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quarta-feira, 29 de maio de 2024

CORPUS CHRISTI – A FESTA DA EUCARISTIA!

 

A Festa de Corpus Christi é a celebração em que solenemente a Igreja comemora a instituição do Santíssimo Sacramento da Eucaristia; sendo o único dia do ano que o Santíssimo Sacramento sai em procissão às nossas ruas; em que os fiéis agradecem e louvam a Deus pelo inestimável dom da Eucaristia, na qual o próprio Senhor se faz presente como alimento e remédio de nossa vida.

Neste ano comemoramos o 168º Aniversário de Fundação e o 153º de Emancipação Político-administrativa de nossa amada Cidade de Ribeirão Preto, no próximo dia 19 de junho, igualmente, motivo de ação de graças por tudo de bom que somos e temos, bem como refletir sobre o exercício da cidadania de nosso povo e o que lhe impede a promoção de sua verdadeira dignidade humana.

            O Papa Urbano IV (1262-1264), que residia em Orvieto, cidade próxima de Bolsena, onde vivia São Tomás de Aquino, informado do milagre eucarístico: da hóstia consagrada começaram a cair gotas de sangue sobre o corporal após a consagração. Alguns dizem que isto ocorreu porque o Padre Pedro de Praga, da Boêmia, Itália, teria duvidado da presença real de Cristo na Eucaristia, então, ordenou ao Bispo Giacomo que levasse as relíquias de Bolsena a Orvieto. Isso foi feito em procissão. Quando o Papa encontrou a Procissão na entrada de Orvieto, teria então pronunciado diante da relíquia eucarística as palavras: “Corpus Christi”.
Em 11 de agosto de 1264 o Papa emitiu a bula "Transiturus de mundo", onde prescreveu que na quinta-feira após a oitava de Pentecostes, fosse oficialmente celebrada a festa em honra do Corpo do Senhor.

Em 1290 foi construída a belíssima Catedral de Orvieto, em pedras pretas e brancas, chamada de "Lírio das Catedrais", (onde tive a graça de celebrar a Eucaristia em 1997). Antes disso, em 1247, realizou-se a primeira procissão eucarística pelas ruas de Liège, como festa diocesana, tornando-se depois uma festa litúrgica celebrada em toda a Bélgica, e mais tarde, em todo o mundo no séc. XIV, quando o Papa Clemente V confirmou a Bula de Urbano IV, tornando a Festa da Eucaristia um dever canônico mundial.

            Em 1317, o Papa João XXII publicou na Constituição Clementina o dever de se levar a Eucaristia em procissão pelas vias públicas. A partir da oficialização, a Festa de Corpus Christi passou a ser celebrada todos os anos na primeira quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade. A celebração normalmente tem início com a missa, seguida pela procissão pelas ruas da cidade, que se encerra com a bênção do Santíssimo.


É uma ocasião ímpar de testemunhar nossa fé, de que a Eucaristia é a alma da Igreja. Não existe Igreja sem Eucaristia. É, também, oportunidade de invocar bênçãos sobre as famílias, os enfermos, os surrados pela vida de nossa rica cidade. Que a Festa de Corpus Christi deste ano tenha um sabor de menos violência, menos mentiras maquiadas de verdades, menos corrupção, menos inveja, menos competição na busca de poder e prestígio. Que nossa sincera homenagem à Santíssima Eucaristia nos ajude a caminhar juntos no espírito da sinodalidade, superando de uma vez por todas as pandemias e viroses da insensibilidade, do confronto, da agressividade e dos contravalores que nos animalizam ao invés de nos humanizar. Que a Festa de Corpus Christi impulsione todos os cristãos e cidadãos da aniversariante cidade de Ribeirão Preto a melhorarem sua qualidade de vida, sendo Anjos uns dos outros!



Pe. Gilberto Kasper

         Teólogo

quarta-feira, 22 de maio de 2024

GRATIDÃO INFINITA!

 

GRATIDÃO INFINITA!

