Para um Mundo mais Fraterno! “Tolle, lege!” é uma frase em latim que significa “Pegue, leia!”, referência de Santo Agostinho.
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quarta-feira, 25 de abril de 2018
COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - QUINTO DOMINGO DO TEMPO PASCAL
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé
A Liturgia da Palavra deste Quinto Domingo do Tempo
Pascal sublinha a união vital dos discípulos com o Ressuscitado, do batizado com sua comunidade de fé. Esta união vital Jesus a
explica através da alegoria da videira. Ele mesmo se apresenta como a “videira verdadeira” e nós, seus discípulos, os ramos, vitalmente unidos a ele. No
primeiro Testamento, a videira era considerada o símbolo do povo eleito de Deus.
Mas esta videira não correspondeu às expectativas do “agricultor”.
O Pai (o agricultor) desejou que o
Filho fosse o tronco da videira e nós os ramos. Se estivermos unidos à videira,
que é Jesus, também daremos os frutos que Jesus deu e então poderemos ser
Cristo para os nossos irmãos; sendo instrumentos de transformação em suas
vidas. Não existe vida para o ramo, se ele estiver separado do tronco. O ramo
que se separa da cepa, seca e morre sem produzir frutos, vira lenha e é lançado
ao fogo. Portanto, sem Jesus não há vida, não há frutos. Os frutos aqui
evocados são a santidade de uma vida fecunda pela união a Cristo (cf. Catecismo da Igreja
Católica, n. 2074).
Jesus ressuscitado é a Videira e nós somos os ramos dessa Videira. São Paulo ensina que, pelo Batismo, nos tornamos Corpo de Cristo, membros do seu corpo (cf. Ef 5,30). Então no Batismo, o Espírito Santo nos enxerta como ramo na Videira, que é Jesus Cristo, e,
consequentemente, “pelo poder do Espírito
santo, participamos da Paixão de Cristo, morrendo para o pecado, e da
Ressurreição, nascendo para uma vida nova; somos os membros de seu Corpo, que é
a Igreja, os sarmentos enxertados na Videira, que é ele mesmo” (Catecismo da Igreja
Católica, n. 1988). Os ramos que não se alimentam da
seiva do tronco murcham, secam e são jogados fora. Assim também nós, se não nos
nutrirmos do Espírito de Deus, definhará a vida, gerada em nós pelo Batismo. Os
ramos que se mantém unidos ao tronco recebem a seiva da vida que os torna
fortes, vigorosos e férteis. Produzem muitos frutos e de excelente qualidade,
como os de Jesus: perfeitos e comestíveis. Como ramos da videira, precisamos
nos deixar impregnar por sua seiva, que é Jesus Cristo, assim “estareis capacitados a entender, com todos
os santos, qual a largura, o cumprimento, a altura, a profundidade” (Ef 3,18) do amor de Deus. A nova
comunidade, que Jesus ressuscitado inaugura, resulta da união vital entre ele e
seus seguidores.
Jesus repete por oito vezes a
palavra “permanecer”. Para nós (os
ramos) é vital permanecer no amor. Permanecer em Deus. O amor tem um rosto: no
rosto de Cristo crucificado vemos Deus. “Quem
me vê, vê o Pai” (Jo 14,9). Como a planta
precisa de água, nós também precisamos da “Água Viva”, o Espírito de Deus, para nos
encharcar desse amor. Ao permanecer nesse amor, a nossa alegria é completa,
nada nos falta. Nossa vida cristã depende dessa união: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5), isto é, os frutos que produzimos
vêm da união a Cristo. Quem não permanecer unido, secará e perderá a vida. Esta
união é fonte de energia, é graça de Deus. Estar unido é produzir frutos.
Quem ama sofre, pois o amor exige
renúncia. Por isso, Jesus revela que, estar unido a ele é ter que suportar as
podas para produzir mais frutos. Mesmo que a poda seja sofrida tanto para o
agricultor, como para a videira e os ramos, ela se faz necessária. Sem ela, os
ramos acabam prejudicando toda a videira, a qual não produzirá os frutos
esperados. Muitas vezes, as podas do “Agricultor” (Deus) podem ser dolorosas
e não entendermos como acontecem. Podem ser uma doença, um acidente,
determinada provocação ou sofrimento que, no curso do tempo, se transformam em
graça e melhor qualidade de vida. São podas que fazem parte do plano de
salvação de Deus, para cada pessoa ou comunidade. A correção de Deus é de um
Pai amoroso, que deseja ver seus filhos realizados e felizes.
