“A
comunidade, a casa de Jesus, comprometida com o bem e a fraternidade, vive em
tempos de ganância, violência, corrupção, impunidade, enfim, um rosário de
coisas que fazem o povo sofrer. E, ainda, tantas vezes, é vítima de calúnias e
suas lideranças são ameaçadas, perseguidas e até mortas violentamente.
A
Palavra
de Deus do Décimo Domingo do Tempo Comum vem ao encontro das
comunidades e as motiva a continuarem na luta e a melhorarem as condições de
moradia, de emprego, de salários e de pão para todos. A Palavra ajuda a identificar os responsáveis por essa triste situação
de fome, de injustiças, de violência e de agressão à vida. Deus mesmo não quer
o mal e muito menos compactua com ele. Jesus veio para amarrar satanás e tirar
do seu poder o povo explorado, injustiçado e sem dignidade e liberdade.
Jesus
constitui uma nova família com os que fazem a vontade de Deus e entram no seu
projeto de vida, aceita viver a fraternidade, romper os padrões envelhecidos e
carcomidos pelo tempo que não mais se colocam a serviço do bem comum da
população: a nossa comunidade.
Quem
pratica o mal não se encontra mais no lugar que lhe foi designado e confiado na
criação. Deus o procura e chama... e não o encontra. ‘Onde estás?’ Está, portanto, fora do lugar, longe do projeto
original e distante da bênção de Deus, que é vida e paz para todos. O local
previsto e preparado por Deus não é o pecado, o orgulho e a dominação, que
distanciam os homens uns dos outros. Os que pecam se sentem nus, como os
escravos, despojados da liberdade e da dignidade humana.
Ao
se deixar conduzir pelo egoísmo, o homem destrói a si mesmo e abala a ordem da
natureza, que se revolta, perde a fertilidade, chama catástrofes, produz cardos
e espinhos...
A
verdade continua a mesma: quem julga poder proclamar sua independência diante
de Deus, quem pretende construir seu próprio mundo, quem se isola em seu
egoísmo não considera Deus como seu amigo, mas como um adversário a ser temido,
evitado, mantido à distância. ‘Ouvi o
barulho dos teus passos no jardim e tive medo’: ou seja, a presença de Deus
incomoda, coloca ruídos na consciência e atrapalha o sossego do paraíso. Deus
criou os homens para se ajudarem. O pecado, ao contrário, os desune, os afasta
uns dos outros e os torna inimigos.
Colocados,
neste domingo, frente a frente ao Evangelho, concluímos como é importante cada
um descobrir e assumir a sua missão, contribuindo com a sua parte na construção
de uma nova sociedade, que é a família de Jesus, cujo espelho é a comunidade litúrgica, a
verdadeira mãe e irmã do Senhor, onde se cultiva o bem, se vive a fraternidade,
se partilha os bens e se luta para melhorar a qualidade de vida de todos e para
todos. Essa convicção da missão ajudará a sair do comodismo, a vencer críticas
e superar todo tipo de dificuldades” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB n. 22,
pp. 31-37).
O
grande convite da Palavra de Deus proclamada neste Décimo Domingo do Tempo Comum é a retomada de nossa
identidade, como criaturas prediletas e amados de um Criador louco de amor por
nós. Afogados no consumismo, no egoísmo, no individualismo e no hedonismo de
nosso tempo, somos desafiados a testemunhar uma comunidade humana mais
configurada com nosso Criador. Jesus é nossa referência: ele nos deixa a receita
aparentemente simples, mas que no hodierno de nossas relações nos desafia: o amor gratuito! Com quanta facilidade
dividimos, mentimos, enganamos a nós mesmos e aos outros. Gosto de dizer que
não existem pessoas feias, mas têm as se tornam feias pelas atitudes de egoísmo
e de indiferença para com os que mais precisam de nosso testemunho, de nossa
solicitude, nem sempre à disposição de quem está próximo e muito menos de quem
não conhecemos, mas sofrem.
Celebramos
no mês de Junho, inúmeras festas: as Festas Juninas, que ressaltam os três
Santos mais comemorados: Santo Antônio, São João e São Pedro; o Aniversário de
Criação de nossa Diocese e sua Elevação à Arquidiocese; o Aniversário de nossa
Cidade, as Celebrações Litúrgicas da Santíssima Trindade, Corpus Christi, o
Congresso Eucarístico Internacional em Dublin, na Irlanda, Sagrado Coração de
Jesus e Coração Imaculado de Maria. Incontáveis são as Quermesses e
Comemorações com fins lucrativos. São, também, incontáveis as Celebrações que
se utilizam da Liturgia, para explorar a dimensão psico-emocional das pessoas.
Muito barulho, muito “desopilar de fígado” e pouco compromisso com a promoção
da dignidade de nossos irmãos em dificuldade. A missionariedade e o discipulado de nossas Comunidades de
Fé, Oração e Amor esperam de cada um, compromisso concreto de conversão, coerência entre o que
rezamos, cantamos, celebramos e vivemos! Enquanto não assumirmos uma Teologia da Ternura, pouco faremos para que nossa cultura de morte
se transforme em verdadeira Cultura de Vida!
Iniciamos,
neste domingo, a preparação da Celebração do Padroeiro
de nosso Espaço Cultural de
Espiritualidade, Santo Antoninho. Nossa festa será a liturgia bem celebrada, a
bênção e distribuição de pães aos nossos irmãos menos favorecidos e a visita
sacerdotal às pérolas de nossa Reitoria: os enfermos e os idosos, que já não conseguem
celebrar conosco em nossa Igrejinha, neste dia 13 de Junho. Assim seremos para
eles A Igreja
do Ir,
levando-lhes o alimento sacramental: o Viático
– Jesus em Viagem, o pão bento,
nossa ternura, carinho e gratidão pela vida que dedicaram, enquanto puderam, à
nossa amada Santo
Antoninho!
Desejando-lhes abundantes bênçãos, com ternura e
gratidão, o abraço amigo e fiel,
Padre
Gilberto Kasper
(Ler Gn
3,9-15; Sl 129 (130); 2 Cor 4,13-5,1 e Mc 3,20-35)