Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
Ouvindo a boa nova do Reino de Deus relatada por Lucas caminhamos com Jesus rumo à Jerusalém. Nessa caminhada, fazemos de novo uma parada para
nos reunirmos em assembléia litúrgica. Celebramos a páscoa cristã, dia do Senhor, dia da Comunidade. Como seria salutar para a humanidade,
resgatar o valor do Domingo, o Dia do Senhor. Guardar o Domingo para o Senhor, para o descanso pessoal e para a Família, talvez seja um
exercício que resgate a dignidade humana, engolida pela Cultura do Consumo, do Descartável, que por sua vez, leva a humanidade à ganância, ao egoísmo, ao
intimismo, enfim, à Cultura da Morte em plena vida.
Hoje para celebrar a raiz de nossa
fé cristã – a morte e ressurreição do Senhor Jesus – a Palavra nos traz à consciência o que é fundamental para que nossa vida,
de fato, tenha sentido.
“Vaidade das
Vaidades”, recorda-nos o autor sagrado. Contra a
vaidade e a ganância, a palavra de Deus nos convida a voltar o coração para as
coisas do alto, onde está Cristo, nossa vida e riqueza.
O que é ilusão e vaidade, e em que
realmente vale a pena se empenhar? A ganância, fruto do egoísmo, um dia levará
os gananciosos a julgamento. Buscar as coisas do alto é buscar o que está de
acordo com o projeto de Jesus.
Depositamos no altar do Senhor o dom
da vida dos padres que presidem para nós as santas Missas e a de todos os
vocacionados ao ministério ordenado.
Os bens materiais seduzem com muita
facilidade o coração das pessoas. A verdadeira riqueza, segundo Jesus, é ser generoso com os
demais, como o Pai é com todos. Por confiança nas riquezas é falta de
bom-senso, falta de sabedoria. Quem põe o coração no dinheiro tem pouca
consideração para com a vida humana, mergulha-a no mais absoluto fracasso. De
fato, a experiência nos diz: quem se fecha em si mesmo e em seus bens, em seu
mundo, perde o melhor de sua vida.
Quem é materialista e só quer
conhecer os prazeres deste mundo, para este o ensinamento de Jesus é indigesto, mas nem por
isso deixa de ser verdade. Não levamos nada daqui. As riquezas materiais não
têm valor duradouro, nem podem ser o fim ao qual o homem se dedica. Talvez o
consumismo de hoje tenha isso de bom: lembra-nos essa precariedade. O produto
que compramos hoje amanhã já saiu da moda, e depois de amanhã nem haverá mais
peças de reposição para consertá-lo. Nossa nova TV estará fora de moda antes
que tivermos completado as prestações... Por outro lado, esse consumismo é
grosseira injustiça, pois gastamos em uma geração os recursos das gerações
futuras. Se as coisas valem tão pouco, melhor seria não as comprar, e voltar a
uma vida mais simples e mais desprendida. Haverá recessão econômica, mas também
haveria menos necessidade de dinheiro para ser gasto.
A caça à riqueza material é um beco
sem saída. A razão por que se insiste em produzir sempre mais é que os donos do
mundo lucram com a produção, sobretudo das coisas supérfluas que enchem as
prateleiras das lojas. Para vender esses supérfluos, criam nas pessoas a
necessidade de possuí-las, mediante a publicidade na rua, no jornal e na
televisão. Quando então as pessoas não conseguem adquirir todas essas coisas,
ficam irrequietas; quando conseguem, ficam enjoadas; e em alguns casos aparece
mais uma necessidade: a psicoterapia...
A sabedoria do lucro é injusta e
assassina. Leva as pessoas a desconsiderar os fracos. Um proeminente político
deste país disse que quem não pode competir não deve consumir... O sistema do
lucro e do desejo sempre mais acirrado, precisa manter as desigualdades, pois
parte do pressuposto que todos querem superar a todos. Tal sistema é
intrinsecamente pecaminoso, disseram os Papas Beato Paulo VI e São João Paulo
II.
Ser rico, não para si, mas para
Deus... Não amontoar riquezas que na hora do juízo serão as testemunhas da
nossa avareza, injustiça e exploração (cf. Tg 5,1-6), mas riquezas que
constituam a alegria de Deus!
Não adianta muito discutir se a
produção tem que ser capitalista ou socialista, enquanto não se tem claro que o
ser humano não existe para a produção, e sim a produção para o ser humano. E
este, se for sábio, tentará precisar dela o menos possível.
No sábado desta semana, dia 6 de
agosto, celebraremos a festa da Transfiguração do Senhor, muito concorrida em nosso País, e conhecida como Senhor Bom Jesus, com inúmeros
títulos, especialmente em nossa Arquidiocese de Ribeirão Preto: Bom Jesus do
Bonfim, da Lapa, da Alvorada, da Cana Verde e outros. Já dia 04 de agosto,
celebrando a Memória de São João Maria Vianney, agradeceremos o dom da vocação
de nossos bons e esmerados Presbíteros! É o Dia do Padre!
Sejamos todos agraciados e abençoados, com esta devoção e a festa
que nos permite “uma espiadinha no céu”, juntamente com Pedro, Tiago e João que subiram ao Tabor com Jesus! Com ternura e gratidão,
meu abraço amigo,
Pe. Gilberto kasper
(Ler Ecl 1,2; 2,21-23; Sl
89(90); Cl 3,1-5.9-11 e Lc 12,13-21).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Julho de 2016,
pp. 93-95 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I (Julho de 2016), pp.
76-82.