Padre
Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e
Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor
Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão
Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da
Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da
Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e
Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com
Com
a pandemia vimos um aumento considerável de motociclistas transitando em nossas
cidades. Entregas a domicilio e as orientações de trabalhos “em casa”
triplicaram o trânsito de motos, até porque foi a maneira que muitos
brasileiros encontraram, de sobreviver aos “fechamentos e aberturas daqui e
dali” do comércio e escritórios. São pessoas, nas maiorias jovens, que merecem
nossa consideração e nosso apoio, porque obrigados a mudarem seus hábitos e
suas maneiras de garantirem “o pão de cada dia” com tamanho sacrifício e
destreza. Antes de tudo, registro meu respeito e minha admiração pelos
motociclistas que tomaram conta das malhas viárias de nossa cidade.
No
entanto não pudemos deixar de observar o grande risco que os mesmos
motociclistas representam para si e para os demais transeuntes de nossas ruas,
e principalmente nos cruzamentos com semáforos. Exige de nós um maior cuidado,
porque as motos vêm de todos os lados, sem muitas vezes, observarem as regras
que se lhes são impostas pelas leis de trânsito. Ultrapassam pela direita, vêm
sem que sejam observados pelos retrovisores dos motoristas de automóveis e
aparecem tantas vezes do nada, costurando o trânsito para que cheguem o mais
rápido possível aos seus destinos. Muitos deles não observam os sinais dos
semáforos, passando em sinal vermelho, cruzando as vias públicas, sem
observarem os sinais de “Pare”, utilizando sem necessidade a buzina ou xingando
motoristas que na visão deles os ameaçam, simplesmente por seguirem a risca os
sinais de trânsito, por eles nem sempre observados. Transitar pelas ruas,
geralmente, muito bem sinalizadas, tornou-se um risco iminente para motoristas,
motociclistas e nem por último pedestres.
Por
causa da pandemia não foi possível realizar a bênção dos motoristas no ano
passado e nesse, diante da Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres, na Avenida
Saudade, 202 nos Campos Elíseos, evento ocorrido ao longo de dez anos, sob a
intercessão de São Cristóvão, o Protetor dos Motoristas. Essa bênção sempre foi
um grande apelo por um trânsito mais humano, civilizado, educado, respeitando,
além dos sinais e das leis de trânsito, a pessoa transeunte do modo como se
move pelas vias públicas da cidade. Sempre lembrando que “o trânsito de uma
cidade, demonstra o grau de educação dos habitantes da mesma”! Mais uma vez
fica a pergunta: “Somos um povo educado, civilizado”, ou nos comportamos como
pessoas egoístas, violentas, agressivas, impacientes e mal educadas enquanto
dirigimos nossos veículos de transporte, sejam esses automóveis, ônibus ou
motos?
Ouvimos
diariamente, pelas Redes Sociais, os números de pessoas ceifadas pela COVID-19,
porém deixamos de observar os incontáveis óbitos causados pela imensa
irresponsabilidade no trânsito de nossa cidade. Também não somos informados, ou
mal informados, sobre o número assustador de pessoas, nas maiorias jovens,
internados em nossos hospitais, muitos deles em estado grave, provenientes dos
acidentes de trânsito. Quantos desses que ainda tinham algum trabalho passam a
conviver com graves sequelas causadas por um trânsito tão perigoso, passando a
depender de indenizações nem sempre razoáveis, engordando assim, a fila de
pessoas com deficiências e dependentes de salários ínfimos da Previdência Social
do País, já tão enfraquecida pelas demandas que lhe são impostas neste tempo de
crise não apenas nacional, mas também mundial?
São
Cristóvão proteja todos os motoristas, motociclistas e transeuntes de nossa
cidade, incentivando-nos a todos, por um trânsito mais humano!