Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
Estamos vivenciando as festas
natalinas, com a celebração da manifestação do Senhor em nossa vida e história.
Nossa atenção se volta ao mistério da Mãe do Senhor sob o título de
“Mãe de Deus”, neste ano com
sabor de Ano
Nacional Mariano, instituído pela Igreja no
Brasil em ação de graças pelos 300 anos do encontro da imagem de Aparecida.
Ao afirmar que o Menino, nascido de Maria, é Deus, em decorrência disso, a Igreja proclamou que Maria é Mãe de Deus. E isso não é de agora. Desde muito, nós cristãos honramos “... Maria sempre Virgem,
solenemente proclamada Mãe de Deus pelo Concílio de Éfeso, para que Cristo
fosse reconhecido, em sentido verdadeiro e próprio, Filho de Deus e Filho do
homem, segundo as Escrituras” (UR, n. 15: Decreto conciliar sobre a reintegração da Unidade
dos cristãos).
Neste Dia Mundial da
Paz, iniciando um novo ano, a paz é desejada,
suplicada como sinal da bênção e da proteção permanente de Deus. É em nome de
Jesus, a plenitude da bênção, que invocamos bênçãos de paz sobre nós e sobre os
povos em conflito.
A alegria deverá orientar nossa
primeira celebração religiosa do novo ano civil. As festas e os brindes da Passagem do Ano,
geralmente, impedem as pessoas de participarem desta significante celebração.
Muitos dormem sua ressaca, outros nem conhecem a profundidade de tão linda
celebração, que deveria ter maior prioridade entre os cristãos. Acolhidos por Maria, Mãe de Deus e
nossa, desperdiçamos a oportunidade de pedir a ela que nos acompanhe ao
longo dos próximos 365 dias. Neste 50º Dia Mundial da Paz, somos conclamados a fazer nossa a proposta do Papa Francisco: “A não violência: estilo de uma política para a Paz!”. Segundo o Papa Francisco, a
fraternidade pode superar a “cultura do descartável” e promover a “cultura do
encontro”. O Deus da bênção e da paz nos congregue numa só família.
O povo pode contar sempre com as
bênçãos de Deus. A maior delas é a vinda do seu Filho, graças ao sim de Maria. A exemplo dos pastores, vamos
abrir o coração e nos dispor para o encontro com Jesus.
Deus quer nos abençoar ao longo de todo este ano. Os pastores,
gente pobre e desprezada, são os primeiros a ir ao encontro de Jesus. Deus
conta com a colaboração humana para
realizar seus projetos. Os pastores
cheiram mal, pois cuidavam de ovelhas e viviam ao relento. Poderíamos
compará-los, em nossos dias, aos irmãos coletores de lixo. Imaginem que eles
correm mais de trinta quilômetros por noite, em nossa metrópole rica e
privilegiada, recolhendo nosso lixo depositado nas calçadas. Enquanto as
autoridades eclesiásticas, políticas, civis e a nata da elite de uma sociedade
economicamente privilegiada pensam anunciar o Salvador do
mundo, este se revela, através da Corte Celestial
dos Anjos, aos preteridos e “fedidos” entre todos: na época os Pastores; hoje, talvez, nossos Coletores de Lixo, ou aqueles que
consideramos Lixo Humano entre nós: os idosos, os enfermos, os
dependentes de alguma droga lícita ou não, e nem por último os mendigos
mal-cheirosos que adentram nossas celebrações, pedindo uma esmola para
suportarem a exclusão com mais um gole de cachaça ou uma cheirada de craque... Se não estivermos abertos ao diferente, ao simples, e não
fizermos a experiência da humildade, deixando de lado nossa prepotência, arrogância, autossuficiência,
corremos o risco de desencontrar-nos com o Senhor que só nasce mesmo em
manjedouras simples, humildes, puras e livres para acolhê-lo.
A exemplo de Maria, humilde serva do Senhor e
bendita entre as mulheres, cantemos um hino de ação de graças ao Pai, que nos
cumulou de bens por meio de seu Filho, especialmente neste Ano Nacional Mariano!
A palavra de hoje ressalta a
imposição do nome de Jesus, sua inserção na sociedade humana. Como o Filho de
Deus, nós também recebemos um nome ligado à nossa existência e à nossa missão.
A atitude dos pastores nos ensina a acolher e anunciar a Boa Notícia da presença do
Salvador em nosso meio. Com Jesus, nos tornamos herdeiros da salvação e podemos
clamar: Abba, Pai, vivendo
fraternalmente como irmãos e
irmãs.
Maria, a mãe de Jesus, é imagem da comunidade fiel e comprometida com o plano da
salvação.
Com o exemplo de Maria no seu sim incondicional, assumimos “de boa vontade” a proposta de
Jesus de sermos promotores da paz em nossos lares e na sociedade em que
vivemos.
Invoquemos com confiança a bênção do
Senhor, o Deus de bondade, sobre todos os povos e nações, neste Dia Mundial da Paz. Que ele
guarde, ilumine, mostre a sua face de Pai e dê a paz a todos. Com Jesus, o
Filho de Maria, a maior bênção da salvação para toda a humanidade, nos comprometemos
a trabalhar alegremente na construção da paz.
Saibamos rezar por nossos
Governantes: os Prefeitos e Vereadores eleitos para promover, além da paz, a
maior dignidade de todos os Filhos de Deus. Estejamos atentos e tenhamos a
coragem e ousadia proféticas de “cobrar” melhores condições de vida em todos os setores que garantam uma
vida digna a cada cidadão, sem nenhuma acepção ou discriminização, deixando de
lado as inúmeras “barganhas” divulgadas no ano que se declina. Formemos “consciência política
crítica” neste novo Ano! Não é a economia de um País que
o determina civilizadamente desenvolvido. É a dignidade do Povo de um País que
deverá discernir sempre nossa cidadania, direitos e deveres! A cultura do
consumo e do lucro à custa da indigência do Povo precisa ser superada pela Cultura do Encontro, da
Fraternidade, da Partilha e da Ternura!
Sejam todos muito abençoados neste Novo Ano que se inicia. Sejamos protagonistas da paz por onde
passarmos, exalando o perfume da ternura em nossas relações.
Com a mesma ternura, o abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Nm 6,22-27; Sl 66(67); Gl 4,4-7 e Lc 2,16-21).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de
Janeiro de 2017, pp. 17-19, e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo do
Natal (Janeiro de 2017), pp. 53-58.