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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

COMENTANTO A PALAVRA DE DEUS - QUARTO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
O Quarto Domingo do Tempo Comum nos remete às Bem-aventuranças do Reino de Deus. Estamos ouvindo o Evangelho de Mateus, que tem por objetivo de fundo mostrar que Jesus é o verdadeiro Messias-salvador esperado. Não um Messias segundo a mente humana, mas um Messias segundo o pensamento de Deus: Filho de Deus. E qual é o pensamento de Deus? A justiça em favor dos pequenos, os fracos, os pobres, os oprimidos, os abandonados da sociedade. E Jesus é a concreta encarnação desta sabedoria de Deus. Razão pela qual ele nasceu, viveu e morreu pobre, totalmente humilde e desprendido, para estar com os pobres desta terra. Esta sabedoria de Deus é o segredo da verdadeira felicidade humana: “Reino dos Céus”.
A chave do Evangelho deste domingo está na primeira bem-aventurança: “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. Esta bem-aventurança se dirige aos que, no modo hebraico de falar, são os curvados no seu alento, pobres até a alma, como a Bíblia diz dos pobres de Deus. A bem-aventurança não se dirige ao pobre com mania de rico, mas às pessoas que assumem sua pobreza, sabendo que Deus tem outros critérios de felicidade do que nós. E quando se trata dos que têm fome e sede, que tenham, antes de tudo, fome e sede de justiça de Deus, incomparável com a justiça humana. Pois só essa justiça fará com que tudo seja radicalmente bom. Assim, o estado de espírito dos que são aqui felicitados torna-se um programa de vida para todos os que querem ser do Reino. A pobreza, quando assumida “de coração”, é a situação privilegiada para reconhecer a justiça de Deus. Riqueza e poder tornam cego. Mas quem vive a situação de pobreza como uma procura da justiça de Deus, esse tem chances de a encontrar. Por isso, os pobres são o sacramento da justiça de Deus.
Levando isso para a prática, podemos dizer que Jesus anuncia o Reino de Deus, como dom e missão, aos que têm o “espírito do pobres de Deus”: os que não pretendem dominar os outros pelo poder e a riqueza, mas se dispõem a colaborar na construção do reino de amor, justiça, paz, tornando-se pobres, colocando-se do lado dos pobres e confiando antes de tudo no poder de Deus e no valor de sua “justiça”, que é a sua vontade, seu plano de salvação. Os “pobres de Deus” assumem atitudes inspiradas por Deus e seu reino: pobreza (não apenas forçosa, mas no espírito e no coração), paciência (com firmeza), justiça (com garra), paz (na sinceridade), etc. Aos que vivem assim, Jesus anuncia a felicidade (“bem-aventurança”) do Reino. Esses são cidadãos do Reino, os herdeiros da terra prometida. E, de fato, o “manso”, o não violento tem bem mais condições de usar a terra que o grileiro. Os pobres solidários constroem uma sociedade melhor que os ricos egoístas. Há quem diga que as Bem-aventuranças não visam os pobres materialmente, porque esses não podem ser os “promotores da paz” aos quais se refere a sétima bem-aventurança (Mt 5,9). Mas será que a verdadeira paz, fruto da justiça, não é promovida pelos pobres que em solidariedade com eles lutam pelo direito de todos?
Enfim, à luz da Palavra de Deus hoje ouvida, podemos chegar a esta conclusão prática: “Devemos optar, na vida, pelos valores do Reino e não pelo poder baseado na opressão, na exploração... Devemos optar pelos pobres e não pelos que os empobrecem! Para isso precisamos do desprendimento, pobreza até no nosso íntimo (“no espírito”). A Bem-aventurança não vale para o pobre com mania de rico! Os pobres no espírito são os que não apenas “quereriam”, mas efusivamente querem e optam por formar “povo de Deus” com os oprimidos e empobrecidos, porque têm fome e sede do Reino de Deus e sua justiça.
Que a Palavra de Deus deste domingo nos anime e fortaleça no mistério das bem-aventuranças.
Sejam todos muito abençoados. Com ternura, meu abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Sf 2,3; 3,12-13; Sl 145(146); 1 Cor 1,26-31 e Mt 5,1-12).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Janeiro de 2017, pp. 80-82 e Roteiros Homiléticos da CNBB do tempo Comum (Janeiro de 2017), pp. 79-83.

