Pe.
Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro
de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro
do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação e Reitor da
Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e
Jornalista.
A
minha geração cantou muito essa música que parecia o “hino oficial” do final do
ano; e continuava dizendo “quem quiser ter um amigo que me dê a mão”. Era
bonito, emocionante, mas depois do efeito emotivo das festas, tudo voltava ao
normal e a carruagem voltava a ser abóbora, a Cinderela continuava escrava da
megera e ninguém se lembrava da paz no coração ou da mão estendida aos amigos.
Quantas
promessas de início de ano que eu vejo e escuto de diversas pessoas com uma
certeza que os grãozinhos da romã, ou as ondinhas do mar por si resolvem todos
os problemas. Aí a pessoa acorda e a vida continua na mesma.
Essas
promessas, desejos e sonhos dependem do passo que damos em direção a eles; a
vida se transforma se eu der o primeiro passo. Desejos de início de ano
parecem-se com a reforma da previdência que quer economizar cortando os
benefícios dos aposentados, como se resolvesse o problema. Até agora ninguém
falou de cortar os privilégios, mordomias e similares que são um verdadeiro
deboche da classe política em relação ao povo que sempre paga a conta.
O
ano que começa precisa nos encher de ânimo e entusiasmo. Há muitos desejos e
sonhos que podem se realizar; eles começam dentro de nós, dependem de nossa
decisão. Quem deseja “saúde para dar e vender”, no mínimo precisa cuidar da
própria saúde; as dietas durante o ano novo devem significar não só reduzir o
consumo de alimento, mas evitar o desperdício que gera a miséria, partilhar o
alimento com quem fica dias e meses sem comer...
Há
os que querem malhar para ficar com o corpinho sarado, idolatram a academia,
não podem ouvir falar das “rugas”... O Papa disse que as rugas não nos enfeiam,
o que nos enfeia são as “manchas” do egoísmo, da arrogância. Investem no corpo
que fica bonito por fora e não tem nada por dentro. São adultos só na idade,
pois a fé não lhes ilumina a vida. Ainda escutei alguém dizer que no ano novo
vai começar a investir no futuro dos seus filhos. E lhes enche de presentes,
tecnologia, tablets, games, e não ensina a buscar a Deus. Quantos filhos com a
vida desorientada por falta do incentivo da fé. Se os que rezam enfrentam cada
“buchada” no dia a dia, imagina os que idolatram o mundo, a fama e o poder.
Eu
não sou contra as famosas “promessas de fim de ano”, só penso que elas são
esquecidas no dia primeiro de janeiro à noite. Tenho até algumas sugestões para
a gente conquistar no ano novo: trabalhar a favor da Paz, desarmando as
artimanhas da ira, do ódio e do preconceito. Lutar contra toda violência
praticando o respeito ao pensamento do próximo, vencendo a intolerância e os
rótulos.
Creio
que ainda tem espaço para mais alguma sugestão para ser vivida no ano novo:
evitemos reclamar, murmurar ou ofender. Ao invés, amemos mais, escutemos mais
os irmãos, perdoemos mais, rezemos mais, ajudemos mais, sirvamos mais,
participemos mais da comunidade, da cidade e da sociedade e semeemos os valores
do Evangelho.
Já
na próxima semana os Poderes constituídos: Suprema Corte, Senado, Câmara dos
Deputados, Vereadores e Outros retomam suas atividades chamadas “normais”. O
que esperar de nossos Governos afogados na lama de dívidas, da colheita de
desmandos dos anteriores, sem as mínimas condições de honrar com compromissos
descumpridos há anos? Criatividade e competência na administração da “coisa
pública”. Transparência e solidariedade de todos para com o Bem Comum e jamais
individual. Chega de perguntar: “O quê vamos ganhar com isso?”. Sejamos unidos
e assim neste ano que nasce novo não caberão os vícios do ano que se foi.
(Parceria
com Pe. João Paulo Ferreira Ielo, Pároco da Paróquia Imaculada Conceição de
Mogi Guaçu – SP)