Pe. Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação
Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo Educacional da UNIESP, Assistente
Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo
Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Presidente do FAC –
Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.
Ao
declinarmos diante da Manjedoura, sentimos não cheiro de feno, mas de paz e
misericórdia, incensadas de puro amor gratuito. Paz e Misericórdia são
como as
alças da manjedoura! Já na mesma manjedoura, reclina-se “O
Verbo que se abreviou”!“A tradição patrística e medieval utilizou essa
sugestiva expressão: ‘O Senhor compendiou
a sua Palavra, abreviou-a. O próprio Filho é a Palavra, é o Logos: a Palavra
eterna fez-Se pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura. Fez-Se criança,
para que a Palavra possa ser compreendida por nós. Desde então a Palavra já não
é apenas audível, não possui somente uma voz; agora a Palavra tem um rosto, que
por isso mesmo podemos ver: Jesus de Nazaré’” (Cf. Bento XVI, Verbum
Domini, n. 12).
Em cada Natal a humanidade faz a experiência da paz. Até
porque o Menino que nasce da humildade de uma Pequenina de Nazaré e é reclinado
numa pobrezinha manjedoura, é reconhecido pelas Nações como o Príncipe
da Paz! A misericórdia é a roupagem que veste as pessoas com a
capacidade de perdoar, recomeçar e reconciliar-se com quem está em dívida. A
sensibilidade da Paz e da Misericórdia que revestem a
humanidade no clima do Natal produzem solidariedade e fraternidade com sabor de
amor divino.
“A espiritualidade
natalina cristã propõe uma forma de entender a qualidade de vida, encorajando
um novo estilo de vida profético e contemplativo, capaz de gerar profunda
alegria sem estar obcecado pelo consumo. Tornar-se serenamente presente diante
do Presépio, abre-nos muitas mais possibilidades de compreensão e realização
pessoal. A espiritualidade cristã do Natal propõe um crescimento na sobriedade
e uma capacidade de se alegrar com pouco. É um regresso à simplicidade que nos
permite parar diante da manjedoura e, a partir da paz e misericórdia
saborear as pequenas coisas, agradecer as possibilidades que a vida oferece sem
nos apegarmos ao que temos nem nos entristecermos por aquilo que não possuímos”
(Cf. Papa Francisco, Laudato Si’, n. 222). Antes de darmos presentes, sermos
presença
na vida dos outros!
O Natal alarga
nossa compreensão de paz e misericórdia, já que a paz não
significa simples ausência de guerra. A paz interior das pessoas, especialmente
neste tempo de tamanha ternura humana, tem muito a ver com o cuidado com a
ecologia e com o bem comum; reflete-se num equilibrado estilo de vida aliado
com a capacidade de perdoar incondicionalmente, devolvendo a paz que o pecado
nos “rouba” (Ibid. 225).
Concluindo o Ano da Paz e iniciando o Jubileu
Extraordinário da Misericórdia, possamos viver um Natal com verdadeiro
sabor de amor gratuito, sendo uns para ou outros os Anjos que decantem ao longo
de todos os dias do Novo Ano, Deus-Menino, reclinado na Manjedoura e
palpitando em cada coração humano!