Padre
Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e
Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor
Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo
Educacional da UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado
Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio,
Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato:
pe.kasper@gmail.com
Quando
eu era criança, ouvia dizer que antigamente os homens, ao fechar negócios se
comprometiam a pagar o restante e ninguém duvidava, pois honravam os “fios dos
bigodes”, ou seja, não era comum “dar o calote” e nem sujar o nome por mentir
aos seus amigos, familiares e conhecidos. Com o passar do tempo, para garantir
que ninguém seria lesado e para proteger os bons nomes, criou-se um documento
que seria assinado pelos que assumiam compromissos financeiros. Só o fio do
bigode já não valia. Mais tarde, quando nem as assinaturas serviam para as
pessoas assumir os compromissos, começamos a ouvir que “papel aceita tudo”.
Triste, não?
Leio a Bíblia e ali encontro
diversas pessoas que acreditaram em Deus e jamais se desapontaram com Ele. Sua
Palavra não falha, é a verdade e, de tão atual nunca necessitou de uma emenda.
Deus fala, sustenta o que diz e cumpre o que proclama! Palavra que se realiza,
que ensina e que ilumina a vida de quem a escuta. A santa Palavra criadora e
salvadora se faz pessoa em Jesus Cristo e vem morar no meio de nós. E mais, a
santa Palavra quer morar entre nós, dentro de nossos corações para que também
nossas palavras sejam verdadeiras, sinceras, amorosas e entusiasmadas.
O mundo em volta de nós está repleto
de propagandas enganosas, publicitários que se esmeram em criar necessidades de
produtos que não precisamos para comprarmos com o dinheiro que não temos; gente
que se apresenta como “salvadores da pátria” e com suas palavras falsas iludem,
enganam e saqueiam os mais simples que tentam sobreviver com o salário de fome
que não pode ser aumentado por conta dos fantásticos salários dos nobres
parlamentares que não têm peso na consciência pelas altas somas que embolsam;
há ainda os discursos dos que defendem os mais pobres, mas na verdade é só
conversa fiada. Quanta gente mente, engana e, como Halley, aparece de tempos em
tempos com aquela conversinha de Romeu apaixonado. Esses enganam! Essas
palavras de engano são perigosas.
São Jerônimo, o tradutor da Bíblia,
ensina que quando lemos as Escrituras, Deus passeia em nosso coração como
passeava no jardim de Éden e conversava com nossos primeiros pais; e que quem
desconhece a Escritura também desconhece a Cristo.
Em tempos como os que estamos
vivendo, é sempre oportuno escutar a Palavra Santa de Deus que nos convida a
caminhar na Luz, não na escuridão (Sl 119,105) visto que os filhos e filhas de
Deus são livres por causa da Verdade (Jo 8,32). Numa época de muitas confusões,
precisamos permanecer em atitude de escuta atenciosa e obediente ao que nos diz
a Palavra de Deus; ouvir para praticar, para iluminar o mundo, a sociedade e
fazer surgir um tempo novo em que as pessoas se vejam, se reconheçam, se
respeitem, se tratem e se amem como irmãos e irmãs uns dos outros.
(Em
parceria com o Pe. João Paulo Ferreira Ielo, Pároco da Paróquia Imaculada
Conceição de Mogi Guaçu, SP)