Todos os dias temos assistido desastres climáticos. Uns mais
assustadores do que outros. Terremotos, as já sempre esperadas enchentes de
verão em nosso amado Brasil, com desabamentos de morros derrubando casas e
levando não somente os imóveis, mas ceifando vidas e mais vidas, rodovias se
partindo ao meio, avenidas de grandes metrópoles e cidades menores mais
parecendo rios com correntezas violentas arrastando tudo que encontram pela
frente, como automóveis e nem por último pessoas.
Os geólogos têm dito que tudo isso já é previsto. Que desastres
naturais acontecem mesmo, de tempos em tempos, que placas subterrâneas se movem
e com isso há a erupção de vulcões adormecidos e que terras tremem, marés sobem
vultuosamente com tais deslocamentos.
Os ambientalistas advertem há décadas, de que o desrespeito para
com a natureza surpreenderá os habitantes do Planeta com catástrofes, como as
que assistimos agora. Desmatamentos, explorações e grilagens ilegais, invasões
irregulares de Biomas, que deveriam ser protegidos tanto pelo Estado como por
seus cidadãos, as tímidas políticas públicas, que contemplem especialmente moradias
dignas para milhões de brasileiros que ainda vivem em barracos, comunidades (favelas),
nas encostas de morros perigosos, criaturas humanas obrigadas a viverem como
bichinhos engaiolados, por conta de uma Cultura de Sobrevivência.
A ganância de alguns que se endeusam sobre a maioria das pessoas,
pode ser uma atitude que promova as catástrofes naturais, a cada ano mais
frequentes. Porém, na hora em que a natureza reclama seu espaço de volta, não
escolhe pobres ou economicamente privilegiados. É verdade de que os mais
vulneráveis, aqueles que sobrevivem em casebres, barracos nas encostas dos
morros que tantas vezes deslizam, são os que mais sofrem e até morrem nessas
tragédias. Mas a natureza também engole automóveis importados, mansões, sítios
e fazendas de alto nível.
Há poucos anos os desastres naturais atingiram a região serrana do
estado do Rio de Janeiro. No ano passado foi a vez do Rio Grande do Sul, em
plena primavera com três ciclones. Outras regiões do País, como Pernambuco,
Bahia, Minas Gerais tampouco escapam de tragédias parecidas, causando estragos
incalculáveis e ceifando dezenas de vidas. E assim foram interrompidos tantos
sonhos de pessoas queridas e trabalhadoras, que ao longo de um ano inteiro
economizaram seu dinheirinho para usufruir os feriados em regiões que há mais
de 70 anos não viam tamanha tragédia natural.
De quem seria a responsabilidade de tudo isso? Penso que é hora de
olharmos para dentro de nós. Procurar culpados fora de nós, pode não nos
responder à pergunta: De quem é a culpa? De Deus? Do Homem? Da Natureza? Ora,
Deus perdoa sempre, o homem de vez em quando, a natureza jamais.
Enquanto não tomarmos consciência da parcela de nossa
responsabilidade pessoal diante do meio ambiente, da natureza tão perfeita que
de graça recebemos para viver felizes e não simplesmente sobrevivermos, os
desastres naturais continuarão ocorrendo, talvez não apenas nos próximos
verões, mas em qualquer uma das estações. Penso que a urgente atitude nossa
deve ser o respeito. O respeito talvez não resolverá o estrago já feito, mas
ajudará a amenizar nossas condições de vida, como seres humanos.
Respeitemos com ternura e gratidão a Deus que perdoa sempre, ao
homem que perdoa de vez em quando e a natureza que não perdoa jamais.
Pe. Gilberto Kasper
Teólogo