Padre Gilberto Kasper é Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro
de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro
do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da
Paróquia Santa Tereza de Ávila, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres
da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com
A obra “Lições do Papa
Francisco – Inspirações para uma vida melhor” de 2019, o Papa Francisco aborda pedagogicamente,
entre os demais, o primeiro Sacramento da Iniciação Cristã, o Batismo. Já no
início de sua abordagem, o Pontífice responde à pergunta: “Por que batizar uma
criança que não entende? Esperemos que cresça, e que ela mesma peça o batismo.
Agir assim significa não
ter confiança no Espírito Santo, porque quando nós batizamos uma criança, entra
naquela criança o Espírito Santo e Ele faz crescer nela as virtudes cristãs que
depois florescerão.
Sempre se deve dar essa
oportunidade a todos, a todas as crianças, de ter dentro de si o Espírito Santo
que as guia durante toda a vida”.
Dom Antônio Emídio Vilar,
Bispo Diocesano de São José do Rio Preto, dizia numa entrevista à Rede Vida no dia
25 de maio passado, que os pais, quando preferem deixar de batizar os filhos
pequeninos, a fim de que eles mesmos decidam se desejam ou não este sacramento
já no pleno uso da razão, na adolescência, juventude ou até na vida adulta,
deveriam refletir melhor. E afirmava o Prelado, que para esses pais ele sugere
que também esperem os filhos crescerem, para que decidam se querem ou não se alimentar.
É claro que não sobreviveriam. O Batismo, segundo Dom Vilar, é o ingresso na
vida de Cristo, que é a cabeça da Igreja da qual os batizados são os membros. É
o ingresso na grande Família de Deus, que é nosso Pai comum, fazendo-nos irmãos
e irmãs uns dos outros.
Já o Papa Francisco,
sobre batizados levanta a questão: “O que significa revestir-se de Cristo? São
Paulo recorda quais são as virtudes que os batizados devem cultivar: ‘escolhidos
por Deus, santos e amados, devem revestir-se de sentimentos de ternura, de bondade,
de humildade, de mansidão, de magnanimidade, suportando reciprocamente e
perdoando uns aos outros, mas, sobretudo, devem revestir-se da caridade que os
une de modo perfeito’”.
Enquanto eu chamo o
batismo de segundo parto, nascimento do útero da Igreja, a Pia ou Bacia
Batismal, o Papa Francisco o chama de “Segundo Aniversário. Aquele de vocês que
não se lembra da data do batismo, pergunte à sua mãe, aos seus tios, aos
primos: ‘Você sabe qual é a data do meu batismo?’ E não se esqueça jamais.
E agradeça ao Senhor,
porque é o dia em que Jesus entrou em você, o Espírito Santo passou a habitar
em você. Entenderam bem o dever de casa? Todos nós devemos saber a data do
nosso batismo. É outro aniversário: é o aniversário do renascimento”.
Por isso a vida dos
cristãos é constituída de três partos: no primeiro parto nascemos do útero
materno, proporcionando alegria a todos os familiares; no segundo parto,
nascemos do útero da Igreja por meio do sacramento do Batismo, mergulhados na
Pia ou Bacia Batismal e, finalmente, no terceiro parto, partimos do útero da
vida terrena à vida eterna. E quando esse parto acontecer, nosso nome ecoará na
eternidade: nenhum segundo adiantado e muito menos atrasado. Será o grande
encontro visível com Deus. Veremos Deus como Deus é, e isso nos bastará. É
sobre essa esperança que se debruça nossa fé, recebida como dom gratuito no dia
de nosso batismo.