A Palavra de Deus deste Quinto Domingo do Tempo
Pascal é um profundo convite a cada um e à Igreja
toda, diante de um mundo sedento da seiva do amor de Deus, o amor gratuito entre as pessoas. A Comunhão e Participação expressa pelos
Bispos reunidos em Puebla em 1979, e o Discipulado junto à Missionariedade tão desejada pelos Bispos reunidos em Aparecida em 2007, somados
ao Plano de Ação Pastoral de nossa
Arquidiocese de Ribeirão Preto nos identificam com os ramos “grudadinhos” na Videira, Jesus Cristo, o centro de
toda nossa Pastoral, do sentido de nossa Eclesialidade. Queremos, unidos a
Cristo, produzir frutos saborosos e que alimentem nossas Comunidades de Fé.
Quem se omite ou se sente dispensado do compromisso de promover o amor gratuito de sua Comunidade, desliga-se da Videira (Jesus Cristo) e seca, deixando muitas vezes, uma videira
incompleta e frágil, ao invés de robusta e viril! Por vezes, determinadas podas ou surras que a vida nos dá, bem administradas, nos tornam ainda mais
robustos e férteis no serviço à Comunidade que nos tem como ramos preciosos, alimentados pela Videira, Jesus Cristo, o centro da Igreja que formamos!
Saibamos alimentar nossa fé,
esperança, sentido cristão, novo ânimo, novas perspectivas e horizontes,
bebendo da seiva do amor da verdadeira Videira, tornando-nos uma Igreja linda, vistosa e saborosa a alimentar um
mundo vazio de sentido, oprimido, porque oco de Deus!
Com ternura e gratidão, desejando-lhes
bênçãos, meu abraço amigo,
Padre Gilberto Kasper
(Ler At
9,26-31; Sl 21(22); 1 Jo 3,18-24 e Jo 15,1-8)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus
de Abril de 2018, pp. 96-99 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo Pascal
(Abril/2018), pp. 46-50.
quarta-feira, 18 de abril de 2018
COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - QUARTO DOMINGO DO TEMPO PASCAL
DOMINGO
DO BOM PASTOR
Meus
queridos Amigos e Irmãos na Fé!
O Quarto Domingo do Tempo
Pascal, é o domingo do Bom Pastor e o Dia Mundial de Oração pelas Vocações!
A mística pascal continua e, neste
domingo, a comunidade sente-se especialmente enriquecida e animada com a
presença viva de Jesus como Bom Pastor. Jesus ressuscitado é o Bom Pastor que doa sua vida pelas ovelhas. Ele as conhece pelo nome e elas
reconhecem a voz de seu pastor. Boa Nova que revela ternura e cuidado para com seu
povo, em especial, com os doentes e sofredores.
Vivemos uma cultura da coisificação
da pessoa. Se lhe atribuímos códigos e senhas. Não existe, porém, som mais
deleitoso, do que ouvir alguém nos chamar pelo nome. Pessoalmente tenho grande
dificuldade de guardar o nome das pessoas, embora não esqueça suas fisionomias.
É algo que me entristece, porque é bom demais ser reconhecido pelo nome ao
invés de identificado por códigos, apelidos pejorativos ou senhas. O que não
suporto é o fingimento que muitas vezes disfarça nossa incapacidade de guardar
na memória nomes de pessoas com quem nos relacionamos. Irrita-me profundamente
quando alguém, seja ao telefone, seja pessoalmente, me peça que adivinhe quem
é! Peço que se identifique de uma vez. Mas a questão de conhecer o rebanho, as
ovelhas pelo nome e essas reconhecerem nossa voz é bem mais profundo e
transcendente do que simplesmente lembrar o nome deste ou daquele colaborador
em nossas Comunidades Eclesiais, Sociais, Políticas ou Profissionais.
A sociedade atual, sobretudo os jovens e adolescentes, se move
pela busca de figuras referenciais para sua vida. Os padrões editados pela
mídia projetam modelos que condicionam as pessoas a assumi-los, por vezes com
consequências nefastas. Cantores e artistas famosos, atletas bem sucedidos
etc., alimentam o sonho de autorrealização, de fama e de ser um herói para
milhões de indivíduos. Estes “ídolos” mexem com o universo imaginário e
simbólico das pessoas, sobretudo dos mais jovens.
