Meus queridos Amigos e
Irmãos de Fé!
O evangelista Marcos continua sua
narrativa, revelando quem é Jesus. Neste Décimo-Segundo
Domingo do Tempo Comum Ele se revela como o Senhor
das forças da natureza, acalmando a tempestade que amedronta seus discípulos.
Em meio às tempestades e perigos da
vida, a Palavra do Senhor nos enche de confiança e nos faz renovar a fé em sua
presença permanente. Mesmo que os ventos sejam contrários, Ele está no meio de
nós, indicando caminhos, nos dando segurança nos momentos de temor.
Jesus, por meio da morte e
ressurreição, manifesta sua força vitoriosa que nos conduz a “passar para a outra margem”. Na época em
que o Evangelho de Marcos foi escrito, por volta do ano 70 d.C., os discípulos
eram ameaçados pela perseguição e pela hostilidade. A falta de fé e confiança
impede de correr o risco com Jesus que está na “barca”, na comunidade de seus seguidores e seguidoras. É necessário
escutar as palavras de Jesus, dirigidas aos discípulos, no meio da tempestade: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes
fé?”.
O discípulo, que segue o caminho
indicado por Cristo, testemunha a paz e a reconciliação, diante das
adversidades que dificultam a difusão da Boa-Nova do Reino de Deus. A fé e a
confiança na graça do Senhor levam a praticar gestos de misericórdia e
compaixão, que proporcionam transformar situações de morte em vida plena. O
amor gratuito de Deus, manifestado em Cristo, impulsiona a vivermos como
criaturas novas, comprometidas com seu reinado de justiça e fraternidade.
Deus, o Senhor, não abandona nenhuma
de suas criaturas, mas sustenta sua vida com amor eterno. O mistério insondável
de Deus, sua bondade, providência, justiça e amor com todos os seres criados,
especialmente o ser humano, leva a confiar e a escutar sua Palavra como Jó o
fez. A experiência profunda do encontro com Deus conduz Jó a superar o
princípio de justiça e retribuição, que guiava especialmente seus amigos. Deus
atua continuamente, mesmo nos sofrimentos, desastres, tribulações, fazendo
novas todas as coisas.
No entanto, tempestades e
catástrofes naturais – como o tsunami que, em dezembro de 2004, deixou milhares
de mortos em vários países banhados pelo Oceano Índico, sobretudo na Indonésia,
Tailândia, Índia, Sri Lanka; o tufão, como o das Filipinas, em novembro de
2013; o furacão que destruiu a cidade de Xanxerê em santa Catarina e o tufão
que matou milhares de pessoas no Nepal em abril passado, que também causaram
devastações e mortes; as inundações e as secas em diversos lugares do mundo –
podem ser evitados com políticas públicas e ambientais consistentes e com o
compromisso das autoridades e de cada cidadão. A falta de preservação do
planeta e de seus recursos, destinados ao bem comum de todos, compromete a vida
digna.
Vivemos em tempos de mar agitados
por tanta desigualdade, corrupção, injustiças e infidelidades ao Senhor, porém
Ele não nos abandona jamais. A certeza de sua presença em nossa vida nos anima
e fortalece para remarmos o barco da vida. Somos convidados a sermos, também,
os remos dos barcos furados de nossos irmãos, os mais surrados da vida em nosso
entorno. Não olhemos somente para nós mesmos, mas sejamos a esperança na vida
dos desencantados e desolados, vítimas de tanta corrupção, injustiça e
exploração!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com
ternura e gratidão, o abraço fiel,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler: Jó 38,1.8-11; Sl
106(107); 2 Cor 5,14-17 e Mc 4,35-41)
Fontes: Liturgia
Diária da Paulus de Junho de 2015, pp. 69-71 e Roteiros Homiléticos da CNBB do
Tempo Comum (Junho 2015), pp. 38-43.