Padre
Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e
Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor
Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão
Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da
Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Tereza de Ávila e Reitor da
Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e
Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com
É
difícil escrever um artigo sobre como celebrar o aniversário da Cidade
num tempo em que a Pandemia persiste. Com
razão, afirma-se de que somos reféns de uma crise sanitária trazida, em parte,
pelo novo Coronavírus, a COVID-19, mas também é evidente que os investimentos
na saúde nem sempre são prioridade, ou pelo menos, nem sempre são levados a
sério tanto em nossa macro-região, como em nosso País Continental, não obstante
ainda tenhamos a Saúde de melhor qualidade tanto em nossa aniversariante
cidade, como em São Paulo, o mais rico Estado do Brasil. Já as crises econômicas,
políticas e morais, aparentemente fogem ao controle dos Municípios. Elas, as
crises, se nos são impostas desde a esfera Federal e também Estadual. O que não
se pode negar, é que crises em geral, a
priori, angustiam todos os cidadãos.
.A
magnífica Professora e Escritora Maria Helena Silva Dutra de Oliveira, de
saudosa memória, um dia enviou-me uma mensagem de George Carlin, que me ajuda a
escrever este artigo, porque provoca uma reflexão e nos convida a encontrar um
jeito de como celebrar o aniversário da Cidade de Ribeirão Preto. O aniversário
é de todos, é nosso, é de cada cidadão ribeirãopretano.
O
paradoxo de nosso tempo na história é que nós temos edifícios mais altos, mas
temperamentos mais curtos, estradas mais largas, mas pontos de vista mais
estreitos. Nós gastamos mais, mas temos menos; compramos mais, mas aproveitamos
menos. Temos casas maiores e famílias menores, mais conveniências, mas menos
tempo. Temos mais diplomas, mas menos sabedoria, mais conhecimento, mas menos
espírito crítico, mais especialistas e mais problemas, mais remédios e menos
bem estar.
Nós
bebemos muito, fumamos muito, gastamos sem cuidado, rimos muito pouco, guiamos
muito depressa, ficamos muito bravos, dormimos muito tarde, levantamos muito
cansados, lemos muito pouco, vemos muita televisão, rezamos muito raramente.
Multiplicamos nossas posses, mas reduzimos nossos valores. Nós falamos muito,
amamos muito raramente, e temos raiva frequentemente.
Aprendemos
como ganhar a vida, mas não uma vida.
Acrescentamos anos à nossa vida, mas não vida aos nossos anos. Vamos até
a lua e voltamos, mas temos problemas para atravessar a rua para cumprimentar
um vizinho. Conquistamos o espaço exterior, mas não o nosso espaço interior.
Nossa
cidade aniversariante antes feia e descuidada, agora já demonstra novamente
zelo e beleza, porque seu povo continua lindo e cheio de novas esperanças. Já é
novamente possível “cortar o bolo de aniversário”, porque “não levamos o bolo de novo” e a cada dia que amanhece não
esqueçamos, de que cada um de nós tem sua parcela de responsabilidade:
Exercendo a cidadania, cumprindo com nossa parte, e pedindo a quem nos governa,
Executivo e Legislativo seja servidor do povo, garantindo-lhe sua dignidade!
Desejo muito que o
distanciamento social, e outras novas posturas que precisamos tomar para
superar a Pandemia que continua nos surpreendendo a todos, nos ajudem a sermos
pessoas melhores. Não cesse nossa capacidade de sermos solidários e olharmos
para nossos concidadãos com olhos de um coração sempre mais generoso e sempre
menos egoísta. Não deixemos que a desigualdade social cicatrize ainda mais
nossa rica e tão acolhedora cidade aniversariante de Ribeirão Preto!