Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
Estamos vivenciando as festas
natalinas, com a celebração da manifestação do Senhor em nossa vida e história.
Nossa atenção se volta ao mistério da Mãe do Senhor sob o título de
“Mãe de Deus”.
Ao afirmar que o Menino, nascido de Maria, é Deus, em decorrência disso, a Igreja proclamou que Maria é Mãe de Deus. E isso não é de agora. Desde muito, nós cristãos honramos “... Maria sempre Virgem,
solenemente proclamada Mãe de Deus pelo Concílio de Éfeso, para que Cristo
fosse reconhecido, em sentido verdadeiro e próprio, Filho de Deus e Filho do
homem, segundo as Escrituras” (UR, n. 15: Decreto conciliar sobre a reintegração da Unidade dos
cristãos).
Neste Dia Mundial da
Paz, iniciando um novo ano, a paz é desejada,
suplicada como sinal da bênção e da proteção permanente de Deus. É em nome de
Jesus, a plenitude da bênção, que invocamos bênçãos de paz sobre nós e sobre os
povos em conflito.
A alegria deverá orientar nossa
primeira celebração religiosa do novo ano civil. As festas e os brindes da Passagem do Ano,
geralmente, impedem as pessoas de participarem desta significante celebração.
Muitos dormem sua ressaca, outros nem conhecem a profundidade de tão linda
celebração, que deveria ter maior prioridade entre os cristãos. Acolhidos por Maria, Mãe de Deus e
nossa, desperdiçamos a oportunidade de pedir a ela que nos acompanhe ao
longo deste Ano Nacional do Laicato.
Neste Dia
Mundial da Paz, somos conclamados a fazer nossa
a proposta do Papa Francisco: “Não mais escravos, mas
irmãos!”, que é tema do 51º Dia Mundial da Paz. O Papa Francisco
recorda-nos que esse flagelo social bem presente em nosso tempo manifesta-se de
formas variadas, como no tráfico humano em geral, de imigrantes, na
prostituição, na escravidão no trabalho e na exploração do homem pelo homem. Em
comunhão com a CNBB, proclamamos Ano da Paz!
O povo pode contar sempre com as
bênçãos de Deus. A maior delas é a vinda do seu Filho, graças ao sim de Maria. A exemplo dos pastores, vamos
abrir o coração e nos dispor para o encontro com Jesus.
Deus quer nos abençoar ao longo de
todo este ano. Os pastores, gente pobre e desprezada, são os primeiros a ir ao
encontro de Jesus. Deus conta com a colaboração humana para realizar seus
projetos. Os pastores cheiram mal, pois cuidavam de ovelhas e viviam ao
relento. Poderíamos compará-los, em nossos dias, aos irmãos coletores de lixo.
Imaginem que eles correm mais de trinta quilômetros por noite, em nossa
metrópole rica e privilegiada, recolhendo nosso lixo depositado nas calçadas.
Enquanto as autoridades eclesiásticas, políticas, civis e a nata da elite de
uma sociedade economicamente privilegiada pensam anunciar o
Salvador do mundo, este se revela, através da
Corte Celestial dos Anjos, aos preteridos e “fedidos” entre todos: na época os Pastores; hoje, talvez, nossos Coletores de Lixo, ou aqueles que
consideramos Lixo Humano entre nós: os idosos, os enfermos, os
dependentes de alguma droga lícita ou não, e nem por último os mendigos
mal-cheirosos que adentram nossas celebrações, pedindo uma esmola para
suportarem a exclusão com mais um gole de cachaça ou uma cheirada de craque... Se não estivermos abertos ao diferente, ao simples, e não fizermos
a experiência da humildade, deixando de lado nossa prepotência, arrogância, autossuficiência,
corremos o risco de desencontrar-nos com o Senhor que só nasce mesmo em
manjedouras simples, humildes, puras e livres para acolhê-lo.
A palavra de hoje ressalta
a imposição do nome de Jesus, sua inserção na sociedade humana. Como o Filho de
Deus, nós também recebemos um nome ligado à nossa existência e à nossa missão.
A atitude dos pastores nos ensina a acolher e anunciar a Boa Notícia da presença do
Salvador em nosso meio. Com Jesus, nos tornamos herdeiros da salvação e podemos
clamar: Abba, Pai, vivendo
fraternalmente como irmãos e
irmãs.
Maria, a mãe de Jesus, é imagem da comunidade fiel e comprometida com o plano da
salvação.
Com o exemplo de Maria no seu sim incondicional, assumimos “de boa vontade” a proposta de
Jesus de sermos promotores da paz em nossos lares e na sociedade em que
vivemos.
Invoquemos com confiança a bênção do
Senhor, o Deus de bondade, sobre todos os povos e nações, neste Dia Mundial da Paz. Que ele
guarde, ilumine, mostre a sua face de Pai e dê a paz a todos. Com Jesus, o
Filho de Maria, a maior bênção da salvação para toda a humanidade, nos comprometemos
a trabalhar alegremente na construção da paz.
Sejam todos muito abençoados neste
Novo Ano que se inicia. Sejamos protagonistas
da paz, por onde passarmos, exalando o perfume da ternura em nossas relações.
Com a mesma ternura, o abraço amigo e fiel.
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Nm
6,22-27; Sl 66(67); Gl 4,4-7 e Lc 2,16-21).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus,
Janeiro de 2018, pp. 17-19 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo do Natal
(Janeiro de 2018), pp. 29-34.