Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
Este domingo encerra a
primeira parte do Tempo Comum, neste ano C. Esse primeiro conjunto de
celebrações nos colocou à escuta da Palavra e do ministério de Jesus, como
discípulos que se preparam à missão. A esperança é ideia central na liturgia
deste domingo, esperança de que nossas obras demonstrem as motivações de nosso
coração. Daí ser o verde a cor litúrgica.
Por meio de exemplos
tirados da roça, o autor do Livro do Eclesiástico mostra como se pode conhecer
o interior de uma pessoa por aquilo que ela fala. Ainda que as palavras possam
enganar, as ações (os frutos) não enganam. Portanto, o melhor modo de conhecer
uma pessoa é ver a correspondência entre o que diz e o que faz.
Com os diversos ditos
do Evangelho de Lucas de hoje, Jesus dirige a seus discípulos várias
advertências: não se pode guiar os outros se não se consegue guiar a si mesmo
(caso do cego); antes de julgar os outros, olhar para os próprios defeitos
(cisco no olho); a prática concreta revela o que a pessoa é (caso da árvore).
Numa palavra, Jesus quer chamar a atenção para o cuidado que se deve ter antes
de julgar ou condenar uma pessoa.
Paulo aos Coríntios
proclama a vitória final da vida, até mesmo a própria morte. A fé na
ressurreição nos leva a viver, desde agora, a vida nova. A morte foi vencida
porque o pecado, causador da morte, foi destruído por Cristo ressuscitado.
A ideia principal deste
conjunto de leituras é a revelação do coração por meio das obras e das
palavras. Para os dias de hoje, cabem perguntas muito simples: Qual a impressão
causada por nossas ações, nossas palavras, nosso jeito de ser e de nos
relacionarmos? Será que a fé – sentida, experimentada e celebrada – fala por
meio de nossas palavras? É comum ouvirmos que o mistério não precisa ser
explicado porque fala por si mesmo. Também nossas ações são mistagógicas,
porque falam por si mesmas, e falam do que está em nosso coração.
Hoje, percebemos uma
grande dificuldade no que concerne no comprometimento da religiosidade com a
prática. Ganham força estilos e práticas religiosas circunscritas ao eu, frutos
do individualismo que adoece nossa sociedade. Encontro-me com Jesus, sinto-me
restaurado e recebido por ele, minha vida prospera, e tudo parece ir bem. Mas
não é aí que Jesus enxergou o ponto de chegada. Na verdade, é este o ponto de
partida. O encontro verdadeiro com Jesus tem apenas uma consequência possível:
o impulso ao outro, à vivencia do amor, à prática do Evangelho.
Ao instituir o amor
como a marca de seus discípulos, Jesus não faz uma escolha dentre tantas outras
possíveis, mas reconhece ser o amor a única resposta possível diante do Pai. Se
pensamos de acordo com a liturgia de hoje, ações misericordiosas revelam um
coração misericordioso e ações justas dão a conhecer a justiça do coração. Um
ser alegre transmite a felicidade que está no interior enquanto a gratidão
mostra o otimismo que está no pensamento. Mas só a vivência do amor revela quem
é discípulo de Jesus, isso porque o amor segundo o modelo de Jesus – de serviço
e doação – reúne todas as virtudes imagináveis: misericórdia, justiça,
compaixão, sensibilidade, alegria, disposição, fé, esperança e tantas outras.
Desejando-lhes muitas
bênçãos, com ternura e gratidão, meu abraço,
Pe. Gilberto Kasper
Ler: Eclo 27,5-8; Sl 91(92); 1 Cor 15,54-58 e Lc 6,39-45.
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Março de 2019,
pp. 20-22 e Roteiros Homiléticos da CNBB do tempo Comum (Março de 2019), pp.
28-31.