Pe. Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação
Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo Educacional da UNIESP, Assistente
Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo
Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
“E não vos conformeis com este mundo, mas
transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de discernir qual é a vontade
de Deus, o que é bom, agradável e perfeito”. (cf. Rm 12,2)
O
tempo de Quaresma nos convida a caminhar em direção a uma vida nova, a uma
experiência profunda da misericórdia divina que nos renova e, através de nós,
também pode transformar a sociedade. O beato Oscar Romero disse certa vez que o
tempo de Quaresma era como o seu “retiro espiritual, seu êxodo rumo à Páscoa na
qual todo o povo de Deus pudesse respirar mais vida e dignidade”. Assim, para
nós, a Quaresma é um momento importante de escutar a Deus que nos propõe vida
nova, digna e alicerçada na verdade e no amor.
“Não
nos conformar” com o mundo é dizer que nossa conversão deve se refletir nas
mudanças que a sociedade necessita para corresponder aos planos amorosos de
Deus para a humanidade inteira. Creio que não há pessoa que esteja contente com
o “mundo” de hoje: corrupção, violência, terrorismo, fome, miséria, inimizades,
intrigas, o drama dos refugiados, a falta de honestidade, os desvios de verba
pública nas áreas de educação e saúde, a falta de saneamento básico e tantos
outros descontentamentos em nossos dias.
“Transformai-vos”
mudando o pensar, o agir e o falar. A mudança, ou melhor, a conversão nossa e
do mundo é possível. É preciso que passemos dos lamentos para atitudes sinceras
de caridade e fraternidade. Nossa penitência quaresmal tem seu significado
completo quando não olhamos somente para nós, ou para aquela tranquilidade da
consciência e sim quando nossa oração e nosso jejum nos levam a uma prática
sincera de caridade que não faz propaganda e realiza o bem. As ações de
solidariedade vão de uma generosa partilha com os que mais sofrem, passa pela
coleta da solidariedade no Domingo de Ramos e deve nos levar a uma grande e
consciente participação nos conselhos municipais de saúde e saneamento básico
como fruto da reflexão da Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano.
“Discernir
a vontade de Deus”, o que é justo, bom agradável e perfeito. A conversão da sociedade
acontecerá quando os vícios de toda ordem forem extirpados de nosso meio. O
grande tumor da nossa sociedade é a corrupção; esta é o câncer da sociedade, da
política, da educação e dos relacionamentos humanos. Um professor universitário
disse recentemente que “a vida sem ética” encarece a vida de todos. Gasta-se
mais para mentir e para comprar o silêncio dos simpatizantes. Assim, a conversão passa, necessariamente
pela mudança de atitudes. Os grandes corruptos bancam os pequenos, os corruptos
da cúpula sustentem os da base. Além disso, vemos também as “pequenas”
corrupções diárias como, por exemplo: furar as filas, gente nova ocupando a
vaga do idoso ou do portador de deficiência, pessoas que não devolvem o troco
recebido a mais, motoristas e pedestres que não observam e nem respeitam a
faixa de pedestres... e ainda há os que não estão nem aí com Dengue, Zika e
Chicungunha despejando lixo e outras coisas que estragam o paraíso que Deus
pensou e dedicou para nós, a nossa casa comum, nossa mãe Terra.
Neste
tempo de Quaresma, mergulhemos na Misericórdia divina, acolhamos os apelos do
nosso Deus e nos deixemos converter por seu amor. Ajudemos a sociedade e o
mundo caminharem para a Páscoa da vida nova.
Fonte: Pe. João Paulo Ferreira Ielo,
Pároco da Paróquia Imaculada Conceição de Mogi Guaçu – SP.