NESTE ANO, QUERO PAZ NO MEU CORAÇÃO!

Pe. Gilberto Kasper

Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo Educacional da UNIESP, Coordenador do Curso de Teologia, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.

A minha geração cantou muito essa música que parecia o “hino oficial” do final do ano; e continuava dizendo “quem quiser ter um amigo que me dê a mão”. Era bonito, emocionante, mas depois do efeito emotivo das festas, tudo voltava ao normal e a carruagem voltava a ser abóbora, a Cinderela continuava escrava da megera e ninguém se lembrava da paz no coração ou da mão estendida aos amigos.
           
Quantas promessas de início de ano que eu vejo e escuto de diversas pessoas com uma certeza que os grãozinhos da romã, ou as ondinhas do mar por si resolvem todos os problemas. Aí a pessoa acorda e a vida continua na mesma.
           
Essas promessas, desejos e sonhos dependem do passo que damos em direção a eles; a vida se transforma se eu der o primeiro passo. Desejos de início de ano parecem-se com a reforma da previdência que quer economizar cortando os benefícios dos aposentados, como se resolvesse o problema. Até agora ninguém falou de cortar os privilégios, mordomias e similares que são um verdadeiro deboche da classe política em relação ao povo que sempre paga a conta.
           
O ano que começa precisa nos encher de ânimo e entusiasmo. Há muitos desejos e sonhos que podem se realizar; eles começam dentro de nós, dependem de nossa decisão. Quem deseja “saúde para dar e vender”, no mínimo precisa cuidar da própria saúde; as dietas durante o ano novo devem significar não só reduzir o consumo de alimento, mas evitar o desperdício que gera a miséria, partilhar o alimento com quem fica dias e meses sem comer...
           
Há os que querem malhar para ficar com o corpinho sarado, idolatram a academia, não podem ouvir falar das “rugas”... O Papa disse que as rugas não nos enfeiam, o que nos enfeia são as “manchas” do egoísmo, da arrogância. Investem no corpo que fica bonito por fora e não tem nada por dentro. São adultos só na idade, pois a fé não lhes ilumina a vida. Ainda escutei alguém dizer que no ano novo vai começar a investir no futuro dos seus filhos. E lhes enchem de presentes, tecnologia, tablets, games, e não ensina a buscar a Deus. Quantos filhos com a vida desorientada por falta do incentivo da fé. Se os que rezam enfrentam cada “buchada” no dia a dia, imagina os que idolatram o mundo, a fama e o poder.
           
Eu não sou contra as famosas “promessas de fim de ano”, só penso que elas são esquecidas no dia primeiro de janeiro à noite. Tenho até algumas sugestões para a gente conquistar no ano novo: trabalhar a favor da Paz, desarmando as artimanhas da ira, do ódio e do preconceito. Lutar contra toda violência praticando o respeito ao pensamento do próximo, vencendo a intolerância e os rótulos.
           
Creio que ainda tem espaço para mais alguma sugestão para ser vivida no ano novo: evitemos reclamar, murmurar ou ofender. Ao invés, amemos mais, escutemos mais os irmãos, perdoemos mais, rezemos mais, ajudemos mais, sirvamos mais, participemos mais da comunidade, da cidade e da sociedade e semeemos os valores do Evangelho.

Já na próxima semana os Poderes constituídos: Suprema Corte, Senado, Câmara dos Deputados, Vereadores e Outros retomam suas atividades chamadas “normais”. O que esperar de novos Governos afogados na lama de dívidas, da colheita de desmandos dos anteriores, sem as mínimas condições de honrar com compromissos descumpridos há anos? Criatividade e competência na administração da “coisa pública”. Transparência e solidariedade de todos para com o Bem Comum e jamais individual. Chega de perguntar: “O quê vamos ganhar com isso?”. Sejamos unidos e assim neste ano que nasce novo não caberão os vícios do ano que se foi.


(Parceria com Pe. João Paulo Ferreira Ielo, Pároco da Paróquia Imaculada Conceição de Mogi Guaçu – SP)

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“O Senhor é minha luz e salvação.
O Senhor é a proteção da minha vida” (Sl 26).

