Padre Gilberto é Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro
de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro
do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da
Paróquia Santa Tereza de Ávila, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres
da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com
“Nascemos duas vezes: a
primeira à vida natural; a segunda, graças ao encontro com Cristo, na fonte
batismal. Ali morremos para a morte, para viver como filhos de Deus neste
mundo. Ali nos tornamos humanos como jamais poderíamos imaginar. Em nós vive e
age o Espírito de Jesus, primogênito de muitos irmãos, de todos aqueles que se
opõem à inevitabilidade das trevas e da morte. Que graça quando um cristão se
torna verdadeiramente ‘Cristóforo’, ou seja, ‘portador de Jesus’ no mundo!
No dia do nosso batismo,
ressoou para nós a invocação dos santos. Muitos de nós, naquele momento, éramos
crianças, portanto, estávamos nos braços dos pais. Pouco antes de fazer a unção
com o óleo dos catecúmenos, símbolo da força de Deus na luta contra o mal, o
sacerdote convidou toda a assembleia a rezar por aqueles que estavam para
receber o Batismo, invocando a intercessão dos santos. Aquela era a primeira
vez em que, no curso da nossa vida, nos era presenteada essa companhia dos
irmãos e irmãs ‘maiores’ – os santos -, que passaram pela nossa mesma estrada,
que conheceram nossos mesmos cansaços e vivem para sempre no abraço de Deus. A
carta aos Hebreus define essa companhia que nos circunda com a expressão ‘multidão
de testemunhas’ (12,1). Assim são os santos: uma multidão de testemunhas”
(Lições do Papa Francisco – Inspirações para uma vida melhor, Fontanar, 2019,
pp. 96-97).
Assim podemos afirmar que
o batismo nos torna seres divinizados. Não divinos. Seres divinizados aqui compreendido
como candidatos à santidade. Mas não basta ser batizado. É necessário o esforço
em busca da santidade, começando pelas atitudes e escolhas, as mais simples,
propostas pelo Evangelho de Jesus Cristo. Santo é todo aquele que, morrendo, vir
Deus como Deus é, e que nossos olhos humanos não conseguem enxergar. É a visão
beatífica guardada para aqueles que se abrem à graça de Deus, ao Evangelho de
Jesus e aos dons do Espírito Santo, ao longo da vida terrena.
Poderíamos nos comparar a
uma esponja, aquela de lavar a louça. Geralmente a esponja tem um lado macio e
outro mais áspero, para limpar o que lava, de gorduras e resíduos que o lado
macio não consegue limpar. A fim de que a esponja exerça seu serviço de limpar
copos, louças, talheres entre outros objetos, ela precisa estar enxarcada de
água. Seca, a esponja risca o que deveria limpar. Machuca ao invés de fazer
brilhar. Aquela água na qual fomos mergulhados no dia de nosso batismo, é expressão
da presença do Espírito de Jesus, do Espírito Santo, que não só lava as
criaturas, como também as robustece na fé recebida como dom gratuito e
precioso.
Nossa tarefa é, portanto,
nunca deixar a esponja que somos, secar. Na oração diária, participação comprometida
com a Comunidade de Fé, Oração e Amor, seja nas celebrações dominicais da
Eucaristia, seja em outras tantas atividades pastorais, mas sobretudo na
prática da caridade.
Depois de 32 anos de
ministério sacerdotal, encontro não poucas vezes pessoas pelo caminho que me
dizem: “O senhor me batizou, o senhor me deu a primeira comunhão, o senhor fez
meu casamento”. Quando pergunto a qual comunidade pertencem e em qual comunidade
participam, fico profundamente entristecido: a maioria emudece ou diz não
participar. Então me examino e no meu exame de consciência faço aquela célebre
pergunta que muitos pais se fazem, quando os filhos desandam: “Onde foi que
errei? O que deixei de fazer melhor?” E me pergunto, outrossim, onde estão as
famílias das crianças que batizei, pelo menos, nesses 14 anos em que caminho
com a amada Comunidade da Igreja Santo Antoninho? Muitos anciãos faleceram ou
estão impedidos de vir à Igreja. Para elas somos a “Igreja do Ir”. Mas e os
demais que prometeram mundos e fundos para batizarem seus filhinhos, onde
estão?