Pe. Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação
Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo Educacional da UNIESP, Assistente
Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo
Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Presidente do FAC –
Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.
Aparentemente
as três cidades: Mariana, Paris e Belém não têm muito em comum. Entretanto, os
acontecimentos recentes nos permitem olhar a realidade e o mundo a partir da
situação dramática em que elas se encontram. O desrespeito pela natureza, o
descaso para com o ser humano, a ganância sem medida e a doença incurável do
fanatismo fazem com que o mal surja com um efeito devastador e cruel a ponto de
perturbar a serenidade e cordialidade exigidas para uma convivência respeitosa
no mundo.
Descrito
como um dragão feroz pelo autor do livro do Apocalipse, o mal e suas feições
assustam, aterroriza, matam inocentes, destroem cidades, arrasam o meio
ambiente e envenenam nosso recurso mais útil e santo: a água! O mal se organiza
motivado por interesses egoístas e de vingança somados ao desrespeito pelos que
são ou pensam diferente de tais interesses maus. Dentre os maus desejos destaco
dois que considero mais mortíferos: a ganância e a intolerância que é a mãe do
fanatismo.
Em
Paris aconteceu recentemente a Conferencia sobre o clima e as discussões sobre
aquecimento global, emissão de gazes e preservação de recursos naturais tocam
de leve na questão da poluição do ar movida a dólares de países ricos que se
sentem donos do que não lhes pertence. E poluem com gases tóxicos, economia
degradante e indústria de armas, para citar alguns fatores que sujam o mundo. A
mesma Paris sofreu um ataque terrorista em novembro que matou gente sem culpa;
terroristas fanatizados mataram pelo simples e irracional desejo intolerante de
matar os que julgam infiéis. A pessoa humana nasce livre e nada pode prejudicar
essa liberdade. É inaceitável matar em nome de religião.
Em
Mariana, a tragédia ambiental arrasou comunidades, natureza, ceifou vidas cheias
de sonho, apagou uma parte da história e tudo isso por causa de uma barragem de
resíduos de minério que se rompeu e o povo das redondezas foi inundado por um
mar de lama. A companhia mineradora que devia cuidar de evitar desastres, lucra
muito dinheiro com o minério que revende, mas não cuida dos que vivem em torno
da barragem. Tal desastre poderia ter sido evitado se a ganância não
prejudicasse a defesa e o respeito para com a vida humana. Foi um atentado
terrorista contra a natureza e contra as pessoas. Quando o dinheiro fala mais
alto, a vida humana perece.
Apesar
de toda essa tragédia e desgraça, a lição de esperança vem da cidadezinha de
Belém da Judéia de onde brota sem cessar a certeza que Deus caminha conosco. Da
pequenina cidade de Belém surge a esperança de vida nova para a humanidade.
Jesus nasce e ilumina o mundo com a Paz que Ele nos traz. A noite do seu
nascimento iluminou a treva do mundo que hoje a violência, o terrorismo e o
fanatismo tentam sufocar.
Ainda
hoje, “o povo que caminha nas trevas” do medo, da insegurança e da inimizade,
verá “uma grande Luz”! O Príncipe da Paz vem ao nosso encontro no Natal que
celebramos; vem reanimar nossa alegria, nossa fé e nosso amor. Jesus vem
renovar em nós a esperança que nos permite sonhar, que nos leva a crer e nos
provoca a amar como Ele nos ensinou. Apesar do mal e suas feições assustarem o
mundo hoje, nós o venceremos praticando o bem e o amor. Não precisamos de armas
e bombas para reafirmar nossa fé. O sinal da Cruz é o sinal mais forte para
explicar como o amor vence o mal: entregando a vida, doando a própria vida em
favor dos irmãos e irmãs, nossos semelhantes.
O
mundo não se renovará com violência, arma, ira e ódio, mas sim com o amor, o
perdão, a fraternidade e a misericórdia. Enquanto houver quem reze, ame e
perdoe a esperança não se apaga. Esperança
e Misericórdia de mãos dadas em 2016 é o que desejamos a todos!
Fonte: Pe. João Paulo Ferreira Ielo,
Pároco da Paróquia Imaculada Conceição de Mogi Guaçu (SP).