Jesus é o Bom Pastor,
não simplesmente em oposição à figura dos pastores mercenários, mas porque
valoriza e conhece suas ovelhas e é reconhecido por elas. Ele dá a vida por
elas por uma opção de amor. Portanto, Jesus se apresenta à comunidade como Bom Pastor,
movido pela lógica do amor e não por interesses e favores pessoais, a exemplo
dos mercenários. Quem não ama sua comunidade (seu povo) até a doação de sua
vida, não pode ser considerado pastor exemplar.
O Dia Mundial de
Oração pelas Vocações nos convida a rezarmos ao Senhor que envie
pastores
configurados com Cristo, o Bom Pastor! A começar dos Ministros Ordenados aos Agentes de nossas
Pastorais, somos também convidados à conversão, à coerência e ao bom senso em
nossas atividades, que devem estar sempre pautadas sobre o Projeto Evangelizador e Missionário de Jesus Cristo, o
Bom Pastor! Quem não gasta sua vida
pela Comunidade (o rebanho) corre o risco de compreender sua vocação como “meio de vida”, o que se torna geralmente um
desastre. Por isso é fundamental conhecer Jesus Cristo ressuscitado e
identificá-lo como o Bom Pastor a ser seguido.
Conhecer Jesus e tê-lo como modelo de vida implica
conhecer seu amor e aderir ao estilo de seu agir. A mútua relação entre Jesus e
os seus gera e nutre a relação de intimidade, de confiança, de diálogo, de
pertença, de segurança. Não é em vão que a palavra pastoral evoca: zelo,
sensibilidade, cuidado, carinho, misericórdia, compaixão, amor, dedicação,
ternura, atenção às pessoas e às suas
necessidades.
O agir do Bom Pastor
torna-se referencial da ação eclesial e dos diferentes serviços pastorais da
Igreja em favor do povo. Por isso, falar de Pastoral na Igreja é ter
presente Jesus Cristo, o Bom Pastor, enviado
pelo Pai, que dá a vida pelas suas
ovelhas (cf. Jo 10,11.15) e à sua missão de pastoreio
confiada à Igreja, colocando pastores à sua frente. Fazer pastoral é exercer a
missão de Jesus, e em nome de Jesus Bom Pastor, lembra a generosidade e a
disponibilidade de um número incontável de batizados, engajados nos serviços da
ação evangelizadora e pastoral da Igreja. A nossa atuação pastoral é
relacional, de amizade, é oblativa em união com a caridade do Bom Pastor, é transformante, porque faz de nós um sinal claro do próprio
Jesus.
Pela atuação da pessoa do Papa,
Bispos, Presbíteros, Religiosos, Religiosas e das Lideranças Leigas, Jesus, o Bom Pastor, continua doando sua vida, manifestando seu carinho e sua atenção
por nós, pelas comunidades, em especial, por doentes e sofredores. Estes são os
privilegiados da ternura e do cuidado do Bom Pastor.
Nossas Comunidades, com razão, são
cada vez mais exigentes. Sejamos Bons Pastores para elas.
Sejam elas, Queridas Ovelhas para nós. Essa
relação só será possível se rezarmos com o coração configurado com Jesus Cristo
ressuscitado e vivo entre nós, como o modelo de Bom Pastor:
Desejando-lhes
abundantes bênçãos, com ternura e gratidão o abraço sempre fiel e amigo,
Padre Gilberto Kasper
(Ler At
4,8-12; Sl 117(118); 1 Jo 3,1-2 e Jo 10,11-18)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus
de Abril de 2018, pp. 76-79 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo Pascal
(Abril de 2018), pp. 42-45.
quarta-feira, 11 de abril de 2018
COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO PASCAL
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
O Terceiro Domingo do Tempo Pascal nos apresenta Jesus ressuscitado dos mortos, revelando-se
novamente à Comunidade dos discípulos, desejando-lhe: “a paz esteja convosco!”.