            O mistério pascal, que celebramos no Terceiro Domingo do Tempo Comum, permite-nos acompanhar Jesus no início de sua missão, na Galileia e sermos chamados à conversão e à missão.
            Junto aos doentes, aos sofredores e aos mais pobres, Jesus anuncia a chegada do Reino de Deus, chama os primeiros discípulos, cura e alivia as enfermidades do povo.  Na visão de Mateus, ele realiza a profecia de Isaías, proclamada no Natal – O povo que andava nas trevas viu uma grande luz – e repetida para nós, neste domingo, na primeira leitura.
            Jesus começa sua missão entre os mais desprezados, os que são considerados pecadores. A luz que resplandeceu no Natal é para todos, não apenas para os puros, os eleitos, os melhores. Pelo contrário, a preferência de Jesus é mesmo para os que são tidos como menores. Dessa opção, nasce a espiritualidade cristã do seguimento não de uma doutrina perfeita, mas de uma pessoa e seu projeto, Jesus. Seguir Jesus é entrar em sua escola, a favor de quem se encontra na periferia do mundo, como costuma insistir nosso amado Papa Francisco.
            Na Bíblia, o mar é sinônimo do mal, da escuridão, algo caótico e forças contrárias à vida. A missão dos seguidores de Jesus é tirar as pessoas dessa situação e levá-las para a luz. O chamado de Jesus se estende até nós. Deixemos com generosidade tudo para entrar nessa caminhada.
            Seguir Jesus parece uma loucura, a loucura da cruz. Seguimento que não cria divisões, mas abraça com amor e compreensão, tudo o que é humano e que promove a dignidade de filhos e filhas de Deus. Pertencemos a Cristo que pertence a Deus. Também nós somos chamados a anunciar o evangelho sem nos determos em competições e disputas sobre quem é maior.
            Podemos nos deixar iluminar hoje também pelas palavras de ordem do Papa Francisco ao longo do Ano Santo – Jubileu da Misericórdia! Muitas vezes, ele repetiu que devemos viver a misericórdia. A misericórdia adquire o sentido amplo de “serviço”, “diálogo”, “proximidade”, “encontro”, “simplicidade” e “transparência”. Muitas vezes, ele repetiu que é preciso “sair de si” e ir para as “periferias existenciais”. Falando aos Bispos do CELAM – Comissão Episcopal Latino-Americana -, disse palavras que são programáticas para nós, para todos os cristãos, não só para os Bispos. São exigências feitas por Cristo para todos seus seguidores: “... amem a pobreza, quer a pobreza interior como liberdade diante do Senhor, quer a pobreza exterior como simplicidade de vida”.
            O projeto de Jesus, sua pregação, tem seu início oficial, na Galileia das nações, entre os mais espezinhados, maltratados, pecadores, pobres em todo o sentido. Galileia das nações, periferia social, geográfica, existencial, lugar descartável, de gente descartável, considerada estorvo ao desenvolvimento global nas análises econômicas. É lá que devemos ir, ver o Senhor e permanecer com Jesus Cristo em seu projeto de salvação e libertação total.
            Como filhos e filhas da luz, somos chamados para, continuamente, vencer, pela conversão constante, as trevas e a dureza que envolvem nossa vida e a vida dos irmãos.
            Renovando hoje seu chamado, o Senhor nos revigora com seu Espírito, pela comunhão fraterna, por sua Palavra e com o sacramento de seu Corpo e Sangue, para que, mais disponíveis, prestativos e alegres, abandonemos também “nossas redes” para sermos pescadores de gente em vista do Reino.
            Segundo a Palavra de Deus deste Terceiro Domingo do Tempo Comum, bem como a Exortação do Papa Francisco, A Alegria do Evangelho, somos convidados a tornar-nos discípulos e missionários do Senhor, seguindo em tudo, o modo de ser e de viver do Mestre. Penso que poderíamos levar de nosso Encontro, como alimento para a semana, dois pensamentos: sermos simples e humildes servidores do Reino de Deus e revestir-nos da ousada coragem profética de transformação de uma cultura do descartável, promovendo a cultura do encontro entre as pessoas, que lhes devolva a dignidade!
            Sejam todos sempre e muito abençoados. Com ternura e gratidão, meu abraço sempre amigo e fiel,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Is 8,23-9,3; Sl 26(27); 1Cor 1,10-13.17 e Mt 4,12-23).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Janeiro de 2017, pp. 64-66 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum (Janeiro de 2017), pp. 74-78.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Sabemos que Deus nos ama
e cremos no seu amor” (1Jo 4,16). 


