O Antigo Testamento apresenta o dízimo como
prescrição divina. Inúmeras são as passagens bíblicas onde se prescreve a
obrigatoriedade de se dar o dízimo ao culto.
No Antigo Testamento prevalece o dízimo legal, no
sentido literal de décima parte, consagrada a Deus, para a manutenção do culto,
dos ministros e da assistência aos necessitados. “Abraão... lhe dá os
dízimos de tudo” (Gn 14,18-20). “De tudo que me concede, lhe consagrarei
fielmente a décima parte” (Gn 28,20). “Todo dízimo é coisa consagrada ao
Senhor” (Lv 27,20). “Pode o homem enganar a Deus?... Trazei, pois, todo
o dízimo para o templo de Deus” (Ml 3,8-10).
No Novo Testamento, o dízimo toma o sentido de oferta,
consciente e livre, corresponsável e comunitária, generosa e alegre, numa
relação com Deus, para a manutenção do Culto Divino, Evangelização e Assistência
da Comunidade Cristã.
O próprio Cristo ensina que quem se dedica à evangelização tem o
direito de viver da pregação e nos mostra que, ao lado de deveres para com o
estado, temos deveres para com a fé: “Dai a César o que é de César (impostos)
e a Deus o que é de Deus (dízimo)” (Lc 20,25). Em muitos outros
textos no Novo Testamento, sobretudo nos Atos dos Apóstolos e nas Cartas de São
Paulo, encontramos ricos testemunhos e princípios de que os cristãos devem dar
a sua contribuição material para a manutenção dos ministros, as despesas do
culto e a assistência aos pobres: “Recebestes de graça, dai de graça” (Mt
10,8-10); “Não sabeis que os ministros do culto vivem dos proventos do templo e
os que servem o altar participam do altar? Assim aos que anunciam o Evangelho
ordenou o Senhor viverem do Evangelho” (1Cor 9,4-14); “Cada um dê,
conforme decidiu no seu coração, sem tristeza nem constrangimento, porque Deus
ama a quem dá com alegria” (2Cor 9); “Os fiéis viviam todos unidos e
tinham tudo em comum... repartindo tudo... conforme as necessidades de cada um”
(At 2,44-45).
O dízimo além de ato de amor e gratidão é gesto de
participação! Vivemos num tempo de renovação. A Igreja também se renova, pois
seria estranho que dentro de um mundo em mudanças e renovação ela ficasse
parada. Seria estranho que a Igreja obrigasse o cristão retroceder no tempo
para viver sua fé. Embora a Igreja seja uma realidade eterna, isto é, seja a
presença da ação salvadora de Deus e tenha muitas coisas que não mudam, contudo
Ela é também uma realidade histórica, que vive no tempo e no espaço, e por isso
tem muitas coisas que devem mudar e se renovar. O dízimo não é “esmolinha”
qualquer, não é uma contribuição forçada, não é um pagamento constrangido,
porém, é uma atitude de filhos, pela qual dizemos a Deus “muito agradecido”
por tudo que Ele nos deu.
Devido às inúmeras dificuldades de sobrevivermos em nosso País, se
cada cristão católico oferecesse 1% de seu salário à sua Comunidade, ficando
com os restantes 99% para as demais despesas, não precisaríamos realizar tantas
promoções, a fim de arrecadar o necessário para a manutenção de nossas
atividades pastorais e materiais. No Ocidente os vencimentos de serviços são
mensais. A fim de que o dizimo seja sustentável, é necessário e fundamental que
seja estável: isto é mensal. Finalmente, dar o dízimo justo à
Comunidade não é favor e nem deve ser recompensado: antes é dever e
compromisso, transformados em gesto de participação!