A morte e a ressurreição do Senhor
ocupam o centro da história da salvação. A escuta da Palavra de Deus suscita a fé em Cristo ressuscitado. Como outrora os discípulos,
hoje, nós também experimentamos sua presença por meio da Palavra e do Pão da vida. Ele nos comunica a paz e
nos confirma como testemunhas do mistério de sua Páscoa. Confirmados na fé pelos sinais
sensíveis e instruídos pelas palavras da Escritura, podemos perceber a sua
presença viva na comunidade e na história.
Enquanto o pecado que nos faz virar as costas para Deus,
deixando-nos mofos, embolorados, deprimidos e na sombra da solidão, o sepulcro
vazio do Ressuscitado nos devolve
aquela paz que nossa arrogância e
prepotência nos roubam.
Como Igreja, seguimos a caminhada
pascal com as manifestações de Jesus ressuscitado em meio à comunidade de seus
seguidores. O medo e a incerteza de outrora e de hoje levantam algumas
interrogações: Jesus ressuscitou verdadeiramente? Como podemos fazer uma experiência de encontro com Jesus
ressuscitado? Como podemos mostrar ao mundo que Jesus está vivo e continua a
oferecer aos seres humanos a salvação?
O Apóstolo Pedro afirma ser testemunha viva da ressurreição: “Deus ressuscitou Jesus
dos mortos” (cf. At 3,15). Esse acontecimento é Boa-Nova para o
mundo. Por isso, os apóstolos são, em primeiro lugar, testemunhas e
anunciadores da ressurreição de Jesus Cristo. “Disto nós somos testemunhas”.
O
Evangelho do Terceiro Domingo da Páscoa
pode ser chamado de a “a prova dos sentidos’”. Os sentimentos dos
discípulos são de medo, susto, surpresa, alegria. Para que eles possam entender
o que está acontecendo, o Ressuscitado fala, deixa-se ver, pede para ser tocado
e come na presença deles. A seguir, para levar seus ouvintes a crerem, o Ressuscitado
passa a fazer memória do que está escrito sobre ele na Lei de Moisés, nos
profetas e nos salmos. A argumentação a partir das Escrituras, como palavra
inspirada, torna-se uma fonte indispensável para compreender os acontecimentos
relacionados ao Ressuscitado.
A Palavra de Deus do
Terceiro Domingo do Tempo Pascal nos chama
ao compromisso e à fidelidade. Acesos no Círio Pascal, símbolo do Ressuscitado no meio
da Comunidade de Fé, nos tornamos uma extensão do mesmo. Outros “Cristos” num
mundo onde ainda somos atraídos por caminhos de prazeres imediatos, mesmo que
nos esvaziem do amor de Deus derramado do próprio Filho, que abraçou a
humanidade no abraço da cruz. Só ressuscita de verdade com Cristo, quem é fiel
a Ele por meio da Comunidade de Fé, Oração e Amor. Não basta sermos solidários
com a morte, quando nós mesmos protagonizamos a Cultura
da Morte em nossas eleições. É interessante como arranjamos
tempo para nossos compromissos sociais: aqueles que garantem nosso prestígio
frágil, porque um dia acaba. É interessante como gostamos de aparecer e
necessitamos de reconhecimento, que cai no esquecimento de quem fica depois de
nossa passagem por este tempo e espaço terrenos. É interessante o tempo que
investimos para estarmos sempre ao lado dos que estão “em alta”, quando nem
sempre encontramos tempo, disponibilidade, generosidade e compaixão para com os
menos favorecidos. Somos tão rápidos nas marteladas de pregos naqueles que
erram de quando em vez, segundo as convenções sociais, mas tão lerdos para
estender nossas mãos e oferecer o perdão que tanto imploramos quando nós mesmos
caímos. Cristo seria bem mais presente e sentido entre nós, se não deixássemos
apagar a chama que acendemos n’Ele na Vigília Pascal. Ele quer tanto
ressuscitar mais do que ser constantemente crucificado pelos pregos de nossas
línguas felinas, caluniosas e tantas vezes venenosas.
Sejamos um “Cristo aceso” a
iluminar o caminho sombrio dos nossos irmãos que sofrem exclusões e são
preteridos por nossa sociedade tantas vezes alimentada pela hipocrisia! Sejamos a Esperança dos que a perdem a cada esquina de
suas vidas!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com
ternura e gratidão, o abraço amigo e cheio de novas esperanças,
Padre Gilberto Kasper
(Ler At
3,13-15.17-19; Sl 4; 1 Jo 2,1-5 e Lc 24,35-48)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus
de Abril de 2018, pp. 58-61 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo Pascal
(Abril de 2018), pp. 37-41.
