Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
Estamos vivenciando as festas
natalinas, com a celebração da manifestação do Senhor em nossa vida e história.
Nossa atenção se volta ao mistério da Mãe do Senhor sob o título de
‘Mãe de Deus’.
Ao afirmar que o Menino, nascido de Maria, é Deus, em decorrência disso, a Igreja proclamou que Maria é Mãe de Deus. E isso não é de agora. Desde muito, nós cristãos honramos “... Maria sempre Virgem,
solenemente proclamada Mãe de Deus pelo Concílio de Éfeso, para que Cristo
fosse reconhecido, em sentido verdadeiro e próprio, Filho de Deus e Filho do
homem, segundo as Escrituras” (UR, n. 15: Decreto conciliar sobre a reintegração da Unidade dos
cristãos).
Neste Dia Mundial da
Paz, iniciando um novo ano, a paz é desejada,
suplicada como sinal da bênção e da proteção permanente de Deus. É em nome de
Jesus, a plenitude da bênção, que invocamos bênçãos de paz sobre nós e sobre os
povos em conflito.
A alegria deverá orientar nossa
primeira celebração religiosa do novo ano civil. As festas e os brindes da Passagem do Ano,
geralmente, impedem as pessoas de participarem desta significante celebração.
Muitos dormem sua ressaca, outros nem conhecem a profundidade de tão linda
celebração, que deveria ter maior prioridade entre os cristãos. Acolhidos por Maria, Mãe de Deus e
nossa, desperdiçamos a oportunidade de pedir a ela que nos acompanhe ao
longo dos próximos 365 dias. Neste Dia Mundial da Paz, somos
conclamados a fazer nossa a proposta do Papa Francisco: “Não mais escravos, mas irmãos!”, que é
tema do 48º Dia Mundial da Paz. O Papa Francisco recorda-nos que esse flagelo
social bem presente em nosso tempo manifesta-se de formas variadas, como no tráfico
humano em geral, de imigrantes, na prostituição, na escravidão no trabalho e na
exploração do homem pelo homem. Em comunhão com a CNBB, proclamamos Ano da Paz!
O povo pode contar sempre com as
bênçãos de Deus. A maior delas é a vinda do seu Filho, graças ao sim de Maria. A exemplo dos pastores, vamos
abrir o coração e nos dispor para o encontro com Jesus.
Deus quer nos abençoar ao longo de
todo este ano. Os pastores, gente pobre e desprezada, são os primeiros a ir ao
encontro de Jesus. Deus conta com a colaboração humana para realizar seus
projetos. Os pastores cheiram mal, pois cuidavam de ovelhas e viviam ao
relento. Poderíamos compará-los, em nossos dias, aos irmãos coletores de lixo.
Imaginem que eles correm mais de trinta quilômetros por noite, em nossa
metrópole rica e privilegiada, recolhendo nosso lixo depositado nas calçadas.
Enquanto as autoridades eclesiásticas, políticas, civis e a nata da elite de
uma sociedade economicamente privilegiada pensam anunciar o
Salvador do mundo, este se revela, através da
Corte Celestial dos Anjos, aos preteridos e “fedidos” entre todos: na época os Pastores; hoje, talvez, nossos Coletores de Lixo, ou aqueles que
consideramos Lixo Humano entre nós: os idosos, os enfermos, os
dependentes de alguma droga lícita ou não, e nem por último os mendigos
mal-cheirosos que adentram nossas celebrações, pedindo uma esmola para
suportarem a exclusão com mais um gole de cachaça ou uma cheirada de craque... Se não estivermos abertos ao diferente, ao simples, e não
fizermos a experiência da humildade, deixando de lado nossa prepotência, arrogância, auto-suficiência,
corremos o risco de desencontrar-nos com o Senhor que só nasce mesmo em
manjedouras simples, humildes, puras e livres para acolhê-lo.
A palavra de hoje
ressalta a imposição do nome de Jesus, sua inserção na sociedade humana. Como o
Filho de Deus, nós também recebemos um nome ligado à nossa existência e à nossa
missão. A atitude dos pastores nos ensina a acolher e anunciar a Boa Notícia da presença do
Salvador em nosso meio. Com Jesus, nos tornamos herdeiros da salvação e podemos
clamar: Abba, Pai, vivendo
fraternalmente como irmãos e
irmãs.
Maria, a mãe de Jesus, é imagem da comunidade fiel e comprometida com o plano da
salvação.
Com o exemplo de Maria no seu sim incondicional, assumimos “de boa vontade” a proposta de
Jesus de sermos promotores da paz em nossos lares e na sociedade em que
vivemos.
Invoquemos com confiança a bênção do
Senhor, o Deus de bondade, sobre todos os povos e nações, neste Dia Mundial da Paz. Que ele
guarde, ilumine, mostre a sua face de Pai e dê a paz a todos. Com Jesus, o
Filho de Maria, a maior bênção da salvação para toda a humanidade, nos comprometemos
a trabalhar alegremente na construção da paz.
Saibamos rezar por nossos Governantes
eleitos para promover, além da paz, a maior dignidade de todos os Filhos de
Deus. Estejamos atentos e tenhamos a coragem e ousadia proféticas de “cobrar” melhores condições de vida
em todos os setores que garantam uma vida digna a cada cidadão, sem nenhuma
acepção ou discriminização, deixando de lado as inúmeras “barganhas” divulgadas
no ano que se declina. Formemos “consciência política crítica” ainda
maior neste novo ano. Esteve em nosso voto
consciente o futuro de
nosso País. Participar ativamente do processo
eleitoral é sempre uma exigência interna e
profético-evangélica de cada cristão. Agora não
adianta reclamar. Votamos pelo Bem Comum de
nosso Brasil e não pelo bem próprio,
partidário ou em favor de ideologias diabólicas, porque mentirosas? Não é a economia
de um País que o determina civilizadamente desenvolvido. É a dignidade do Povo
de um País que deverá valorizar nosso voto! A cultura do consumo e do lucro à custa da indigência do Povo
deve ser superada pela Cultura do Encontro, da Fraternidade, da Partilha e da Ternura!
Sejam todos muito abençoados neste Novo Ano que se inicia. Sejamos protagonistas da paz, por onde
passarmos, exalando o perfume da ternura em nossas relações.
Com a mesma ternura, o abraço amigo e fiel.
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Nm 6,22-27;
Sl 66(67); Gl 4,4-7 e Lc 2,16-21).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus,
Janeiro de 2015, pp. 17-19 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo do Natal –
2014-2015, pp. 55-59.