Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia
Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e
Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da
Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do
Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia
Santa Tereza de Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese
de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com
Durante o mês de maio
acompanhamos os mais diversos Veículos de Comunicação divulgando uma ampla
campanha por um Trânsito mais educado, humano e menos violento. Pudemos
conhecer as estatísticas assustadoras de vítimas do trânsito principalmente da
cidade de Ribeirão Preto. Insisto, como muitos sociólogos, na afirmação de que
o trânsito de uma cidade demonstra o grau de educação do povo da mesma. E então
nossa resposta se dá na estatística do elevado número de óbitos e fraturados.
Todos, frutos de nosso egoísmo, falta de atenção, insensibilidade, raiva,
pressa, sem falar nas constantes infrações que vamos cometendo, como avançar
sinal vermelho, vias preferenciais sem observar a Placa “PARE”, falando ao
celular e acelerando para que ninguém nos ultrapasse.
Ninguém escapa da
tragédia em que se transformou o trânsito de nossa Metrópole. Tem-se a
impressão de que motoristas, motociclistas e nem por último transeuntes
pedestres fazem questão de viver no limite do perigo, colocando, igualmente, a
vida dos outros em risco iminente de morte.
As grandes avenidas
se tornaram um perigo, como por exemplo, a Meira Júnior, a Via Norte,
Independência e outras. Já nos bairros, as Vias Preferenciais são
desrespeitadas com boa sinalização ou não. Mesmo assim a fiscalização por
radares continua “atrás das moitas” de grandes avenidas. A arrecadação seria
bem superior, se os Guardas multassem abertamente mais naquelas vias tão
amplamente divulgadas pelas reportagens exibidas nesse mês de maio, chamado de “Amarelo”
por remeter a atenção da população sobre o trânsito perigoso, que só nesses
primeiros meses do ano já matou mais de 200% do que no ano passado. As multas
seriam bem mais volumosas e a pontuação nas carteiras de habilitação talvez sensibilizassem
mais nosso povo pela punição, já que transitam, egoisticamente, sem educação.
Alguns afirmam que a
sinalização da cidade está precária. Não concordo. Observo carros e motos
ignorarem os sinais mais visíveis e evidentes, sem nenhum escrúpulo. Os
acidentes já se tornaram tão triviais, que nos acostumamos a eles sem nenhuma
indignação. Por isso certos psicanalistas afirmam que as pessoas estilam ódio,
raiva e desalentos no trânsito, como “válvulas de escape”, sem importarem-se
mais com o valor da vida, como se espera do ser humano.
O desrespeito no
trânsito começa com a não observância dos sinais. Passa depois para xingamentos
mal-educados e muitas vezes agressivos. Daí para uma batida ou atropelamento
basta mais alguns segundos e pronto. Não vejo por que a facilitação de armas em
nosso País, já tão menos pacífico do que há alguns anos. A má condução de
qualquer veículo se tem tornado armas perigosas, ferindo e matando como nunca
antes. Por isso meu apelo a todos os queridos interlocutores: não procuremos
culpados fora de nós mesmos; façamos cada um, nossa parte, reassumindo com
responsabilidade o valor da própria vida e da vida do próximo. Só assim o trânsito deixará
de ser uma tragédia. Causaremos menos despesas na Saúde, no bolso e
certamente evitaremos um número bem menor de mortes causado pela simples
irresponsabilidade ao volante!