Vocação à
Vida Consagrada
Religiosos e Religiosas
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
A solenidade deste domingo, considerada a festa principal da
Virgem, recebeu, no início do século IV, o nome de “dormição” (dormitio Virginis), enquanto passagem para outra vida, e só mais tarde foi chamada
de Assunção.
Desde os primeiros séculos,
conhece-se esta festa tanto no oriente como no Ocidente. Somente em 1950 foi
promulgada verdade ou dogma de fé por Pio XII.
No Brasil, a piedade popular venera Maria assunta ao céu como Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora da Boa
Viagem, Nossa Senhora da Abadia, Nossa Senhora do Pilar...
Celebramos esta festa da páscoa de Maria dando graças ao Pai que
eleva a humilde mulher, Maria de Nazaré, e, nela nos oferece o sinal da vitória definitiva de toda a
humanidade, pela força da ressurreição de Jesus Cristo. Com a Virgem Maria, cantamos as
maravilhas que o Senhor fez por nós, fazendo-nos participantes do mistério pascal
do seu Filho.
Somos chamados a celebrar esta
vitória, vivendo o projeto de Jesus que vence, pelo poder da entrega da sua
vida, a força enganosa do dragão, que devora e destrói todas as possibilidades
duma vida humana digna e feliz.
Cantamos com Maria a esperança dos pobres e
pequenos, a quem Deus, em sua grande misericórdia, liberta e exalta. “Alegremo-nos todos no Senhor, celebrando
este dia festivo em honra da Virgem Maria: os anjos se alegram pela Assunção e
dão glória ao Filho de Deus”.
A festividade da Assunção é um sinal de esperança
para os que seguem o caminho da fé e alimentam a certeza de que serão
ressuscitados em Cristo. E a Igreja, reunida em comunidade, contempla Maria à luz do Mistério Pascal de Cristo,
professa que ela, no término da caminhada por esta terra, foi elevada ao céu,
assumida por Deus e colocada na glória dos céus. É a ação de Deus fazendo
grandes maravilhas na vida da mãe do Salvador.
A Assunção de
Maria brotou da ressurreição de Jesus. Maria segue o caminho novo de
acesso ao Pai, aberto pelo Filho Jesus. Deus antecipa em Maria o que é, na verdade,
destino de toda a humanidade. A ressurreição de Jesus é caminho de ressurreição
para todo o ser humano.
Maria havia proclamado que Deus exalta os humildes e destrói a segurança
e a prepotência dos soberbos. A sua vida tem a marca da humildade e do serviço.
A sua resposta ao anjo na anunciação é um juramento: eis a serva do Senhor. O
fato de se tornar a mãe do Messias não a tornou orgulhosa nem vaidosa. Como
mulher humilde e servidora, foi exaltada na assunção e agradecida por Deus com o
sinal antecipado da glória.
Maria, a mulher vestida de sol do Apocalipse e do Magnificat, nos ensina a seguir o projeto de
Deus em favor dos pequenos. Deus encontra um espaço em Maria para agir e manifestar-se
hoje e realizar suas maravilhas em favor da humanidade.
No Salmo de Maria, tradicionalmente chamado
de Magnificat, ela proclama que Deus realizou a derrubada de situações
opressoras para restaurar o seu projeto de Deus: Ele subjuga a autossuficiência
humana e a soberba; destitui do trono os poderosos e enaltece os humildes, e
destrói as desigualdades humanas; elimina os privilégios estabelecidos pelo
dinheiro e o poder. Cumula de bens os famintos e despede os ricos de mãos
vazias, para instaurar uma verdadeira fraternidade na sociedade e entre os
povos, porque todos somos filhos de Deus.
Deus olha a condição oprimida do
pobre, o estado de desgraça, de aflição e humilhação em que vivem milhões de
pessoas, e enviou Jesus para propor um jeito novo de viver que seja bom para
todos. O que alegra Maria é ser parte integrante do projeto de Deus para a humanidade –
salvação das opressões pessoais, mas também salvação de um povo.
Como comunidade peregrina, grávida
da salvação de Deus, nos reunimos para celebrar. Vivemos a experiência de Maria, que, vestida de sol e
adornada de joias, canta a esperança oferecida aos pobres e humildes.
Nossa ligação com Maria existe justamente por ser
ela uma entre os pequenos que Deus escolhe. Se houver muita homenagem a ela e
pouco compromisso com os famintos e desamparados, estaremos fora da obra que
Deus realiza com Maria.
Nesta Solenidade da
Assunção de Nossa Senhora ao céu, agradecendo a Vocação à Vida Consagrada, a rica presença, a sublime missionariedade e discipulado de nossos
Religiosos e Religiosas, na
Igreja de Jesus Cristo, somos todos convidados, a exemplo da chamada pelo Papa
Paulo VI, “A Estrela da Evangelização”, a sentirmo-nos também grávidos de Jesus. Mais ainda, não guardar
para nós mesmos tal gravidez, mas levá-la pelo mundo, como Maria, a primeira missionária a levou à
Isabel. O encontro das duas Mulheres me encanta sempre. A alegria daquele
encontro deve ser sempre nossa alegria, quando nos encontramos, porque cheios
da presença de Jesus e do Espírito Santo.
Gosto, também de pensar, que a
exemplo de Maria, podemos sentir-nos
porta-joias do Senhor. Cada vez que O comungamos, nosso coração torna-se Seu
Sacrário, Seu Tabernáculo, que deve brilhar para todos que encontramos pelo
caminho, conduzindo-nos ao Senhor da Vida.
Encerrando a Semana Nacional da Família, rezando
e agradecendo a Vocação à Vida Consagrada, sintamos as mais abundantes bênçãos do Senhor que nos escolhe a
dedo para a missão evangelizadora num mundo tão sedento de Deus em busca da
sustentabilidade dos valores que devolvam ao ser humano sua verdadeira
dignidade!
Padre Gilberto Kasper
(Ler Ap 11,19; 12,1.3-6.10;
Sl 44(45); 1 Cor 15,20-27 e Lc 1,39-56)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus
de Agosto de 2015, pp. 59-64 e Roteiros Homiléticos da CNBB de Agosto de 2015,
pp. 86-93.