Padre
Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e
Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor
Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão
Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da
Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da
Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e
Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com
Continuamos
nossa reflexão sobre o Dízimo, que em tempo de Pandemia, sofre as consequências
de um “novo normal”, que atingem as
amadas pessoas e famílias de nossas Comunidades de Fé!
O Antigo Testamento apresenta o dízimo como prescrição divina. Inúmeras são as passagens bíblicas
onde se prescreve a obrigatoriedade de se dar o dízimo ao culto. No Antigo Testamento prevalece o dízimo legal, no sentido literal de
décima parte, consagrada a Deus, para a manutenção do culto, dos ministros e da
assistência aos necessitados. “Abraão... lhe dá os dízimos de tudo” (Gn 14,18-20). “De tudo que me concede, lhe
consagrarei fielmente a décima parte” (Gn 28,20). “Todo dízimo é coisa
consagrada ao Senhor” (Lv 27,20). “Pode o homem enganar a Deus?... Trazei,
pois, todo o dízimo para o templo de Deus” (Mt 3,8-10).
No Novo Testamento, o dízimo
toma o sentido de oferta, consciente e livre, corresponsável e comunitária,
generosa e alegre, numa relação com Deus, para a manutenção do Culto Divino,
Evangelização, Missão e Assistência da Comunidade Cristã.
O próprio Cristo ensina que quem se
dedica à Evangelização tem o direito de viver da pregação e nos mostra que, ao
lado de deveres para com o estado, temos deveres para com a fé: “Daí a César o que é de César (impostos) e a Deus o que é de Deus (dízimo)” (Lc 20,25). Em muitos outros textos no
Novo Testamento, sobretudo nos Atos dos Apóstolos e nas Cartas de São Paulo,
encontramos ricos testemunhos e princípios de que os cristãos devem dar a sua
contribuição material para a manutenção dos ministros, as despesas do culto e a
assistência aos pobres: “Recebestes de
graça, daí de graça” (Mt 10,8-10). “Não sabeis que os ministros do culto vivem
dos proventos do templo e os que servem o altar participam do altar? Assim aos
que anunciam o Evangelho ordenou o Senhor viverem do Evangelho” (I Cor 9,4-14).
“Cada um dê, conforme decidiu no seu
coração, sem tristeza nem constrangimento, porque Deus ama a quem dá com
alegria” (II Cor 9). “Se entre vós semeamos bens espirituais, será, porventura
demasiada exigência colhermos de vós bens materiais?” (I Cor 9,11). “Os fiéis
viviam todos unidos e tinham tudo em comum... repartindo tudo... conforme as
necessidades de cada um” (At 2,44-45).
Sem desmerecer outras formas de contribuição, o Dízimo é a forma mais legítima de
expressar a corresponsabilidade de todos os membros da Comunidade. Todos nós já
estamos bastante convencidos de que a Igreja precisa dos recursos humanos e
materiais para desenvolver suas atividades. E nós somos responsáveis pelos
meios e recursos de que a Igreja precisa, pois nós somos membros dela. Não
permitamos certo colapso em nossas Igrejas!
Por isso separamos, do muito que
Deus nos deu, uma parte que Ele nos dá e a separamos para oferecer a Deus como Ato
de Amor e Gratidão! O dízimo não
é “esmolinha” qualquer, não é uma
contribuição forçada, não é um pagamento constrangido, porém, é uma atitude de
filhos, pela qual dizemos a Deus “muito
agradecido” por tudo que Ele nos deu. É a nossa pequena parte oferecida
para que não falte o necessário para que os outros O conheçam e O amem.
Devido às inúmeras dificuldades de “sobrevivermos” em nosso País, a CNBB –
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil sugere que, pelo menos reservemos,
mensalmente, 2% de nossos salários para o dízimo.
Porém, se cada cristão católico, oferecesse 1% de seu salário bruto à sua Comunidade de Fé, ficando com os
restantes 99% para as demais despesas, não precisaríamos realizar tantas
promoções, a fim de arrecadar o necessário para a sobrevivência de nossas
atividades pastorais e materiais.
Finalmente, dar o dízimo justo à Comunidade não é favor e
nem deve ser recompensado: antes é dever e compromisso, transformados em Ato
de Amor e Gratidão!