Pe. Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente e Coordenador da Teologia
na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo Educacional da UNIESP S.A., Assistente
Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da
Comunicação, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de
Ribeirão Preto e Jornalista.
A vida pode ser uma sucessão de coincidências felizes, de
encontros prazerosos, de união entre as pessoas. Mas nem sempre é isso o que
vemos ao nosso redor. Na correria diária, são muitos os “ruídos” que tiram o nosso sossego e atrapalham a nossa
convivência. Nosso silêncio dialoga com o Criador! Já no entardecer da
Quaresma, somos convidados ao difícil exercício do silêncio, que nos ajudará
a sermos melhores diante de nós mesmos, dos outros e principalmente porque
ouviremos o que nos tem a dizer nosso Criador!
Por vezes nos tornamos porta-vozes
da difamação ao invés de instrumentos da Paz. Quando não tivermos nada de bom
para falar de algo ou sobre alguém, o silêncio será nossa voz e ecoará no
coração misericordioso do Pai. O silêncio nem sempre é um exercício fácil,
principalmente em meio a tantos meios tecnológicos modernos, bem como a
liberdade de expressão!
Na era da Internet, toda e qualquer
mensagem se propaga num piscar de olhos. Fatos que ocorrem num canto do planeta
atravessam fronteiras, chegando a outras cidades, outros países e continentes
com a rapidez de um clique. Alimentadas pela fofoca, histórias que envolvem a
intimidade das pessoas tomam proporções inimagináveis e invadem nossos lares como
se fossem verdades absolutas. E essas histórias fomentam antipatias,
preconceitos e desprezo.
Outro agente semeador de discórdia é
a necessidade que alguns têm de impor suas idéias e sua maneira de ser. Parecem
querer provar a si mesmos que são superiores aos outros. Muitas pessoas gostam
de recitar a Oração de São Francisco, como um poema em homenagem à Paz. É
fundamental que todos compreendam que a construção desta Paz, em nível mundial
ou dentro de casa, depende de cada um de nós. Depende de uma mudança de conduta
pessoal. Nas palavras de São João Paulo II e retomadas pelo amado Papa
Francisco, num discurso que fez em Assis, a Paz é descrita como um canteiro de
obras aberto a todos: “A paz é uma
responsabilidade universal: passa através de milhares de pequenos atos da vida
cotidiana. Por seu modo cotidiano de viver com os outros, as pessoas optam pela
Paz ou a descartam”.
Sempre que deparamos com a tentação
da discórdia, é bom lembrar o exemplo da Família de Nazaré. Foram muitas as
apreensões vividas por Maria, José e o Menino Jesus enquanto buscavam um lugar
seguro para morar, mas em nenhum momento perderam o sentido da união.
Mantiveram-se juntos para o que desse e viesse.
Assim também deve ser a nossa vida.
Não podemos nos perder uns dos outros. E, mais importante ainda, não podemos
nos perder de Deus, que é a fonte de toda união. Não nos afastemos de sua
Palavra em nossa vida pessoal, familiar, social e profissional. A fé em Deus
nos ensina a contribuir para a união entre os seres humanos.
Esse
discernimento nos leva a refletir antes de realizarmos toda e qualquer ação. A
reflexão é o exercício dos sábios. Quando desenvolvemos o hábito de refletir,
conseguimos criar um equilíbrio entre razão e emoção, atuando com mais
cordialidade e gentileza. Nossas palavras serão mais adequadas, nossas
conversas mais oportunas e positivas. Nossas decisões serão mais justas. Nosso
comportamento dará aos outros a certeza de que Nosso silêncio dialoga com o
Criador!