            O Segundo Domingo do Tempo Comum liga a Festa do Batismo do Senhor ao seu ministério público na Galileia. Ainda em clima de epifania, o evangelho de João torna-se mais adequado que o evangelho de Mateus (evangelista do ano A), para iniciar a narração da vida pública de Jesus. Continua assim o mistério de sua manifestação que terá seu desfecho final na cruz.
            Ao recordar o testemunho de João Batista após o batismo no Jordão, celebramos o mistério da Páscoa de Jesus. João o reconhece e o apresenta como o Servo Fiel, o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo e que batiza no Espírito para que o mundo seja renovado.
            Nossa missão é participar da missão de Jesus que recebemos em nosso Batismo na água e no Espírito. O Espírito do Ressuscitado está sobre nós para colaborarmos com a luta contra todo pecado que ainda domina a humanidade. Não podemos fechar nossos lábios, mas levar a todos os lugares as boas novas da justiça de Deus. O reino de Deus, diz Jesus, é um Reino de Justiça. Logo, onde não há justiça de verdade, não pode haver Reino de Deus!
            Em Cristo, sofrem e salvam, morrem e ressuscitam todos os que aceitam romper com os ídolos, acabar com o medo e sair da “casa da escravidão”, porque sabem que a Palavra que os conduz não cessou de ser eficaz. Não é possível dizer-se cristão, sendo conivente com a “Cultura do Descartável”, como afirma o Papa Francisco. Não é possível dizer-se cristão, ignorando a corrupção, as barganhas políticas, levando os mais simples e pobres “no bico” com migalhas, como Bolsas daqui e dali... Precisamos criar consciência crítica e, por onde andarmos, resgatar a dignidade de cada ser humano!
            Pelo Batismo assumimos nossa missão de seguir Jesus. Isto amplia nossa missão humana. Como filhos amados do Pai, servos de Deus, nossa fidelidade consiste em nos empenharmos, de todas as formas, para tirar o pecado do mundo, lutando contra todas as espécies de morte, e proclamarmos a vitória da vida, pelo cultivo constante da reconciliação, da justiça e da paz.
            Rezamos em nossas celebrações: “Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós e dai-nos a paz.” O pecado consiste na autoafirmação do ser humano, que se encerra em seu próprio poder para colocar-se contra Deus e os irmãos. O pecado é algo que atinge o mais profundo da pessoa, pois vai desumanizando, pessoalmente, socialmente, até atingir as estruturas sociais e políticas. O pecado não se trata de uma violação de leis ou de uma ofensa a Deus, mas de uma recusa ao amor gratuito de Deus, infidelidade ao seu projeto, desprezo à sua Aliança, rejeição ao reinado do Senhor. Pecar é não aceitar que Deus quer que vivamos entre nós. Pecadores somos se formos “servidores” do nosso insignificante poder físico, intelectual, econômico, político, social e não aceitarmos servir aos irmãos e nos fecharmos a Deus a à sua graça e ao futuro último que Ele nos oferece em sua misericórdia e sabedoria.
            Deixemo-nos inundar pelo Espírito de Jesus. Como água viva, seu Espírito nos penetra, impregna e transforma nossos corações. Ele é fonte de vida nova, porque é Espírito de vida! É Espírito de verdade e não nos deixa enganar por falsas seguranças. É Espírito de amor, capaz de nos libertar da covardia e do egoísmo e nos abrir à solidariedade e a compaixão. É Espírito de conversão que nos faz viver com os critérios de Deus, suas atitudes e ternura. É Espírito de renovação, despertando o melhor que há em nós e na Igreja, levando-nos à maior fidelidade ao evangelho.
            Recordamos a vocação de toda a humanidade de realização plena. Todos somos chamados para a plenitude! Como discípula de Jesus, a comunidade cristã é chamada a irradiar a luz de Cristo em todas as situações e instâncias da vida.
            Saibamos alimentar nossa missão de transformar a realidade, comungando da Palavra e da Eucaristia, que são nosso mistério de fé, como também a fortaleza de que precisamos para mudar o que precisa ser mudado, a fim de que Deus encontre prazer e alegria em nós, seus filhos muito amados!
            Com ternura e gratidão, desejando-lhes muitas bênçãos, o abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Is 49,3.5-6; Sl 39(40); 1 Cor 1,1-3 e Jo 1,29-34).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Janeiro de 2017, pp. 49-51 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum (Janeiro de 2017), pp. 69-73.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

COMENTADO A PALAVRA DE DEUS - FESTA DA EPIFANIA DO SENHOR

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!


