Pe.
Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro
de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro
do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da
Paróquia Santa Teresa D’Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres
da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
Deus fala
à nossa alma por meio da leitura orante de Sua Palavra, de boas leituras,
pregações, exemplos, testemunhos, boas inspirações. Sua voz faz-se ouvir especialmente neste Tempo de
Natal. Jesus Cristo nos convidou, por meio de João Batista, a aplainar as
colinas do orgulho, do amor próprio, do egoísmo, da inveja, da avareza, a fim
de preparar para a sua vinda, corações retos, onde Ele possa plantar e cultivar
as virtudes, especialmente o amor: este amor tão mal compreendido e tão
paganizado.
Deus é
a fonte do amor puro, verdadeiro, sem fingimento. Amor que se dá, que busca
satisfazer os desejos de bem, que compreende as fraquezas alheias, que dá até a
própria vida sem temer sacrifícios.
Ainda
é Tempo de Natal e a ternura é a marca registrada do Natal.
Neste Novo Ano que já geme em dores de parto, somos convidados a repensar o
Menino nascido na gruta e na manjedoura, cercado de animais, cheirando a feno,
que facilmente é substituído por Helliger
Klaus, São Nicolau, que traz um saco cheio de presentes manufaturados e
pré-fabricados. Pelas chaminés das grandes casas, entrou a nova economia, e no
ideário dos pais e filhos, o Natal virou a festa dos presentes, mais do que a
Festa de Alguém que se fez presente.
A
urbanização do mundo tirou o protagonista de cena. Isto é: o Menino que nasceu
pobre, numa gruta de um país carente, cedeu lugar a um velho gordo e opulento,
que tem dinheiro, é bonzinho e chega com um sacolão de presentes. É o símbolo
da riqueza europeia, generosa com os pobres, ao menos naqueles dias do Natal.
Na
década de 80, quando vivi no Sul da Alemanha, participei do Natal das Famílias
da Baviera durante quatro anos. Os presentes eram dissociados da Festa do
Natal. No dia 6 de dezembro, Memória de São Nicolau, é que se distribuíam os presentes
em torno da árvore do Natal. Algumas famílias encomendavam também o Papai Noel.
Já na noite e no dia de Natal, ninguém falava em presentes: as Famílias todas
participavam das Celebrações do Natal de Jesus Cristo, nas ações litúrgicas e
confraternizavam em torno da mesa da Ceia de Natal, sem mais nenhum presente.
Celebrava-se de verdade a presença de Deus feito pessoa.
Jesus, nascido em Belém e em cada lar, era o maior Presente!
Pouco
a pouco, as famílias influenciadas pela mídia e a serviço do comércio e da
indústria aceitam substituir os Presépios e a cena agropastoril pelo Papai
Noel. Os pastores, o povo simples, os colonos, o casal pobre, o Menino, os Anjos que trazem uma boa
nova são substituídos por vitrines cheias de novidades, comidas raras e por um
homem idoso, tipo vovô. É o ter e o dar derrotando o ser e o dar-se. Mas ainda
há tempo de mudar, porque Ainda é tempo de Natal!