Padre
Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e
Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor
Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão
Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da
Pastoral da Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da
Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com
“De 8 a 12 de julho, no Seminário Santo
Antônio, Alto da Serra, em São Pedro (SP), os Padres da Arquidiocese de
Ribeirão Preto, juntamente com o Arcebispo Metropolitano, Dom Moacir Silva, se
encontram em Retiro Espiritual. O pregador será Dom Ilson de Jesus Montanari,
Secretário da Congregação para os Bispos e do Colégio Cardinalício no Vaticano”
(cf.
Pe. Ivonei Adriani Burtia, Representante dos Presbíteros).
O
Retiro Anual dos Padres é um dos eventos mais fortes e marcantes na vida da
Igreja particular. São dias de recolhimento, deserto, reflexão e revisão da
vida espiritual dos Padres que, em torno de seu Arcebispo, avaliam sua vida
ministerial e buscam novo ânimo e novas perspectivas para o ministério
pastoral. Ser cada vez mais pastor configurado com Cristo, o Bom Pastor!
Vivemos
tempos em que se exige muito dos padres. Os avanços tecnológicos tomam
demasiado tempo deles e se espera por respostas imediatas. Daí correr o risco
dos padres serem engolidos pelo ativismo, por tarefas intermináveis, exigências
pastorais que se avolumam, mas nem sempre se aprofundam. Os dias de retiro
sugerem que os padres descansem, desliguem seus aparelhos e se distanciem,
fisicamente, de suas Comunidades. Já as Comunidades confiadas aos Padres têm a
obrigação de rezarem pelo êxito do retiro espiritual de todos os Padres e do
Arcebispo da Arquidiocese.
Ao
longo dos meus vinte e nove anos e meio de ministério preguei 90 retiros
espirituais. Neste mês de julho pregarei o 91º. Poderia dar-me por satisfeito.
Não basta pregar retiros. Chega o momento em que também o pregador sente a sede
de abastecer-se, desde os porões de sua intimidade, da companhia mais profunda
de Jesus Cristo, que não poucas vezes fazia seus próprios retiros: algumas
vezes sozinho, outras vezes com os seus discípulos.
Para
que o retiro alcance seus objetivos, de renovar a espiritualidade presbiteral
de cada padre, não bastam um magnífico pregador, nem um tema promissor. O
retiro é pessoal. Será o coração de cada padre que acolherá, a seu modo, tudo o
que lhe é proposto durante o retiro: o ambiente afastado dos afazeres
hodiernos, as pregações e celebrações geralmente muito bem preparadas e
criativas, só terão ressonância, se os ouvidos dos padres forem dóceis ao
essencial no retiro espiritual: a voz de Deus, o apelo de Jesus Cristo e a ação
do Espírito Santo na vida de cada um.
Não
por último, o retiro proporciona aos padres de um mesmo Presbitério com seu
Arcebispo, momentos fortes de encontro, perdão, superação de diferenças,
reconciliação e a renovação de grande fraternidade sacerdotal e caridade
pastoral. O retiro tem o objetivo de libertar os padres das relações mal
resolvidas, como a inveja clerical, a busca de prestígio, a ganância por cargos
e poder sobre os outros. Convidados a despirem-se de quaisquer pretensões, o
retiro espiritual robustece os padres em sua missão na Igreja para o mundo,
dependendo sobremaneira da intensa oração das Comunidades que merecem padres
cada dia mais santos: vazios de si próprios e encharcados dos dons do Espírito
Santo. Rezemos uns pelos outros!