 

 

 

Lembro-me que em 1965, quando eu tinha 8 anos de idade, um de nossos passeios dominicais foi andar 8 Km entre Novo Hamburgo e São Leopoldo no Rio Grande do Sul, seguindo pela BR 116 interditada, porque tomada de água suja em ambos os lados, tamanha a enchente que tomava conta das duas cidades. Uma multidão transitava a pé, pela Rodovia, ainda de pista dupla, com expressões, as mais diversas, vendo aquela enchente que cobria as casas até seus telhados. O Rio dos Sinos, que percorre por todo o Vale dos Sinos onde estão situadas as duas cidades: Novo Hamburgo e São Leopoldo numa distância de 8 Km, transbordara como nunca antes. Outras enchentes ocorriam anualmente, porém aquela, diziam os mais velhos, teria sido a maior desde o ano de 1941. Andávamos perplexos entre a multidão olhando para os dois lados da Estrada. Era, diga-se de passagem, um passeio mais do que estranho. Mas nossos avós e nossa mãe nos levavam para suscitar em nós a sensibilidade e o espírito de solidariedade para com as milhares de pessoas na época chamadas de “flagelados”. Pessoas que perderam tudo para as águas violentas que invadiam e cobriam suas casas.

 

Em nossas orações, pedíamos pelos desabrigados e que jamais nós passássemos por situações semelhantes. Na medida em que crescemos, as enchentes foram ficando mais intensas, violentas e agressivas, não obstante as promessas dos que governavam o Estado, prometiam repetidamente, que aquilo jamais voltaria a acontecer. Gastaram bilhões incontáveis na construção de Diques, Proteções e Contenções de enchentes, as mais diversas.

 

Estarrecidos assistimos a devastação do Vale do Taquari em setembro do ano passado. O que não imaginávamos, é que na madrugada do dia 3 de maio passado, meus dois irmãos, Querino e Elário Kasper, também se tornariam vítimas da enchente que assombrou não apenas um dos Vales, mas o Estado inteiro do Rio Grande do Sul. Precisaram sair às 3h50 do apartamento onde residiam no Condomínio Princeza Isabel no Bairro Santo Afonso, há 2 Km do Rio dos Sinos. O apartamento deles fica no Térreo e as águas invadiram o Condomínio onde residem 1.500 pessoas até o andar superior. Saíram com a roupa do corpo e tudo que havia no apartamento se perdeu. Também meus primos que residem na cidade de Três Corôas (minha cidade natal), aos pés de Gramado perderam tudo; tiveram suas casas invadidas pelo Rio Paranhana e o imenso barro dos deslizamentos das montanhas que desceram de Gramado. Meus irmãos e meus primos perderam tudo, mas não perderam a fé e a esperança. Até eu escrever este artigo não tiveram condições de limpar o apartamento invadido. Se encontram alojados numa sala de um prédio misto (comercial e residencial) no Centro de Novo Hamburgo, onde meu irmão mais novo trabalhava. Quem os salvou foi o Síndico do Condomínio, Sr. Lara e quem zela para que o apartamento não seja invadido, mesmo tão cheio de lama, é o Zelador, Sr. Roberto.

 

Eu procurei não somatizar, mas fiquei muito apreensivo com tudo que se via pela televisão. Mesmo falando com meus irmãos diariamente, a apreensão é tão grande quanto a distância de mais de mil quilômetros de distância entre Ribeirão Preto e Novo Hamburgo. Mais uma vez a solidariedade de nosso povo brasileiro tão querido se manifestou grandemente. Milhares de voluntários e doações intermináveis revelaram mais uma vez a verdadeira identidade de nossa Nação.

 

Já eu não precisei pedir e nem recorrer a ninguém para ajudar meus irmãos a se alojaram com o mínimo de dignidade naquela pequena sala comercial. Em menos de um dia, tantos amigos e amigas queridos e lindos, dispuseram de valores significativos para que meus irmãos pudessem adquirir o mínimo necessário para viverem salvos da maior enchente já registrada naquele amado Estado do Rio Grande do Sul. Muitas coisas começaram a faltar: água potável, combustível, alimentos e utensílios. Com a ajuda de tantas pessoas generosas, eles conseguiram atravessar os primeiros dias, ainda traumatizados, com serenidade e uma gratidão infinita. As pessoas que por meu intermédio ajudaram meus irmãos a se instalarem, não querem seus nomes divulgados. Porém, tenho certeza de que estão inscritos no coração do Criador. Não encontro palavras para expressar, especialmente em nome dos meus irmãos, a gratidão infinita a cada um, cada uma e a todos que de alguma maneira os socorreram nesta tragédia: a gratidão infinita é pelas orações, pelas palavras de conforto, pelo carinho manifestado e nem por último pela partilha dos valores em dinheiro necessário para a aquisição do necessário. Deus recompense e abençoe grandemente a todos. Nossa Gratidão Infinita!

