Padre
Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e
Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor
Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão
Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da
Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da
Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e
Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com
“As primeiras palavras do texto do Decreto sobre o Ecumenismo
Unitatis Redintegratio (UR) correspondem bem às expectativas que haviam sido de
São João XXIII: ‘Promover a restauração
da unidade entre todos os cristãos é um dos principais propósitos do sagrado
Concílio Ecumênico Vaticano II’ (UR, n.1). O decreto afirma, com efeito, que a
divisão confessional ‘contradiz abertamente a vontade de Cristo’ (UR, n.1).
O decreto UR trata em seu primeiro capítulo dos Princípios
Católicos do Ecumenismo que desenvolve a unidade e unicidade da Igreja, as
relações entre irmãos separados e Igreja católica, aprofundando o sentido do
ecumenismo ideal. A Prática do Ecumenismo ocupa um segundo capítulo do decreto:
a união que deve interessar a todos, a renovação da Igreja, a conversão do
coração, a união na oração, o conhecimento mútuo, a formação ecumênica, os
modos de exprimir e de expor a doutrina da fé e a cooperação com os irmãos
separados. Já o terceiro capítulo contempla as Igrejas e Comunidades Eclesiais
separadas da Sé Apostólica Romana. Incentiva à contemplação, respeito ao
diferente, como no caso das grandes religiões: o Judaísmo, o Hinduísmo, o
Islamismo, o Budismo e o Cristianismo com as incontáveis confissões dele
separadas.
O decreto UR “deseja insistentemente que as iniciativas dos filhos
da Igreja católica se desenvolvam juntamente com as dos irmãos separados; que
não se ponham obstáculos aos caminhos da Providência; e que não se prejudiquem
os futuros impulsos do Espírito Santo. Ademais, declara estar consciente de que
este santo propósito de reconciliar todos os cristãos na unidade de uma só e
única Igreja de Cristo excede as forças e os dotes humanos. Por isso, deposita
inteiramente a sua esperança na oração de Cristo pela Igreja, no amor do Pai
para conosco e na virtude do Espírito Santo. ‘E a esperança não decepciona,
porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que
nos foi dado’ (Rm 5,5)” (cf. UR, nn. 2-24).
“O Concílio Ecumênico Vaticano II instituiu a unidade dos cristãos
como um de seus objetivos principais. Ele nos quer católicos firmes na fé e
abertos ao diálogo, acolhedores, sem fechamentos e jamais sectários. Cristo
fundou uma só e única Igreja. Através dos séculos, em razão de lamentáveis
acontecimentos, essa unidade foi se quebrando. No diálogo ecumênico, o concílio
nos recomenda constante renovação da Igreja, pois Cristo nos chama a perene
reforma, à conversão da mente e coração; convoca-nos à oração comum entre as
Igrejas. Exemplo positivo reside na Semana de Orações pela Unidade dos Cristãos.
Insiste no respeito mútuo, em projetos de aprofundamento bíblico, teológico e
no campo social. No Brasil, o abençoado Conselho Nacional de Igrejas Cristãs
(CONIC) abraça todos esses objetivos, sendo preciosa associação fraterna de
Igrejas cristãs!” (Dom Angélico Sândalo Bernardino 2012).
Com a celebração dos 50 anos do precioso evento do CONCÍLIO
ECUMÊNICO VATICANO II, a recente história registra o zelo e empenho dos Santos
Padres, São João Paulo II e o Papa Emérito Bento XVI, caminhando ao encontro do
diálogo respeitoso e evangélico dos que estão separados, dos orientais,
incluindo judeus, islâmicos, hinduístas, budistas, bem como os que causaram nas
últimas décadas a “hemorragia” da
Igreja Católica, os que se declaram “sem
religião” ou que migraram para algumas das incontáveis seitas pentecostais
ou mercantilistas. Com sabor de Sínodo somos conclamados à coerência
e ao bom-senso entre o que professamos e vivemos, a fim de atrair para a
verdadeira Igreja de Jesus Cristo, nossos irmãos afastados, sendo para eles, a Igreja do Ir ao encontro.
Não podemos negar de que ainda estamos aquém de um verdadeiro Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso. É lamentável a disputa e a concorrência
por número de fiéis. Talvez esquecemos de que Deus não é nosso: nós
somos de Deus!