Pe. Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor
Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo da
UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da
Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto,
Presidente do FAC – Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.
O
Papa Francisco tem insistido: “Temos que
sair às periferias. Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e manchada por sair à
rua, que uma Igreja doente por se fechar e pela comodidade de se agarrar às
suas próprias seguranças. Não quero uma Igreja preocupada por ser o centro e
que acabe enclausurada num emaranhado de obsessões e procedimentos”.
Este
chamado é dirigido a todos os católicos, a toda a comunidade eclesial, mas
particularmente aos bispos, ao clero e agentes de pastoral.
O
Papa continua: “Não podemos ficar
tranquilos na espera passiva dos nossos templos. Os Evangelhos convidam-nos
sempre a correr o risco do encontro com o rosto do outro”.
Dom
Moacir Silva, o Arcebispo Metropolitano de Ribeirão Preto, escreveu, em junho,
no Site da Arquidiocese: www.arquidioceserp.org.br
uma apresentação do Documento 100 aprovado na 52ª Assembleia Geral da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada em Aparecida (SP),
de 30 de abril a 9 de maio deste ano, que teve como tema central: “Comunidade de comunidades: uma nova
paróquia – a conversão pastoral da paróquia”, que vale a pena ser lida por
todos, porque vem de encontro com os apelos do Santo Padre o Papa Francisco.
O
Papa quer introduzir na Igreja o que ele chama de “A Cultura do Encontro
e da Proximidade”. Está convencido de que “o que necessita hoje a Igreja é a capacidade de curar feridas e dar
calor aos corações para ajudar-se reciprocamente”. A meta da evangelização
é o Reino, a vida plena de todos e para todos (Papa Francisco in Evangelii Gaudium – A Alegria do
Evangelho).
Eis
a pergunta decisiva: O que vamos fazer
nestas periferias existenciais?
Dioceses
e Paróquias ao lerem o Documento de Aparecida e agora ao escutar o Papa
Francisco urgindo Evangelização, quase caíram na tentação de interpretar que se
lançaria uma “cruzada” de reconquistas. O que Deus quer? Que caminhemos em frente para recuperar, salvar
numericamente os católicos que, aos milhões, estão deixando a Igreja na qual
foram batizados? Nessa perspectiva a missão seria uma campanha para salvar o
prestígio da instituição católica. Então, teríamos de dizer “Adeus”
ao Ecumenismo! Bem ou mal
terminaríamos apelando ao clericalismo: mas quem coordenará o
processo? Quem preparará e enviará missionários? Quem receberá os católicos
que, arrependidos de haver deixado a Igreja, estarão voltando à sua família
religiosa de origem? E por quanto tempo ficarão “conosco” se as razões pelas que saíram ainda permanecerem? É para
sair às periferias existenciais. E daí?