Pe. Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor
Universitário, Docente da Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo Educacional da
UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da
Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e
Jornalista.
No dia 11 de fevereiro a Igreja
celebra, por proposição do Beato João Paulo II, o Dia Mundial do Enfermo!
Recomendamos nossos amados enfermos à proteção de Nossa Senhora de Lourdes, cuja Memória celebramos nesse mesmo dia.
A mente humana compreende duas
faculdades exímias: o intelecto e a vontade. Convém, desde logo, lembrar que o
intelecto não se restringe à razão, ou seja, não procede apenas por argumentos
ou provas lógicas ou empíricas, mas tem também uma capacidade de intuir a
verdade. A mente humana nos proporciona, pois, a capacidade de conhecer e amar.
Ou, olhando por parte do objeto, coloca-nos em contato com a verdade e com a
bondade por parte do objeto, coloca-se em contato com a verdade e com a bondade
dos seres, respectivamente.
Nossa época pós-moderna nos adverte
contra o perigo de cairmos no objetivismo. Nosso relacionamento com o objeto
envolve também sentimentos. E logo discernimos entre os objetos de nível
físico, vegetativo, sensitivo e racional. Nosso relacionamento, ou seja, nosso
conhecimento com os minerais, as plantas, os animais não pode ser o mesmo que
temos com os homens e com Deus. No caso dos homens e de Deus, nosso
relacionamento, que envolve conhecimento, vontade e sentimentos, é
intersubjetivo. E essa característica envolve todo o nosso relacionamento com o
universo, na medida em que o acolhemos de Deus e ele nos revela as suas
maravilhas, tornando-se habitação e ambiente de vida para nós e nossos
semelhantes. É o que nos ensina Saint Exupéry, no Pequeno Príncipe: a raposa,
por não comer pão, não teria nenhum relacionamento com o trigal. Mas se for
cativada pelo Pequeno Príncipe, lembrará as ondulações de seus cabelos e
adquirirá um profundo e novo significado.
Viver humanamente é realizar-se. É
tornar-se pessoa. Isso se faz pelo relacionamento, que tem, na
intersubjetividade, sua matriz. Sua atitude básica será a acolhida de cada
pessoa, para que ela se sinta amada e realizada. Não é, pois, possível curar
uma pessoa – de qualquer doença – sem levá-la à vivência de sua subjetividade,
que resulta da intersubjetividade das pessoas que cuidam dela. Curar, no fundo,
é demonstrar carinho, ir em socorro, tirar do isolamento, mostrando que ela não
está a sós no combate à doença. Não conseguindo reagir com as próprias forças,
há quem lhe venha em socorro. E isso deve ser feito humanamente, o que equivale
a dizer, intersubjetivamente. A doença humana não se reduz a um fenômeno
biológico. Envolve e afeta profundamente sua mente (cf. Fonte: GRINGS, Dadeus. Cartilha da Saúde – Um Apelo da Bioética.
Presscom, Porto Alegre (RS), 2008 pp. 29-30).
Especialmente
a Igreja, através de seus Ministros Ordenados e da Pastoral da Saúde, deve
priorizar nas Comunidades de Fé, Oração e Amor, os Enfermos, que fazem de seus
limites físicos e leitos de dor, o verdadeiro Altar do Sacrifício do Senhor.
Por isso, saibamos sempre amar os enfermos com amor de mãe!