Meus queridos
Amigos e Irmãos na Fé!
A Palavra de Deus do Quarto Domingo do Tempo
Comum apresenta-nos a missão do Profeta ao lado do início do ministério de Jesus, pautado em sua autoridade, porque coerente entre o que
prega e vive, diante do compromisso de transformação da Comunidade de Fé!
Segundo o Livro do Deuteronômio, a
missão do profeta é anunciar a Boa Notícia da Aliança desejada por Deus para
com a Humanidade, e denunciar tudo aquilo que possa impedir a fidelidade da
mesma. O Profeta é o porta-voz de Deus ao coração acolhedor e atento da Pessoa.
Tem o serviço de comunicar Deus ao mundo, que quando não ouve, torna-se oco,
vazio, sem sentido e sem perspectivas de vida, como herdeiro e filho desse
mesmo Deus, que ama louca e apaixonadamente Sua criatura predileta.
O mundo barulhento em que vivemos,
não deve ser muito diferente daquele em que os Profetas tentaram transmitir a
vontade Deus, na promoção da dignidade de Suas criaturas amadas e queridas. É
salutar o silêncio interior, a busca de uma mais profunda espiritualidade, a
fim de um compromisso mais concreto de mudança das estruturas injustas em que
nos encontramos. O Reino de Deus anunciado pelos Profetas é sempre um Reino de
Justiça. Insisto em pensar que onde não há justiça, é também impossível a
sobrevivência do Reino de Deus.
A criatura humana é livre para escolher entre o bem e mal. O que
se constata, é que o homem parece vazio da presença amorosa de Deus em sua
vida, uma vez tendo endeusado o consumismo, o hedonismo e o individualismo. O
Profeta quer ser o eco da voz de Deus no coração vazio e estéril da humanidade.
Depois de formado seu grupo de
Discípulos, Jesus inicia seu ministério com autoridade, segundo o Evangelho de São Marcos. A autoridade de Jesus é um
convite aberto à coerência, à conversão e ao bom senso àqueles que desejam ser seus discípulos e missionários. Sem essas
três dimensões, dificilmente é possível configurar-nos com o ministério do
Senhor, que conta conosco na Comunidade, para devolvermos ao mundo a dignidade
humana que a “Cultura de Morte” nos tira cada vez que somos coniventes com
as injustiças institucionalizadas na Família, na (des) Educação, na Sociedade,
na Política e também na Religião.
“Todos
ficavam admirados com o seu ensinamento,
pois ensinava como quem tem
autoridade,
não como os mestres da lei” (Mc 1,22).
De que adiantam nossos diplomas, cargos, funções e posições de
prestígio, se nossa palavra não tem credibilidade, porque incoerente com nossa
vida, vivida no hodierno. Com facilidade emitimos juízos, repreendemos pessoas,
deixamos de atendê-las com a caridade pastoral proposta em nossos lindos
Projetos Missionários e Planos de Pastoral. Será que temos tal direito? Quantos
de nossos erros escondemos atrás dos erros dos outros!... Enquanto nossas
normas estiverem acima de nossa misericórdia, dificilmente seremos configurados
com o Senhor, que nos confia Sua própria autoridade ministerial, desde que
estejamos a serviço da vida plena das pessoas. Gosto sempre de concluir que não
devemos “banalizar” nossos projetos, até mesmo porque justiça e misericórdia somadas,
resultam no AMOR COM SABOR DIVINO! Isso só é capaz
de viver, ministerial e missionariamente, quem acolher e viver a autoridade do Senhor, porque coerente entre o que prega e vive de verdade. Não importa se conseguimos ou não tal coerência. Importa, isso sim, o esforço empreendido todos
os dias por sermos hoje um pouco mais coerentes do que ontem. Então experimentaremos a AUTORIDADE
MESSIÂNICA!
Sejam todos muito abençoados. Com
ternura e gratidão, meu abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Dt
18,15-20; Sl 94(95); 1Cor 7,32-35 e Mc 1,21-28).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus
de Fevereiro de 2015, pp. 17-19 e Roteiros Homiléticos da CNBB de Fevereiro de
2015, pp. 84-88.