AS SURPRESAS!
AS SURPRESAS!
Pe.
Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente e Coordenador da
Teologia na Faculdade de Ribeirão Preto da UNIVERSIDADE BRASIL e UNIESP S.A., Assistente
Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da
Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de
Ribeirão Preto e Jornalista.
Era domingo de Páscoa
e as mulheres foram ao túmulo do Senhor para colocar mais perfumes e com
saudade do Mestre acalmar o coração entristecido por sua morte. Mas um anjo as
surpreende e lhes dá a maior e melhor notícia de todos os tempos:- “Ele não
está aqui! Ressuscitou! Ide contar aos discípulos e a Pedro”! E as mulheres,
movidas pela alegria, foram aos discípulos e lhes disseram tudo conforme o anjo
lhes instruíra.
Ouvimos
também o anúncio do anjo, o mesmo que ressoou no coração das mulheres na
madrugada da ressurreição; da mesma forma somos feitos apóstolos, enviados a
proclamar a alegria, a surpresa boa de Deus que ressuscita Jesus e entusiasmar
os irmãos que podem ter se desanimado ao longo do tempo. A morte foi vencida
por Cristo que ressuscita e nos dá o seu Espírito de vida nova; a morte que
enchia as pessoas de medo, já não tem poder sobre nós. Entretanto, não basta só
saber disso tudo, dessa verdade que envolve nossa vida; é preciso vencer todas
as manifestações de morte que ainda estão presentes em nosso mundo. Assim, se a
morte não nos domina mais, não precisamos temer o mal e nem as suas investidas
como a mentira, a fofoca, as intrigas, as chantagens emocionais, a corrupção
sistêmica, ciúme e inveja que são sentimentos próprios de quem ainda não se deu
conta da feição de morte que tais sentimentos causam ou se acostumaram a
eles...
Anunciar
a Ressurreição de Cristo é também nos deixar iluminar pela sua Luz que destrói
toda treva e escuridão, que desmascara as mentiras e as artimanhas dos que
praticam violência e corrupção subtraindo a vida dos mais simples, pequenos e
pobres. É agora o momento de incentivar nossos leigos e leigas para que em
nossas comunidades e na sociedade façam refletir a Luz potente do Senhor que
vence a escuridão do mal e não nos deseja associados a nenhum tipo de quadrilha
que mente e engana, explora e humilha os semelhantes.
Movidos
pelo Espírito do Cristo Ressuscitado temos a responsabilidade de desmontar as
minas de violência geradas por notícias falsas, mentiras deslavadas que deixam
um ar de insegurança e de desconfiança entre as pessoas. É preciso renovar
diariamente o nosso amor à Verdade, pois somente os que “são da verdade” é que
conhecem e sabem escutar a voz do Ressuscitado. É urgente proclamar a alegria
da ressurreição e transformar o mundo num imenso e belo jardim.
Contudo,
como já afirmou o Papa Francisco, “há pessoas que vivem uma quaresma sem
páscoa”, essas insistem em não ressuscitar, continuam no desânimo da morte, do
comodismo, da paralisia doente de quem não enxerga o amor que faz nossa vida
ser diferente a cada dia.
“Se
ressuscitamos com Cristo”, nossa vida precisa mostrar urgentemente que em nós a
vida, o amor, a alegria e a esperança enfrentam as dificuldades, agressões,
abraçam a cruz, nos levam a responder ao mal com o bem. O amor é o único
remédio contra as manifestações de violência e da morte. Deixemos arder o
coração com o amor de Cristo que nos fortalece na caridade para vivermos a
unidade e construirmos a sociedade de justiça e fraternidade.
(Parceria
com o Pe. João Paulo Ferreira Ielo, Pároco da Paróquia Imaculada Conceição de
Mogi Guaçu – SP)
quarta-feira, 4 de abril de 2018
COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA - DOMINGO DA DIVINA MISERICÓRDIA
Meus
queridos Amigos e Irmãos na Fé!
O Segundo Domingo do Tempo Pascal nos introduz no Tempo em que celebramos a ressurreição do Senhor, como único e
grande dia, que se estende desde o Domingo da Páscoa ao domingo de Pentecostes. “Os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição e o domingo
de Pentecostes sejam celebrados com alegria e exultação, como se fossem um só
dia de festa, ou melhor, como um grande domingo” (Normas Universais ao Ano
Litúrgico e Calendário Romano Geral, n. 22).
