 uma acentuada falta
de paciência nas mais diversas circunstâncias. A começar de mim mesmo, preciso
reconhecer e fazer minha confissão pública, de que não poucas vezes me falta a
paciência. Chegando ao entardecer da vida e depois que se entra no “Clube das
Pessoas Idosas”, mesmo não nos dando conta de que estamos envelhecendo, a não ser
quando as crianças e os jovens nos chamam de “vovós”, a tendência é querer
resolver a vida o mais depressa possível, recuperar tempo perdido, fazer acerto
de contas, reajustar atividades, as mais inusitadas, correndo de um lado a
outro, esquecendo que já temos mais a mesma versatilidade de anos passados. E
os anos passam a cada ano bem mais depressa. Tudo isso nos conduz à falta
de paciência!
Sabemos
que a paciência “é a qualidade de quem sabe esperar e a virtude que consiste em
suportar dores, infortúnios com resignação”. Depois de confinados ou privados
de encontros, confraternizações, atividades de trabalho, lazer ou de tantas
outras naturezas; depois de obrigados a adiar congressos, assembleias, celebrações,
como matrimônios, aniversários e viagens, submetidos a encontros somente
virtuais, tem-se a impressão de que, como animalzinho saído de confinamento, corre-se
para “resolver o mundo”, que por mais de dois anos quase parou. Ao invés de reconhecermos
aprendizados que a pandemia nos proporcionou, assola-nos a falta de paciência!
Corremos
atrás do tempo, como as crianças numa pelada de futebol correm atrás da bola. Só
mesmo fazendo o Gol é que nos aquietamos. Ficamos frustrados quando esse não
sai. É bem verdade que retomamos alguns valores importantes: valorizamos mais a
vida, fizemos uma mais profunda e prolongada experiência de solidariedade, nos
tornamos mais sensíveis em relação a tantas perdas: das vidas de pessoas
amadas, de empregos, oportunidades de bons negócios, de estudos mais apurados,
de abraços mais apertados e de encontros presenciais edificantes.
Mesmo
assim constata-se a falta de paciência na convivência hodierna
das pessoas, e eu me incluo nesse grupo, suplicando o perdão às pessoas com
quem convivo nas Comunidades e em outras atividades que tento desenvolver. Nem
sempre sei exercer a virtude da paciência, quando as coisas não acontecem como
previa ou desejava, mesmo que em benefício da promoção da dignidade do próximo!
A falta
de paciência é notória nas salas de aulas. Seria compreensível se fosse
nas salas de aulas dos pequeninos, mas refiro-me aos alunos de cursos
superiores, nas faculdades; nas filas aguardando atendimentos médicos; nas filas
dos caixas de supermercados; nas filas do transporte público, quando a UBER
demora em demasia ou desiste de atender a viagem solicitada; nos desvios
indicados por conta das obras da mobilidade urbana, que está deixando nossa
cidade mais ágil, segura e bonita; nas expressões de opinião, como por exemplo
sobre as eleições que se aproximam, e nem por último quando o sermão do padre
passa dois minutinhos do tempo que pensamos ele deveria ter utilizado para
pregar. Gastamos horas a fio em estádios de futebol, nos barzinhos que depois
da fase aguda da pandemia sempre estão lotados, nos shows e, finalmente
dialogando com o celular, ao invés de conversar mais com os familiares nos
próprios lares. Desses últimos ouve-se frequentemente a mesma reclamação: nesta
casa há muita falta de paciência!