Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Os últimos serão os primeiros
e os primeiros serão os últimos” (cf. Lc 13,30).
A Palavra de
Deus deste Vigésimo
Primeiro Domingo Comum do Tempo Litúrgico nos
coloca diante de Jesus Cristo, que nos ensina a desinstalar-nos de nossas eventuais e possíveis
autossuficiências para vivermos melhor a proposta do Reino de Deus e, assim,
sermos felizes, fazendo felizes os outros.
São poucos os que vão ser salvos?
Muitos cristãos vivem com esta pergunta martelando em sua cabeça e afligindo
seu coração, pergunta, às vezes, inculcada por
pregadores insensatos.
O Senhor nos reúne para a celebração
da eucaristia, que nos educa no caminho de Jesus. Mas não basta comer e beber
na sua presença; somos chamados a passar pela porta estreita que conduz ao
banquete do reino.
Acolhamos a palavra de Deus, o qual
chama todas as pessoas para formarem um povo santo que caminhe na justiça,
instruído por seus ensinamentos, e que participe do banquete festivo do reino.
O profeta Isaías convida todas as
nações a ver e proclamar a glória de Deus. Deus prepara o banquete para todos;
para entrar, porém, não basta somar rezas, é necessária a prática da justiça.
Todos precisamos passar pela escola de Deus e aprender a resistir e perseverar.
Oferecendo o seu Corpo e Sangue em
alimento, Cristo nos torna todos irmãos e irmãs na fé. Apresentemos a Deus a vida
e a missão de todos os que assumem algum ministério ou serviço na comunidade,
especialmente os incontáveis Catequistas e Agentes de Pastoral.
Jesus hoje nos alerta que salvação é
para todos, vindos de todos os lados, dos quatro ventos, de perto e de longe.
Só não é para aqueles que se fecham na sua autossuficiência e nos presumidos
privilégios. A página do Livro do Profeta Isaías lembra que Deus não apenas
quis salvar o povo de Israel do exílio babilônico, como também o encarregou de
abrir o Templo da Aliança a todas as nações. Quando Deus concede um privilégio,
como foi a salvação de Israel do cativeiro babilônico, este privilégio se torna
responsabilidade para com os outros. Deus rejeita a autossuficiência.
Isso leva, a nós, cristãos, a pensarmos! Existem muitos cristãos
instalados, que se sentem seguros fazendo formalmente tudo o que lhes foi
prescrito, mas não assumem com o coração aquilo que Jesus deseja que façam, sobretudo o incansável amor ao próximo. Eles ficarão de fora, se não se converterem, enquanto outros,
considerados pagãos, vão encontrar lugar no Reino. Aqueles que só servem a Deus com os lábios e não com o coração e
de verdade, o Senhor não os conhecerá!
Numa palavra, o Reino exige desinstalação. Exige
busca permanente daquilo que é realmente ser cristão: não apegar-se a fórmulas
farisaicas, mas entregar-se a uma vida de doação e amor, que sempre nos
desinstala. Então a questão não é se poucos ou muitos vão ser salvos. A questão
é se estamos dispostos a entrar pela porta estreita de desinstalação e do compromisso com os que sempre foram
relegados. A questão é se abrimos amplamente a porta de nosso coração, para que
a porta estreita se torne ampla
para nós também. Deus não fechou o número. A nós cabe nos incluirmos nele.
Nosso amado Papa Francisco insiste
numa Cultura do Encontro, capaz de
superar e de extirpar de nossas relações
familiares, eclesiais, políticas e sociais, as Culturas do Consumismo, do
Carreirismo, do Prestígio a todo custo, da Conveniência e da Conivência com as
inúmeras injustiças sociais a que somos acostumados. Não basta ser um “Católico Certinho”, aparentemente
apenas. É preciso algo mais: o compromisso com a promoção da Dignidade Humana. Despir-nos de
nossa arrogância que nos leva, facilmente, a emitirmos juízos sobre o
comportamento dos outros, e olhar mais para os porões de nossa intimidade, que
não poucas vezes cheira mal. Tal conversão é um exercício contínuo e muitas vezes dolorido. Mas se não nos
configurarmos com Jesus Cristo na relação com nossos irmãos, não passaremos pela porta estreita. Iniciemos hoje
mesmo a dieta que nos emagreça de nossa prepotência, achando que somos
melhores, porque damos o dízimo, comungamos sempre e até ocupamos algum cargo
ou função nesta vida. Se não estivermos sempre dispostos a promover a Cultura da Vida, de nada terá
adiantado o mero cumprimento de preceitos!
Sejamos agradecidos aos tão queridos
e esforçados catequistas e vocacionados para os vários ministérios e serviços
na Comunidade. Lembremos hoje, especialmente, de que a Igreja de Jesus Cristo é toda ela,
missionária e ministerial, ou não é Sua!
Sejam todos sempre abençoados. Com
ternura e gratidão, meu abraço amigo e fiel,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Is 66,18-21; Sl 116(117); Hb 12,5-7.11-13 e Lc 13,22-30).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de
Agosto de 2019, pp. 90-93 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II
(Agosto de 2019) pp. 10-13.