Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com
Mas
não basta oferecer alimentos e atividades que saciem a fome e ocupem nossas
crianças, adolescentes com suas famílias em tempo de isolamento e
distanciamento social. Há seis anos deixamos de ser uma espécie de “depósito de
crianças e adolescentes”, chamando ao compromisso e corresponsabilidade as
Famílias. Através de encontros de formação, de reuniões sistemáticas as
famílias foram se envolvendo nas atividades de nossa Instituição. Os resultados
foram muito positivos. Não houve mais nenhuma gravidez precoce, os adolescentes
deixaram de ser “engolidos” pelo chamado “pequeno tráfico de drogas”, e vêm
demostrando grandes êxitos tanto na escolaridade como na formação humana, ou
educação de berço.
Depois
de oito meses de atendimento ininterrupto na Sede do Núcleo Dom Bosco, chegou o
momento da magnífica Equipe de Colaboradoras pedirem licença para entrarem na
casa de cada Família assistida. A alegria da acolhida por parte das Famílias é
encantador. Já o que nossa Equipe encontra a cada visita, é desolador. Foi
iniciativa da Coordenadora Geral Ana Abe!
Falamos
em protocolos a serem seguidos para evitarmos a contaminação do novo
Coronavírus, a COVID-19: lavar as mãos sempre, utilizar álcool em gel, manter
distância de pelo menos um metro e meio das outras pessoas, usar máscaras,
cumprimentar sem abraços e apertos de mãos.
A
cada visita um grito que nos questiona: como orientar nossos assistidos a
seguirem os protocolos? Na maioria das casinhas, mais barracos do que casas, de
apenas dois ou três cômodos repartidos por madeira de compensado ou cortinas
rasgadas, vivem no mínimo de cinco a sete pessoas, amontoadas umas sobre as
outras. Umas saem do barraco para outras entrarem. Inúmeras famílias não
possuem água potável e não têm as mínimas condições de adotarem nenhum dos
protocolos previstos para evitar a proliferação da COVID-19.
Algumas
Famílias estendem seus problemas para além da preocupação com a contaminação do
novo Coronavírus. São pais encarcerados, mães grávidas de outro companheiro,
que não aquele com que convivem neste momento, crianças entre dois e três anos
aos cuidados das avós, filhos que há meses não aparecem em casa, sem falar
naqueles que jamais voltarão.
Sei
que todas as nossas esforçadas Entidades, as que assumem o que seria
responsabilidade de nossos governantes em todas as instâncias, mas não dão
conta de fazê-lo, porque a Assistência Social em nosso País sempre ficou “para
depois, caso sobre alguma migalha”, se envolvem integralmente junto às famílias
das crianças, adolescentes e jovens que assistem.
Mas
não poderia deixar de registrar a mais profunda gratidão a todos que acreditam
no trabalho sério do FAC, e por meio das inúmeras parcerias nos ajudam a manter
nossos projetos em favor do resgate da dignidade humana de cada criança,
adolescente e família.
Assim
sendo, não basta doar cestas básicas: seria muito enriquecedor ir conhecer quem
recebe as mesmas cestas para não adoecer de fome. Quem desejar juntar-se a nós
nessas visitas, fique à vontade e venha deparar-se à verdadeira disparidade
entre os que doam e os que recebem! Eu me converti!