Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Como pedras vivas,
formei um templo espiritual,
um sacerdócio santo”
(1Pd 2,5).
“O aniversário de uma catedral é
anualmente celebrado, pois evoca e celebra a unidade da igreja mãe. A unidade
de todo o povo de Deus encontra na liturgia a sua expressão maior, cume e fonte
de toda a ação da Igreja. Celebrar a dedicação da Basílica Lateranense é, pois,
expressão da nossa unidade ao Bispo de Roma, sucessor de Pedro.
Por ser a catedral do Bispo de Roma,
a Basílica do Latrão torna-se a igreja mãe de toda a Igreja Católica Romana –
da cidade de Roma e de todo o mundo. Construída pelo imperador Constantino no
tempo do Papa Silvestre I, foi dedicada no ano 324. Sua festa, antes celebrada
apenas pela cidade de Roma, no ano de 1565, por ocasião da reforma do
calendário litúrgico, foi estendida a todas as comunidades de rito latino de
todo o mundo. [...]
‘O
templo onde a comunidade se reúne para celebrar é manancial de vida e de
bênção. Nele ouvimos a palavra de Deus, que nos alicerça em Cristo. Jesus
ressuscitado é o novo e definitivo templo onde Deus se manifesta.
Do templo sai
água santificadora e salvífica em benefício das pessoas. Cristo ressuscitado é
o novo templo que reúne os cristãos. A comunidade, morada do Espírito Santo, é
a construção edificada sobre Cristo.
A igreja é casa
de Deus, onde a comunidade se reúne para celebrar e apresentar seus dons e o
fruto do trabalho humano, ofertas que serão transformadas em alimento de vida’ (cf. Liturgia Diária de
Novembro de 2014 da Paulus, pp. 43-46).
[...] Todas as comunidades católicas
neste dia estarão unidas à sede de Pedro, seu sucessor, o Papa Francisco. No
dia da sua eleição, em 13 de março de 2013, ao achegar-se à fachada da Basílica
de São Pedro, inclinando-se fez um gesto profético, pedindo a todo o povo
presente na praça, que rezasse por ele, pois necessitava da oração de todos da
Igreja.
Neste domingo, o Trigésimo Segundo
do Tempo Comum, nos colocamos nesta unidade a ele e ao seu ministério petrino,
e, como Igreja, somos chamados a elevar preces a Deus, para que o ilumine e o
acompanhe com as luzes do seu Espírito Santo, auxiliando-o em sua missão no
mundo. Unidade que se estende às nossas igrejas particulares, na comunhão com o
nosso Bispo local, pastor do rebanho que lhe fora confiado.
Esta festa também nos remonta à
Igreja que somos nós, corpo de Cristo, do qual ele é a cabeça. Igreja
diversificada em seus ministérios, como serviços de anúncio do Evangelho e
vivência dos seus valores. Igreja construída sobre o alicerce dos Apóstolos,
que tem como pedra viva e angular o próprio Jesus Cristo, seu Senhor e esposo.
Igreja esposa, que na relação amorosa com Jesus gera seus filhos pelos
Sacramentos. Igreja que testemunha o seu Senhor por suas ações proféticas e de
defesa do bem comum, da justiça e da paz” (cf. Roteiros Homiléticos do Tempo Comum II de 2014 da CNBB, pp.
66-70).
Celebrar a unidade com o Papa
Francisco na festa da Dedicação da Basílica de Latrão, implica ouvir seus
sábios conselhos e seguir seus exemplos de humildade. Não esqueçamos que Cristo
não tinha onde reclinar a cabeça. Também o Santo Padre se despe até do próprio
nome e não é mais dono de sua vida. Sua vida passa a ser consumida inteiramente
pela Igreja de Jesus Cristo. Não poucas vezes valorizamos os Padres que
constroem as maiores, suntuosas e modernas igrejas mais do que aqueles que se
gastam por uma igreja, templo do Espírito Santo. O Papa Francisco nos tem feito
o apelo constante por sermos simples, descomplicados e alegres anunciadores do
Evangelho do Senhor, o quanto possível com a própria vida. E quantos de nós nos
preocupamos em garantir, por meio de nosso ministério, uma vida de segurança
terrena, quando não perto de luxuosa, enquanto nossos fiéis vivem em extrema
miséria? Será que os apelos do Papa já passaram de nossos ouvidos e se
aconchegaram aos nossos corações? Como então tanta suntuosidade, tantos gastos
com a igreja-pedra e tão pouco investimento na formação pastoral de nossas
comunidades?!? Penso que a festa da dedicação da Basílica de Latrão nos convida
a uma revisão imediata de nosso modo de ser igreja e não por último, uma rápida
conversão de príncipes em verdadeiros servidores. Quantos de nós nos “fincamos”
em nossos “feudos paroquiais”, como se devêssemos viver ali para sempre! E o
medo de uma proposta de transferência que paira e que toma conta de nossas
conversinhas em pequenos grupos nos encontros pastorais? Tudo passa, também nós
passamos. Saibamos então com o Evangelho de São João não só proclamar, mas
sobretudo viver: “O zelo por tua casa me consumirá”.
Desejando-lhes muitas bênçãos, com
ternura e gratidão, meu abraço amigo e fiel,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Ez 47,1-2.8-9.12; Sl
45(46); 1Cor 3,9-11.16-17 e Jo 2,13-22).