Pe. Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor
Universitário, Docente na Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo da UNIESP, Assistente
Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo
Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Presidente do
Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.
Há muitos
modos de ser pastor e de evangelizar. Cada um colocando seus dons a serviço do
Reino de Deus, conforme lhes foram concedidos gratuitamente. Mas há algo em
comum que nunca poderá faltar em nosso pastoreio: Sermos todos configurados com
Cristo, o Bom Pastor, que conhece suas ovelhas pelo nome, as ama, as acolhe, as
compreende, as aceita como são, as perdoa e as traz de volta nos ombros (melhor
seria ainda, apertá-las ao coração), não para seu prestígio próprio, mas o
rebanho eclesial.
O Pastor
que atrai as ovelhas para si, sem conseguir conduzi-las pelo itinerário do
Senhor a Deus, é desfigurado do Cristo, o Bom Pastor. Sermos pastores que não
machuquem, surrem, enxotem as ovelhas que lhes são confiadas, às vezes porque
não nos bajulam ou discordam de nossos métodos, ou ainda, tentam ajudar-nos por
meio da correção fraterna. Sermos pastores que não emoldurem e engessem o
rebanho em nossas estruturas, muitas delas já ultrapassadas e opressoras.
Quantos de nós ainda somos pastores que não saem de suas sacristias e salas de
atendimentos: há até os que exigem ofício para uma conversa, ou exigem senha
para um encontro com suas ovelhas, o que é diferente de agendar atendimentos
espirituais ou pastorais. Há os que exploram as ovelhas e quando já não
satisfazem mais seus caprichos, são excluídas do rebanho, sem nenhuma tentativa
de diálogo.
Nossas
ovelhas são mais exigentes em nossos dias, e não saem mais atrás de qualquer
pastor, só porque é bonito, atraente, canta bem, se veste com roupas de marca e
frequenta regularmente shoppings e reuniões que lhes garantam um minuto de
fama. As que fazem isso acabam desistindo no meio do caminho profundamente
decepcionadas, porque não chegaram ao verdadeiro destino: Jesus Cristo
Ressuscitado. Pararam em alguém que brincou de ser pastor e que não soube
cumprir com sua missão: a de conduzir o rebanho às verdadeiras pastagens
propostas pela Igreja de Jesus Cristo, que é despretensiosa, simples, pobre com
os pobres, totalmente despojada de poder, arrogância, prepotência e falsos
valores, mas que chora e sofre com as ovelhas machucadas por uma cruel Cultura
de Sobrevivência, despida de dignidade humana! Na Igreja de Jesus Cristo não há
lugar para disputas que geralmente
produz a inveja, fruto de desequilíbrios mal administrados, interiormente. Quem não gasta sua vida pelas ovelhas não
serve para ser pastor, é antes um impostor!
Precisamos
de Vocações santas, simples, puras,
configuradas a Cristo, o Bom Pastor! Não esqueçamos o pronunciamento dos
Bispos reunidos em Puebla na III Conferência Episcopal da América Latina e do
Caribe: "As Vocações (santas e não mercenárias) são a resposta de um Deus providente à uma Comunidade orante...".