Padre Gilberto Kasper é Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro
de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro
do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da
Paróquia Santa Tereza de Ávila, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres
da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com
Meus próximos artigos
pretendem tratar de inúmeros pedidos, começando pela procura de Batizados. São
pessoas muito queridas que enviam mensagens por WhatsApp, E-mail ou que ligam pedindo
informações sobre o que é necessário para batizarem seus filhos. Com muita
ternura respondo que não trato a celebração de batizados, a não ser pessoalmente.
Mesmo assim pergunto à qual Comunidade Paroquial pertencem e qual Igreja
frequentam. Impõem-se de pronto um silêncio do outro lado da linha. Depois de
repetir a pergunta, as respostas são as mais estranhas possíveis: uns dizem que
não participam de nenhuma Paróquia, outros afirmam participar de Missas em
Paróquias diversas de acordo com sua disponibilidade, e outros ainda dizem que
na Paróquia que frequentam ou não há horários disponíveis ou não foram
aprovados para batizar seus filhos.
Alguns aceitam uma
conversa preliminar presencial, já outros desligam o telefone com a impressão
de descontentamento, e ainda outros somem porque não participam de nenhuma Comunidade.
O Batizado, a não ser em casos emergenciais, deve sempre ser celebrado
juntamente com a Comunidade de Fé, Oração e Amor. O Batismo, sendo o primeiro
Sacramento da Iniciação Cristã, é a porta de entrada para a grande Família de
Deus. A criaturinha batizada, mergulhada na Pia ou Bacia Batismal, celebra seu
segundo parto, nascendo do útero da Igreja. Pais, Padrinhos e Familiares
renovam naquela ocasião suas próprias Promessas Batismais, prometendo educar na
mesma fé, que eles um dia receberam, a criança, agora adotada como filhinha de
Deus!
Quando, nas celebrações
dos Batizados pergunto aos pais e padrinhos, se sabem o dia em que foram batizados,
a maioria diz “não”. Fico triste, porque se não sabem o dia do batismo, como
podem afirmar que o celebram e que o vivem, conscientemente, inseridos e
comprometidos numa Comunidade?
Gosto de comparar a fé
recebida no Batismo, contando uma pequena estória: Um moço pretende noivar com
a menina por quem se sente apaixonado. Vai à casa dos pais dela para pedi-la em
noivado. Antes passa numa joalheria para comprar o anel de noivado. A atendente
que lhe vende um belíssimo anel de brilhantes, embrulha-o num lindo estojo
aveludado e faz um bonito pacotinho de presentes, com fitinha e o selo da
joalheria. Já na casa da menina, o rapaz faz o pedido e entrega-lhe o pacote com
o anel de noivado. A moça fica encantada com o embrulho. Nem se dá o trabalho
de abrir o lacinho e desembrulhar o estojo que contém o anel de brilhantes.
Recebe o pacote e corre para escondê-lo na última gaveta de sua camiseira, a fim
de que ninguém o encontre. Fica lá escondido e somente ela sabe onde o guardou.
É exatamente o que muitos fazem com a fé (aqui comparada ao anel de brilhantes)
recebida no dia do seu batismo. Escondem-na e ninguém mais verá, como o anel
que deveria brilhar no dedo da moça, a fé não é demonstrada a mais ninguém. Fé
que não brilha é fé sem obras. É fé ensimesmada!
Ao final de cada batizado
costumo entregar uma Bíblia aos pais, lembrando que eles são os primeiros
catequistas de seus filhos. A maioria terceiriza a catequese dos filhos, como
terceirizam o aprendizado da alfabetização, da natação e de tantas outras
atividades, quando a criança já aprendeu a andar, falar e até a cantar as
músicas de cantoras famosas.
É na Comunidade de Fé,
Oração e Amor que as Famílias encontram suporte para acolher, inserir e
transmitir os valores religiosos aos seus filhos. Numa das Comunidades em que
sirvo, um menino de um aninho de idade acompanha os pais às celebrações todos
os sábados. O pai toca violão e serve a Comunidade através do Ministério da
Música. Já a mãe participa cuidando do filhinho, que corre de um lado a outro expressando
uma alegria imensa e gesticulando as mãozinhas, como que rezando e cantando com
a Comunidade. Logo esse menino, a exemplo dos pais, estará servindo sua Comunidade,
porque se sente acolhido e amado por ela. Já os que depois dos batizados “sumiram”,
talvez continuem compreendendo a Igreja como supermercado de sacramentos, e
isso precisa mudar!