Celebramos o domingo da Divina Misericórdia, instituído por São João Paulo II, e damos graças ao Senhor por seu
eterno amor por nós, sempre disposto a nos perdoar, sempre que nosso coração
arrependido volta-se para ele. Escolhi como lema de minha Ordenação
Presbiteral, a quinta Bem-aventurança do Sermão da Montanha de Jesus: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão
misericórdia” (Mt 5,7), justamente porque não
obstante meus incontáveis limites, o Senhor me quis Sacerdote, tamanha Sua Misericórdia por mim! Como Tomé, exclamamos maravilhados: “Meu Senhor e meu Deus”. Desde criança aprendi que a profissão da fé de Tomé seria a
ideal, cada vez que fizesse a genuflexão diante do Cristo Sacramentado, seja na
Hóstia Consagrada exposta, seja escondida no Sacrário. Por isso, quando coloco
o joelho direito no chão, em sinal de adoração ao Senhor presente no mistério
de nossa Fé, a Eucaristia, digo com a poesia de meu coração: “Meu Senhor e meu Deus”. Também
quando ergo Jesus transubstanciado de um pedacinho de pão em Seu Corpo e de um
pouquinho de vinho no Seu precioso Sangue, meu coração remete aos meus lábios a
mesma expressão: “Meu Senhor e meu Deus!”
O primeiro encontro de Jesus ressuscitado com seus discípulos é
marcado pela saudação feita por Ele: “A paz esteja
convosco”. Por duas vezes o Ressuscitado
deseja a paz a seus amigos. Em seguida, os envia em missão, soprando sobre eles
o Espírito. Buscar e construir a paz é missão dos seguidores do Ressuscitado,
pois o Reino de Deus, anunciado e realizado por Jesus e continuado pelas
comunidades animadas pelo Espírito, manifesta-se na paz. Reino de Justiça, Paz
e Alegria como frutos do Espírito Santo. O Apóstolo, amigo de Jesus, ressalta
que a paz, para ser autêntica, deve ser trazida pelo Cristo. Uma paz diferente
da paz construída pelos tratados políticos. Paz (é shalom) significa integridade da pessoa diante de Deus e dos
irmãos. Significa também uma vida plena, feliz e abundante. Paz é sinal da
presença de Deus, porque o nosso Deus é um “Deus da Paz” (Rm 15,33). Paz significa muito mais do que ausência de guerra. Significa
construir uma convivência humana harmoniosa, em que as pessoas possam ser elas
mesmas, tendo o necessário para viver, convivendo felizes.
A comunidade, que abre suas portas,
acolhe o Senhor e o segue é enviada pelo Espírito do Ressuscitado a testemunhar
o amor do Pai, isto é, a prolongar, no curso dos tempos, a oferta da vida que,
em Jesus, Deus fez à humanidade. O reino da vida que Cristo veio trazer é
incompatível com as situações desumanas em que vivem mergulhados milhões de
seres humanos. “Como discípulos e
missionários, somos chamados a intensificar nossa resposta de fé e a anunciar
que Cristo redimiu todos os pecados e males da humanidade” (Documento de Aparecida,
n. 134).
O cristão isolado (ausente da
comunidade) é vítima do egoísmo e exige provas para crer. É na vida da
comunidade que encontramos as provas de Jesus que está vivo. Ser cristão, hoje,
requer e significa pertencer a uma comunidade concreta, na qual se pode viver
uma experiência permanente de discipulado e de comunhão. Por esta razão, a
marca registrada deste Segundo Domingo da Páscoa é a fé, vivida em comunidade. É em comunidade que se realiza o encontro
com o Ressuscitado e a experiência de uma vida nova.
Acolhamos
o dom da paz e do Espírito que nos constitui em artífices de relações novas,
reconciliadas e fundadas na justiça e na misericórdia.
Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão,
o abraço amigo,
Pe.
Gilberto Kasper
(Ler At 4,32-35; Sl 117(118); 1Jo 5,1-6 e Jo 20,19-31)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Abril de 2018, pp. 38-42 e
Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo Pascal (Abril de 2018), pp. 33-36.
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