 


 

Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

quarta-feira, 15 de maio de 2024

DEUS PERDOA SEMPRE, A NATUREZA JAMAIS!

 DEUS PERDOA SEMPRE, A NATUREZA JAMAIS!



Todos os dias temos assistido desastres climáticos. Uns mais assustadores do que outros. Terremotos, as já sempre esperadas enchentes de verão em nosso amado Brasil, com desabamentos de morros derrubando casas e levando não somente os imóveis, mas ceifando vidas e mais vidas, rodovias se partindo ao meio, avenidas de grandes metrópoles e cidades menores mais parecendo rios com correntezas violentas arrastando tudo que encontram pela frente, como automóveis e nem por último pessoas.


Os geólogos têm dito que tudo isso já é previsto. Que desastres naturais acontecem mesmo, de tempos em tempos, que placas subterrâneas se movem e com isso há a erupção de vulcões adormecidos e que terras tremem, marés sobem vultuosamente com tais deslocamentos.


Os ambientalistas advertem há décadas, de que o desrespeito para com a natureza surpreenderá os habitantes do Planeta com catástrofes, como as que assistimos agora. Desmatamentos, explorações e grilagens ilegais, invasões irregulares de Biomas, que deveriam ser protegidos tanto pelo Estado como por seus cidadãos, as tímidas políticas públicas, que contemplem especialmente moradias dignas para milhões de brasileiros que ainda vivem em barracos, comunidades (favelas), nas encostas de morros perigosos, criaturas humanas obrigadas a viverem como bichinhos engaiolados, por conta de uma Cultura de Sobrevivência.


A ganância de alguns que se endeusam sobre a maioria das pessoas, pode ser uma atitude que promova as catástrofes naturais, a cada ano mais frequentes. Porém, na hora em que a natureza reclama seu espaço de volta, não escolhe pobres ou economicamente privilegiados. É verdade de que os mais vulneráveis, aqueles que sobrevivem em casebres, barracos nas encostas dos morros que tantas vezes deslizam, são os que mais sofrem e até morrem nessas tragédias. Mas a natureza também engole automóveis importados, mansões, sítios e fazendas de alto nível.


Há poucos anos os desastres naturais atingiram inúmeras regiões de nosso País Tropical. No ano passado foi a vez do Rio Grande do Sul, em plena primavera com três ciclones, depois de prolongada seca. Nem bem o povo atingido, especialmente no Vale do Taquari conseguiu se reorganizar, limpando e reconstruindo suas moradias, agora no outono, um desastre natural (ou nem tão natural assim) atinge todo o Estado do Rio Grande do Sul, colocando nossos irmãos gaúchos em plena situação de vulnerabilidade. A solidariedade se faz, mais uma vez, sensível. O País inteiro se mobiliza para amenizar o sofrimento de nossos queridos irmãos gaúchos. A tragédia climática interrompe tantos sonhos de pessoas queridas e trabalhadoras, que ao longo de uma vida inteira construíram suas residências, destruídas em alguns minutos ou horas.


De quem seria a responsabilidade de tudo isso? Penso que é hora de olharmos para dentro de nós. Procurar culpados fora de nós, pode não nos responder à pergunta: De quem é a culpa? De Deus? Do Homem? Da Natureza? Ora, Deus perdoa sempre, o homem de vez em quando, a natureza jamais. A simples falta de educação básica, que faz com pessoas atravessem a rua para deixarem seus lixos nas calçadas ou portões de outros, como acontece quase que diariamente, na Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres, torna-se responsável ou culpada pelo desequilíbrio ambiental e ecológico.


Enquanto não tomarmos consciência da parcela de nossa responsabilidade pessoal diante do meio ambiente, da natureza tão perfeita que de graça recebemos para viver felizes e não simplesmente sobrevivermos, os desastres naturais continuarão ocorrendo, em qualquer uma das estações. Penso que a urgente atitude nossa deve ser o respeito. O respeito talvez não resolverá o estrago já feito, mas ajudará a amenizar nossas condições de vida, como seres humanos.