         A festa da Epifania celebra a manifestação de Jesus Cristo, luz e salvação de Deus, a todos os povos e nações. Jesus é o verdadeiro Messias, o rei justo, o libertador, esperado por todas as pessoas comprometidas em construir o Reino da justiça. Os sábios do Oriente representam os que se deixam guiar pela luz, pelo projeto de Deus a serviço da vida plena. Eles experimentaram uma grande alegria ao encontrarem Jesus, o rei dos judeus, e o adoram, oferecendo-lhe os seus presentes.
            As promessas das Escrituras acerca do Messias são compreendidas à luz da fé na ressurreição. Quem se deixa iluminar pela sabedoria de Deus, acolhe e reconhece Jesus como o Messias prometido, o portador da salvação a toda a humanidade. A ambição, o poder, como os de Herodes, leva a rejeitar a presença do Salvador desde o seu nascimento. A atitude dos reis, que chegam de longe para adorar o Menino, contrasta com a dos chefes de Jerusalém que tramam sua morte.
            Somos convidados a seguir o exemplo dos magos: guiados pela estrela, caminhar ao encontro do salvador da humanidade. A páscoa de Cristo se manifesta como luz na vida de todos nós que esperamos a revelação do Senhor e ansiamos por unidade, justiça e paz.
            Contemplemos nas leituras a glória do Senhor, luz que ilumina e reúne em torno de si toda a humanidade, e acolhamos com fé a manifestação do recém-nascido, nosso salvador.
            Abandonemos o desânimo e olhemos para frente com esperança, pois a glória de Deus já se manifestou sobre a humanidade. Precisamos descobrir a estrela que nos guie de forma segura ao longo do ano. Já não há povo excluído das promessas divinas, manifestadas em Jesus. Deus se manifesta a todos os povos na pessoa frágil do menino Jesus.
            O episódio dos reis magos acentua o acolhimento de Jesus e sua mensagem pelos gentios e prefigura a missão universal dos discípulos de evangelizar “todas as nações”. É um apelo bem atual para a nossa realidade. Por isso, o Ano Nacional Mariano celebrado ao longo deste ano, nos remete ao itinerário percorrido pelos magos, que nos propõe o caminho para encontrar Jesus. Ao descobrir os sinais (a estrela), eles se colocam no caminho, perguntam aos que conhecem as Escrituras, procuram até encontrá-lo e o adoram, aderindo a ele com a fé e a vida.
            O encontro com o Senhor transforma a nossa vida. Sua presença e palavra nos iluminam e nos convidam a levantar, comprometendo-nos a construir um caminho novo de libertação. Em Cristo nos tornamos discípulos e discípulas, participantes da mesma herança, do mesmo corpo, da mesma promessa de salvação. A “Epifania” do Senhor nos proporciona viver a comunhão e a fraternidade com todos os povos do universo.
            Lá na periferia, longe do palácio real, “os magos viram o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram. Em seguida, abriram seus cofres e ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra” que indicam, respectivamente, a sua realeza, divindade e incorruptibilidade.
            A estrela que leva os cristãos a Jesus nos dias atuais, é a fé recebida, como dom gratuito no dia em que mergulhados no útero da Igreja, a Pia Batismal. Adotados da sabedoria divina, nosso horizonte aponta a “estrela” que nos conduz a Jesus. Além disso, todo cristão é convidado a ser estrela a qualquer pessoa que esteja à procura de Jesus. É interessante que os Magos procuram saber o itinerário com Herodes, porque nem de longe poderiam imaginar que aquele rei não soubesse do acontecido em Belém. Enganados pelo rei invejoso, tomam caminho adverso, depois de encontrar-se com Jesus. Mesmo assim não conseguem evitar que a inveja incontrolável de Herodes mande matar todos os meninos com menos de dois anos de idade. Seria insuportável conceber um rei em seu lugar, ou então, alguém superior a ele.
            Quantas vezes, entre nós, vestimos a inveja de Herodes, degolando (com nossa língua maldosa) nossos irmãos por pura inveja?
            Há quem engane o itinerário até Jesus. São aqueles que se rogam o direito de julgar, condenar e despistar, para não dizer, enxotar as pessoas de nossas Comunidades: seja por ignorância, seja por pura inveja, esta que cheira a Herodes!
            Como seria bom e agradável ao Senhor, que a Epifania fosse mais real, sincera, sentida e comprometida em nossas Comunidades Eclesiais, Políticas e Sociais. Ainda há tempo de conversão! Sejamos a Estrela que conduza nossos irmãos a Jesus o Salvador!
            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo e fiel,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Is 60,1-6; Sl 71(72); Ef 3,2-3.5-6 e Mt 2,1-12).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Janeiro de 2017, pp. 33-36 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo do Natal (Janeiro de 2017), pp. 59-63.

