Meus
queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“O Quarto Domingo do Tempo
Pascal,
é o domingo do Bom
Pastor e o Dia Mundial de
Oração pelas Vocações!
A
mística pascal continua e, neste domingo, a comunidade sente-se especialmente
enriquecida e animada com a presença viva de Jesus como Bom Pastor. Jesus ressuscitado é o Bom Pastor que doa sua vida pelas ovelhas. Ele as conhece
pelo nome e elas reconhecem a voz de seu pastor. Boa Nova que revela ternura e cuidado para com seu povo, em especial, com os doentes e sofredores.
[...]
Vivemos
uma cultura da coisificação da pessoa. Se lhe atribuímos códigos e senhas. Não
existe, porém, som mais deleitoso, do que ouvir alguém nos chamar pelo nome.
Pessoalmente tenho grande dificuldade de guardar o nome das pessoas, embora não
esqueça suas fisionomias. É algo que me entristece, porque é bom demais ser
reconhecido pelo nome ao invés de identificado por códigos, apelidos
pejorativos ou senhas. O que não suporto é o fingimento que muitas vezes
disfarça nossa incapacidade de guardar na memória nomes de pessoas com quem nos
relacionamos. Irrita-me profundamente quando alguém, seja ao telefone, seja
pessoalmente, me peça que adivinhe quem é! Peço que se identifique de uma vez.
Mas a questão de conhecer o rebanho, as ovelhas pelo nome e essas reconhecerem
nossa voz é bem mais profundo e transcendente do que simplesmente lembrar o
nome deste ou daquele colaborador em nossas Comunidades Eclesiais, Sociais,
Políticas ou Profissionais. [...]
‘Uma
verdadeira conversão pastoral deve estimular-nos e inspirar-nos
atitudes
e iniciativas de autoavaliação e coragem de mudar várias
estruturas
pastorais em todos os níveis, serviços, organismos,
movimentos
e associações’ (CNBB. DGAE. DOC. 94. N. 26).
A
sociedade atual, sobretudo os jovens e adolescentes, se move pela busca de
figuras referenciais para sua vida. Os padrões editados pela mídia projetam
modelos que condicionam as pessoas a assumi-los, por vezes com consequências
nefastas. Cantores e artistas famosos, atletas bem sucedidos etc., alimentam o
sonho de autorrealização, de fama e de ser um herói para milhões de indivíduos.
Estes ‘ídolos’ mexem com o universo imaginário e simbólico das pessoas,
sobretudo dos mais jovens.
Jesus é o Bom
Pastor, não
simplesmente em oposição à figura dos pastores mercenários, mas porque valoriza
e conhece suas ovelhas e é reconhecido por elas. Ele dá a vida por elas por uma
opção de amor. Portanto, Jesus se apresenta à comunidade como Bom Pastor,
movido pela lógica do amor e não por interesses e favores pessoais, a exemplo
dos mercenários. Quem não ama sua comunidade (seu povo) até à doação de sua
vida, não pode ser considerado pastor exemplar. [...]
O Dia Mundial de Oração pelas Vocações nos
convida a rezarmos ao Senhor que envie pastores configurados com Cristo, o Bom Pastor! A
começar dos Ministros Ordenados aos Agentes de nossas Pastorais, somos também
convidados à conversão, à coerência e ao bom senso em nossas atividades, que
devem estar sempre pautadas sobre o Projeto
Evangelizador e Missionário de Jesus Cristo, o Bom Pastor! Quem não gasta sua vida pela Comunidade (o rebanho) corre o
risco de compreender sua vocação como ‘meio
de vida’, o que se torna geralmente um desastre. Por isso é fundamental
conhecer Jesus Cristo ressuscitado e identificá-lo como o Bom Pastor a ser seguido. [...]
Conhecer
Jesus e tê-lo como modelo de vida implica conhecer seu amor e aderir ao estilo
de seu agir. A mútua relação entre Jesus e os seus gera e nutre a relação de
intimidade, de confiança, de diálogo, de pertença, de segurança. Não é em vão
que a palavra pastoral evoca: zelo, cuidado, carinho, misericórdia, compaixão, amor,
dedicação, ternura, atenção às pessoas e
às suas necessidades.
O
agir do Bom Pastor torna-se referencial da ação
eclesial e dos diferentes serviços pastorais da Igreja em favor do povo. Por
isso, falar de Pastoral na Igreja é ter presente Jesus Cristo, o Bom Pastor, enviado pelo Pai, que dá
a vida pelas suas ovelhas (cf. Jo 10,11.15) e à ‘sua’ missão de pastoreio
confiada à Igreja, colocando pastores à sua frente. Fazer pastoral é exercer a
missão de Jesus e em nome de Jesus Bom Pastor lembra a
generosidade e a disponibilidade de um número incontável de batizados,
engajados nos serviços da ação evangelizadora e pastoral da Igreja. A nossa
atuação pastoral é relacional, de amizade, é oblativa em união com a caridade
do Bom
Pastor, é transformante, porque faz de nós
um sinal claro do próprio Jesus (cf. Papa Bento XVI. Mensagem para o Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes).
Pela
atuação da pessoa do Papa, Bispos, Presbíteros, Religiosos, Religiosas e das
Lideranças Leigas, Jesus, o Bom Pastor, continua doando sua
vida, manifestando seu carinho e sua atenção por nós, pelas comunidades, em
especial, por doentes e sofredores. Estes são os privilegiados da ternura e do cuidado do Bom Pastor” (cf. Roteiros
Homiléticos da CNBB n. 21, pp. 43-48).
Nossas
Comunidades, com razão, são cada vez mais exigentes. Sejamos Bons Pastores para elas. Sejam elas, Queridas Ovelhas para nós. Essa relação só será possível se
rezarmos com o coração configurado com Jesus Cristo ressuscitado e vivo entre
nós, como o modelo de Bom Pastor:
Jesus, divino mestre,
que chamastes os apóstolos a vos seguir,
continuai a passar pelas nossas famílias
e comunidades.
Despertai corações generosos
para vos seguir como apóstolos leigos,
como sacerdotes,
como religiosos e religiosas,
servidores voluntários do povo de Deus
e de toda a humanidade. Amém.
Desejando-lhes
abundantes bênçãos, com ternura e gratidão o abraço sempre fiel e amigo,
Padre
Gilberto Kasper
(Ler At 4,8-12; Sl 117(118); 1 Jo 3,1-2 e Jo
10,11-18)