No próximo artigo manifestarei a gratidão a tantas pessoas lindas e queridas, que não mediram esforços nas centenas de iniciativas de mutirões de doações. Só mesmo Deus para recompensar corações por tanto!


Respeitemos com ternura e gratidão a Deus que perdoa sempre, ao homem que perdoa de vez em quando e a natureza que não perdoa jamais.


Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

quarta-feira, 8 de maio de 2024

SER MÃE!

 

SER MÃE!

 

O mês de maio começa celebrando a Festa de São José, operário, embora seja bem mais dedicado à MULHER! Comemora as Noivas, as Mães e é considerado pelos cristãos católicos, um mês dedicado à MARIA, Mãe de Jesus. O convite do Papa Francisco, especialmente para o mês de maio, é que rezemos em Família, todos os dias, o Terço. Será a Igreja Doméstica pedindo proteção a todos os filhos de nossa Mãe comum. “A Família que reza unida, permanece unida”, especialmente diante de tantos desafios e dificuldades!

Gostaria de refletir muitos temas, mas pensei em escrever algo sobre o sentido da maternidade cristã, a partir das milhares de mães que assumem seus filhos sozinhas. São as que nossa sociedade chama de “mães solteiras”! É interessante observar que nunca ouvi ninguém chamar uma mãe, casada, direitinho, ou cujo pai assume com ela os filhos, de “mãe casada”!

Continuamos com o péssimo hábito de discriminar as pessoas, vivendo, muitas vezes, às escondidas, disfarçando gravidez antecipada, aliás, nas últimas décadas, a maioria das crianças nasce aos sete meses, ou me engano? Casamentos ou contratos de estabilidade conjugal forçados, que não passam de hipocrisia, para não admitir, ou então não se sentir motivo de conversinhas de vizinhos maldosos seriam válidos? Certamente a gravidez simplesmente, sem a certeza do amor gratuito, com sabor divino, profundo e verdadeiro, não é razão suficiente para “mentir” fidelidade diante de testemunhas, de ministros assistentes a matrimônios com aparatos megalomaníacos, como fotografias, filmagens, festas em renomados espaços de elegância exacerbada. São simplesmente nulos. Não acontece então o verdadeiro sacramento, eis uma farsa.

Penso que estaria na hora de revermos o verdadeiro sentido da maternidade cristã. O que significa ser mãe, com ou sem parceiro? Ser mãe implica uma vocação específica, sublime, nobre e abençoada por Deus, o Criador. Ser mãe é gerar vida com amor. Para ser mãe de verdade, é preciso “fazer amor” e não simplesmente relação sexual por mero prazer hedonista. É, por isso possível, dissociar vocação ao matrimônio da vocação materna? Penso que não. Quem se casa sem querer constituir Família, utiliza-se de uma Instituição Sagrada: A Família, colocada de bruços nas últimas décadas, que continua sendo a célula da sociedade. Precisa urgentemente ser reerguida e reassumida por pessoas que ainda acreditam em valores humanos e promovem a pessoa na sociedade, que ao contrário, a coisifica.

Quero, neste mês de maio, prestar minha homenagem muito terna, às mães que chamam de “solteiras”: mulheres corajosas, especiais, que desempenham também o papel de pais, para educar e amar divinamente os filhos que geraram, tantas vezes com dificuldades impostas pela própria família, pelos parentes e por uma sociedade que precisa ser mais amorosa, fraterna e misericordiosa com elas. Quem julga, fala mal, condena e determina a sentença sobre qualquer pessoa e seu comportamento, ousa prepotentemente ser deus sobre o outro. Minha ternura a todas as Mães do mundo, sobre as quais invoco as bênçãos da Sagrada Família de Jesus, Maria e José!



Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

 

quarta-feira, 1 de maio de 2024

TRABALHO DIGNO AO INVÉS DE EMPREGO!

 TRABALHO DIGNO AO INVÉS DE EMPREGO!


No Dia do Trabalho partilho alguns pensamentos contundentes e coincidentes aos meus, de um querido amigo no Sacerdócio, o Padre João Paulo Ferreira Ielo, Pároco da Paróquia Imaculada Conceição de Mogi Guaçu, da Diocese de São João da Boa Vista. Sei que os leitores se identificarão com as reflexões que seguem e tentam enriquecer nossa cidadania e dignidade!