EPIFANIA: MANIFESTAÇÃO DE NOVA ESPERANÇA!

Pe. Gilberto Kasper

Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo Educacional da UNIESP, Coordenador do Curso de Teologia, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.

O mês de janeiro marca o início de um Novo Ano civil. Celebra, na dinâmica das festas natalinas, no tempo de Natal, a festa da “Epifania”, palavra grega, que significa “manifestação”. Esta festa retoma o Natal de Jesus, celebrando a sua humanidade manifestada a todos os povos. Traz consigo a mística da universalidade da salvação.
            Desejamos ao Prefeito Duarte Nogueira um Governo de grandes êxitos, mesmo sabendo dos imensuráveis desafios que o aguardam. Juntamente com seu Secretariado fará um excelente Governo, que ficará na História de Ribeirão Preto, tanto quanto o ano de 2016, que manchou vergonhosamente uma página a ser virada. Virada, mas não esquecida. Seja o Poder Judiciário tão ávido em repatriar o volumoso dinheiro roubado do Povo, como foi nas liminares que apressaram Habeas Corpus com argumentos sofistas e impediram o Poder Legislativo de realizar uma última Sessão Extraordinária no entardecer do caótico Ano que passou. O Povo não quer a prisão de ninguém, mas que seja devolvido o que lhe foi furtado. Quem desviou um centavo dos cofres públicos não só incorreu em improbidade administrativa, falta de decoro parlamentar, mas é conivente com a cruel forma de morrer de tantos munícipes e brasileiros, por simples falta de atendimento básico. Os que forem julgados culpados, e esperamos que esses processos não se alonguem, são além de ladrões institucionalizados, assassinos de muitas vidas ceifadas por conta da ganância de um grupo que passou oito anos aprovando os desmandos e incompetência de um Governo, até porque usufruiu de enriquecimento ilícito e tão bandido como bandido são os traficantes de drogas e armas deste País sem rumo.  Desta forma, todas as pessoas de boa vontade, especialmente Cidadãos e Poderes constituídos e eleitos para governar-nos nestes próximos quatro anos, seja o Prefeito Municipal com suas Secretarias, seja os nobres Vereadores que já ocupam seu espaço na Casa de Leis, deverão ser sinal da universalidade, da Epifania: Manifestação de Nova Esperança!
            Na periferia, longe do palácio real, “os magos viram o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram. Em seguida, abriram seus cofres e ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra” que indicam, respectivamente, a sua realeza, divindade e incorruptibilidade (cf. Mt 2,11).

A Epifania: Manifestação de Nova Esperança proporcione aos Servidores Eleitos viver a comunhão e a fraternidade com todos os cidadãos que remetem suas esperanças no coração de cada um. Oxalá, os Eleitos saibam sentirem-se Servos e não “Donos” de um Povo desencantado e carente de nova Esperança, novo Ânimo e novas Perspectivas de Vida. Saibamos, como cidadãos, exercer nossos direitos e manifestar a consciência de nossas responsabilidades. Sejam nossas Cidades zelosamente acariciadas pelo Bem Comum e jamais por interesses particulares. Saibamos todos juntos: Servidores e Povo esforçar-nos por melhor qualidade de vida e maior dignidade humana!