Meus queridos Amigos e
Irmãos na Fé
A Liturgia da Palavra deste Quinto Domingo do Tempo
Pascal sublinha a união vital dos discípulos com o Ressuscitado, do batizado com sua comunidade de fé. Esta união vital Jesus a
explica através da alegoria da videira. Ele mesmo se apresenta como a “videira verdadeira” e nós, seus discípulos, os ramos, vitalmente unidos a ele. No
primeiro Testamento, a videira era considerada o símbolo do povo eleito de Deus.
Mas esta videira não correspondeu às expectativas do “agricultor”.
O Pai (o agricultor) desejou que o
Filho fosse o tronco da videira e nós os ramos. Se estivermos unidos à videira,
que é Jesus, também daremos os frutos que Jesus deu e então poderemos ser
Cristo para os nossos irmãos; sendo instrumentos de transformação em suas
vidas. Não existe vida para o ramo, se ele estiver separado do tronco. O ramo
que se separa da cepa, seca e morre sem produzir frutos, vira lenha e é lançado
ao fogo. Portanto, sem Jesus não há vida, não há frutos. Os frutos aqui
evocados são a santidade de uma vida fecunda pela união a Cristo (cf. Catecismo da Igreja
Católica, n. 2074).
Jesus ressuscitado é a Videira e nós somos os ramos dessa Videira. São Paulo ensina que, pelo Batismo, nos tornamos Corpo de Cristo, membros do seu corpo (cf. Ef 5,30). Então no Batismo, o Espírito Santo nos enxerta como ramo na Videira, que é Jesus Cristo, e,
consequentemente, “pelo poder do Espírito
santo, participamos da Paixão de Cristo, morrendo para o pecado, e da
Ressurreição, nascendo para uma vida nova; somos os membros de seu Corpo, que é
a Igreja, os sarmentos enxertados na Videira, que é ele mesmo” (Catecismo da Igreja
Católica, n. 1988). Os ramos que não se alimentam da
seiva do tronco murcham, secam e são jogados fora. Assim também nós, se não nos
nutrirmos do Espírito de Deus, definhará a vida, gerada em nós pelo Batismo. Os
ramos que se mantém unidos ao tronco recebem a seiva da vida que os torna
fortes, vigorosos e férteis. Produzem muitos frutos e de excelente qualidade,
como os de Jesus: perfeitos e comestíveis. Como ramos da videira, precisamos
nos deixar impregnar por sua seiva, que é Jesus Cristo, assim “estareis capacitados a entender, com todos
os santos, qual a largura, o cumprimento, a altura, a profundidade” (Ef 3,18) do amor de Deus. A nova comunidade, que Jesus ressuscitado
inaugura, resulta da união vital entre ele e seus seguidores.
Jesus repete por oito vezes a
palavra “permanecer”. Para nós (os
ramos) é vital permanecer no amor. Permanecer em Deus. O amor tem um rosto: no
rosto de Cristo crucificado vemos Deus. “Quem
me vê, vê o Pai” (Jo 14,9). Como a planta
precisa de água, nós também precisamos da “Água Viva”, o Espírito de Deus, para nos
encharcar desse amor. Ao permanecer nesse amor, a nossa alegria é completa,
nada nos falta. Nossa vida cristã depende dessa união: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5), isto é, os frutos que produzimos
vêm da união a Cristo. Quem não permanecer unido, secará e perderá a vida. Esta
união é fonte de energia, é graça de Deus. Estar unido é produzir frutos.
Quem ama sofre, pois o amor exige
renúncia. Por isso, Jesus revela que, estar unido a ele é ter que suportar as
podas para produzir mais frutos. Mesmo que a poda seja sofrida tanto para o
agricultor, como para a videira e os ramos, ela se faz necessária. Sem ela, os
ramos acabam prejudicando toda a videira, a qual não produzirá os frutos
esperados. Muitas vezes, as podas do “Agricultor” (Deus) podem ser dolorosas
e não entendermos como acontecem. Podem ser uma doença, um acidente,
determinada provocação ou sofrimento que, no curso do tempo, se transformam em
graça e melhor qualidade de vida. São podas que fazem parte do plano de
salvação de Deus, para cada pessoa ou comunidade. A correção de Deus é de um
Pai amoroso, que deseja ver seus filhos realizados e felizes.
A Palavra de Deus deste Quinto Domingo do Tempo
Pascal é um profundo convite a cada um e à Igreja
toda, diante de um mundo sedento da seiva do amor de Deus, o amor gratuito entre as pessoas. A Comunhão e Participação expressa pelos
Bispos reunidos em Puebla em 1979, e o Discipulado junto à Missionariedade tão desejada pelos Bispos reunidos em Aparecida em 2007, somados
ao próximo Plano de Ação Pastoral de nossa
Arquidiocese de Ribeirão Preto nos identificam com os ramos “grudadinhos” na Videira, Jesus Cristo, o centro de
toda nossa Pastoral, do sentido de nossa Eclesialidade. Queremos, unidos a
Cristo, produzir frutos saborosos e que alimentem nossas Comunidades de Fé.
Quem se omite ou se sente dispensado do compromisso de promover o amor gratuito de sua Comunidade, desliga-se da Videira (Jesus Cristo) e seca, deixando muitas vezes, uma videira
incompleta e frágil, ao invés de robusta e viril! Por vezes, determinadas podas ou surras que a vida nos dá, bem administradas, nos tornam ainda mais
robustos e férteis no serviço à Comunidade que nos tem como ramos preciosos, alimentados pela Videira, Jesus Cristo, o centro da Igreja que formamos!
Saibamos alimentar nossa fé, esperança,
sentido cristão, novo ânimo, novas perspectivas e horizontes, bebendo da seiva
do amor da verdadeira Videira, tornando-nos uma Igreja linda, vistosa e saborosa a alimentar um
mundo vazio de sentido, oprimido, porque oco de Deus!
Com ternura e gratidão,
desejando-lhes bênçãos, meu abraço amigo,
Padre Gilberto Kasper
(Ler At
9,26-31; Sl 21(22); 1 Jo 3,18-24 e Jo 15,1-8)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus
de Maio de 2015, pp. 25-28 e Roteiros Homiléticos da Páscoa (Maio/2015) da
CNBB, pp. 70-75.