As pessoas já não buscam trabalho digno, que as realize, porque a Cultura da Sobrevivência as obriga a contentarem-se com qualquer emprego, que lhes garanta o mínimo para sobreviverem, alimentando assim, suas famílias! Na Alemanha vive-se para o trabalho, já no Brasil trabalha-se para viver! A mão de obra está cada dia mais deficiente. As perguntas nas entrevistas são: quanto vou ganhar, quando vou folgar e no final, o que deverei fazer por esse salário. Os direitos não dão as mãos aos deveres. Se sobrepõem a eles. Muitos ainda preferem viver das “bolsas daqui e de lá”! Por que trabalhar, se posso ganhar sem nenhum esforço? Que dó ter de ser assim!


 As notícias veiculadas em rede nacional, continuam falando diariamente de corrupção, propina, delação premiada, formação de quadrilha, cartéis... Parece um curso de bandidagem gratuito e à distância.  Quando escuto os bilhões de dinheiro ilegal, desviado ou dado em propina, as propriedades que aqueles senhores ajuntaram e a vida que levavam até serem descobertos, vejo o desrespeito com que é tratado o povo brasileiro e as empresas públicas. As pessoas querem dinheiro fácil, rápido e a qualquer custo, jogando no lixo a honestidade e a retidão moral.


O “apego ao dinheiro” é a raiz de todos os males, já ensinava São Paulo na carta que escreveu a seu discípulo Timóteo (cf. 1Tm 6,10). Tal apego se transforma em idolatria desavergonhada em que “ter” dinheiro se torna a coisa mais importante na vida; tudo depende do tamanho do saldo da conta bancária. Dinheiro também responde por uma parte da afetividade, pois alguns entendem que serão notados conforme a etiqueta da roupa, a marca do sapato, o restaurante e o perfume que mostram um certo “poder” aparecer ou acumular certas amizades influentes. O apego ao dinheiro esfria o amor e acende a idolatria que, de certa forma, mata o que é moral e correto. O desejo de ganhar muito dinheiro e sem muito esforço faz com que situações aparentemente simples, se tornem o início de grandes golpes futuros. A corrupção grande e badalada começa quando não devolvemos a moeda que recebemos “a mais” no troco; ou quando, em lugar do troco, recebemos uma balinha; a corrupção grande começa na pequena esperteza que, quando chega a golpes grandes leva os seus autores à pena de morte.


“A corrupção fede”, afirmava o Papa Francisco numa visita pastoral que fazia na Itália. O dinheiro que alimenta a corrupção é aquele que faz falta na educação, na saúde, nos hospitais; é o dinheiro que falta nos financiamentos escolares, que atrasa as pesquisas científicas e que clama aos céus por justiça. É o dinheiro que poderia ser revertido aos nossos Projetos Sociais, como os do FAC – Fraterno Auxílio Cristão, que muitas vezes, por falta de recursos necessários é remetido à UTI em coma induzido. Dinheiro de corrupção é dinheiro injusto conseguido com o sacrifício dos pobres que carregam e suportam a pesada carga de impostos do nosso País.


Acabar com a corrupção é o sonho e o desejo que invade o coração dos que alimentam a esperança na “verdade que liberta” (cf. Jo 8,32); extirpar esse mal que varre parte da vida humana é resgatar o valor do que seja “bem comum”, que é para todas as pessoas e é muito mais amplo que “bem estar pessoal”. E para que isso aconteça serão necessárias muitas batalhas em favor dos valores que fazem crescer o Reino de Deus entre nós. Não basta só constatar a corrupção e ficar indignados com ela. É preciso agir para que esse “câncer” social não destrua as boas ações em favor da restauração da sociedade. A omissão e o descaso são tão graves quanto o veneno anestésico das câmaras de gás dos campos de concentração.


Uma ação permanente e organizada no bem e nas virtudes do Evangelho servem como itinerário para a conversão pessoal e social desse mundo em que vivemos. Afinal, depois de mortos só levaremos o que couber em nossa pequena condução. E que São José, Operário, o Protetor dos Trabalhadores e Intercessor de uma “boa morte” nos inspire e ajude muito!



Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo