Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“São João Batista é importante para os cristãos. Santo muito querido e estimado
pelo povo brasileiro. Em todas as regiões, principalmente do norte e nordeste,
existem as festas tradicionais de São João, celebradas com alegria, muita comida e bebida, danças e trajes
típicos, à luz da tradicional fogueira de São João. Estas festas ocupam lugar de destaque no calendário popular.
A Igreja, já no século VI, reservou
o dia 24 de junho para comemorar o nascimento de São João
Batista. Santo Agostinho escreve: “A Igreja celebra o nascimento de João como um acontecimento
sagrado. Dentre os nossos antepassados, não há nenhum cujo nascimento seja
celebrado solenemente. Celebramos o de João, celebramos também o de Cristo: tal fato tem, sem dúvida, uma
explicação... João apareceu, pois, como ponto de encontro entre os dois Testamentos,
o Antigo e o Novo. O próprio Senhor diz: ‘A
lei e os profetas até João Batista’ (Lc 16,16)... Antes mesmo de nascer, já é designado;
revela-se de quem seria o precursor, antes de ser visto por ele” (Ofício das Leituras, in
Liturgia das Horas).
Jesus o declara o maior de todos os
profetas. Homem simples, austero, corajoso, apontou o Cordeiro de Deus, que tira
o pecado do mundo (cf. Jo 1,29-36). Deu
testemunho da luz, aplainou os caminhos e preparou o povo para acolher o
Salvador. Antes que Jesus chegasse, pregou um batismo de conversão.
A celebração do seu nascimento nos
associa à alegria de Isabel, de Zacarias e dos vizinhos, porque Deus se lembra
de nós, indica os caminhos da salvação e aponta os horizontes da liberdade.
A Palavra anunciada nos conduz para
dentro da verdadeira Luz de todos os povos, o Salvador, do qual nem merecemos desamarrar
as sandálias. Celebramos, acima de tudo, o mistério daquele que se fez o menor
no reino de Deus, e, por isso, é o maior: Jesus.
As leituras bíblicas apresentam a
vida e a missão de João Batista à luz dos grandes profetas antigos e de Jesus Cristo, o Messias esperado. Como diz Santo
Agostinho, João representa a passagem do
Primeiro para o Segundo Testamento. Ele recebe a missão de profeta, assume a
vida de asceta, e é chamado de batista. Pelo batismo, nós também
recebemos a missão de profetizar e de denunciar, como João, a injustiça, a mentira e a
opressão.
Celebrar o nascimento de João é experimentar, como
Isabel, Zacarias e os vizinhos, a manifestação da bondade de Deus, que
transforma e fecunda a vida. É fazer a experiência da fé e da esperança no Deus
misericordioso e compassivo, que ouve nosso clamor e nos socorre em meio aos
sofrimentos e às aflições. É sentir que Deus continua soltando nossa língua
para que tenhamos a coragem de vencer o medo e proclamar a justiça e a
libertação. Como João Batista, possamos ser sinais proféticos de esperança, para anunciar o
caminho da salvação e testemunhar Jesus Cristo, a luz que ilumina e liberta todos os povos.
O jeito despojado de João Batista viver, entregue
ao serviço de Deus, na gratuidade, é testemunho de vida, apelo à conversão.
Jesus o elogia, dizendo que “entre os
nascidos de mulher, não há ninguém maior do que João. No entanto, o menor no Reino de Deus é maior do que ele” (7,28). [...] Eis um dos maiores elogios aos cristãos comprometidos com o
Reino de Deus, que é um Reino de Amor, Justiça, Verdade, Liberdade e Paz.
Envolve-nos na esperança de sermos
reconhecidos no Reino de Deus pelo esforço que empreendermos por promover desde
já maior dignidade humana, começando ainda hoje o céu na terra... Como mostra também o Servo, na primeira leitura deste domingo, João é modelo de vida por causa
de sua entrega total ao Reino. Que o Senhor nos dê a graça de viver conforme
sua Palavra e testemunhar a Boa Notícia do Reino, o “Sol nascente que vem nos visitar” (1,78). Precisamos de
testemunhos proféticos, como João Batista, capazes de denunciar a corrupção, as injustiças e de conduzir o
povo para Deus para criar um mundo melhor, mais justo e mais fraterno.
O grande convite da Solenidade da Natividade de João Batista a todos nós, é à humildade vivida por ele. Saber dar
lugar, retirar-se e deixar Cristo aparecer. Nem sempre é fácil tal atitude. Costumamos, devido
nossas carências e limites, plantar com entusiasmo, regar e cultivar com zelo,
mas queremos também saborear os frutos. Não parece ser assim na Igreja de Jesus Cristo. Nela, uns
plantam, outros regam, ainda outros deveriam cultivar e zelar o plantado pelos
que passaram e somente outros que virão posteriormente, é que usufruirão dos
frutos. Tal Igreja, discípula e missionária do Senhor, só é configurada com
Cristo, se conseguir agir assim. Do contrário corremos o risco de desfigurá-la,
apossar-nos dela e isso, geralmente, termina em desastre eclesiológico e
pastoral.
Sejamos a exemplo de São João Batista, Comunidades
simples, descomplicadas, acolhedoras, amorosas e cheias de ternura, porém sem
ter medo de corajosa e ousadamente perdemos nossa cabeça = a própria vida por conta da coerência do Evangelho anunciado e vivido no
hodierno de nossas relações, sobretudo nos serviços que prestamos, sempre
gratuitamente neste mundo tão vazio de Deus!
Sejam todos sempre abençoados. Com
ternura e gratidão, o abraço,
Padre Gilberto Kasper
(Ler: Is 49,1-6; Sl 138(139); At 13,22-26 e Lc
1,57-66.80)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus
de Junho de 2018, pp. 85-88 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum
(Junho de 2018), pp. 31-35.